O que dizer e fazer, num conflito provocado ou originado num caso, de um importador italiano de frutas frescas, que socorra-se de um trader profissional com larga experiência e alta formação, português, mas radicado no Brasil, para localizar um fornecimento seguro e confiável para compra de laranjas da variedade cultivar Valência, que naquele momento é produzida e proveniente do Egipto, durante as entressafras internacionais em outras regiões do globo?
Este italiano, ao efetuar a primeira compra para estabelecimento de um programa de embarques marítimos semanal de fornecimentos àquele mercado importador, posteriormente ao primeiro trial order, não pagou o correspondente comissionamento devido pelo serviço do agente internacional, alegando má qualidade da fruta no fornecimento do exportador, mas manteve dissimuladamente a continuação dos carregamentos.
A partir daí desenvolveu negócios diretamente com a parte dita incapaz, para que exima-se ou omita-se uma obrigação do pagamento de honorários ao expert consultor dos mercados internacionais, em benefício próprio e do aumento da escala de lucros com o negócio daquela rara commodity. Não pagar o correspondente honorário a quem lhe proporcionou o serviço da boa informação comercial científica e privilegiada de negócio, gera prejuízos diretos e indiretos, ao terceiro estado envolvido, neste fluxo de comércio internacional que foi positivamente concretizado.
A criação de um mecanismo ou sistema de segurança profissional internacional, reduziria em muito, o tamanho de problemas económicos que possam se formar sorrateiramente, mas que apenas seriam identificáveis nas entranhas menores, d'um mercado global. Inevitavelmente, ter-se-ia um quadro também mais amplo e claro, sobre os comportamentos desviantes de maus profissionais ou amadores desonestos, comportamentos estes que tanto interferem nos mercados, distorcendo os resultados finais e incrementando prejuízos da economia transversal.
Governos populistas, geralmente estarão envolvidos em lobby internacional, quando políticos aventureiros e despreparados para estes níveis da gestão internacional, até mesmo por dificuldades com o idioma intermedeiam, desde funções públicas incompatíveis à negócios internacionais de empresas públicas ou também privadas.
Não vamos longe para observar esse caso, uma vez que a maior corrupção internacional jamais vista segundo as notícias internacionais, ocorreu na empresa brasileira de capital misto, público e privado, de Petróleo. Suas subsidiárias e os parceiros comerciais privados, claramente dá indícios de ser um caso típico destes. Compras de leis tributárias específicas para favorecimento cartelista ou monopolista; regulamentação excessiva com fins de exclusão dos especialistas capacitados para as atividades internacionais; redução de meritocracia e produtividade profissional; comissionamentos e subornos indevidos, depositados em contas de países de política fraca ou incipiente força democrática; são práticas comuns que levantam muitas dúvidas e suspeitas, aos olhos mais treinados. A Diplomacia Económica tem aí, um campo vasto de trabalho que pode orientar, com muito esmero.
Vem ainda à baila, a Moral e a Ética diplomáticas que, por este intermédio podem ser disseminadas e difundidas de acordo com o exemplo de medidas objectivas e respeitáveis, que um preparado corpo diplomático, com experiência multicultural e comportamental, poderia orientar e equilibrar durante estes conflitos, muitas vezes xenofóbicos ou nacionalistas. Quiçá governos populistas como já anteriormente comentado, merecem que seus atos tenham uma repercussão internacional exemplar para trazê-los à luz, de uma zona-cinzenta e de uma economia de mercado paralela, que apenas tem como resultado final um maior custo pago pelo consumidor internacional.
Dessa forma, a margem elástica dos preços, é suprimida do mercado e armazenada privadamente, em forma de terrorismo, emprego infantil, violência, guerras, subornos, que tanto o livre comércio tenta combater para poder ordenar e progredir com as nações.
Deveriam sim, apenas instruir e estabelecer condições para que os agentes de mercados internacionais disputem competitivamente, num ámbito de preços Delivery Duty Paid to (DDP)1 por exemplo. As origens, o conceito e o objetivo do capitalismo moderno, por vezes é combatido equivocadamente por esquerdas e até mesmo direitas extremistas, por parecer não seguir na prática estes princípios.
Aproveitam-se da desinformação e ignorância popular internacional sobre estes temas, para insistir em privilégios que dificultam a livre concorrência. Novamente, as boas práticas progressistas e desenvolvimentistas da globalização, que o processo inicial de livre circulação de alunos e professores nestes blocos económicos proporcionou, dissemina teorias e práticas internacionais de sucesso, principalmente nas áreas de atuação humana e voltariam a ser tema de atenção e responsabilidade das diplomacias, principalmente nas vertentes económica e comercial.
Dia 27 de abril de 2018 os líderes das Coréias do Sul e do Norte encontraram-se oficialmente na fronteira, com seus respetivos representantes de governo demonstrando interesse em uma provável reunificação económica e abertura de mercado entre si. Cada qual com seus “padrinhos” económicos internacionais, sendo um os EUA que permite e mantém a segurança para o fluxo e o transporte marítimo, contra riscos de pirataria e, o outro a China, que através da sua gigante ferrovia transcontinental One Belt One Road, ligará os novos mercados consumidores da região, ao resto do mundo, numa Reorientação da Nova Rota da Seda.
O capitalismo então parece reapresentar-se moderno e com uma nova roupagem socialista, que a globalização de mercado permitiu e acabou transformando em sistema híbrido, aproveitando-se das melhores características de cada sistema económico e, modelos políticos.
A “descortina de ferro” socialista de finais dos anos 80, proporcionou um novo futuro, iniciado pela diplomacia dos descobrimentos, ultrapassado pela globalização e, a ser edificada pelas experiências históricas de ocidentais e orientais pela boa convivência, a despeito dos insatisfeitos. A Diplomacia Económica parece estar assumindo um papel preponderante na modernidade e, torna-se o assunto principal actualmente, enquanto observamos o combate do populismo e do nacionalismo, em renegar o que a própria evolução humana criou, naturalmente.
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