Colocar um filho no mundo requer muitas responsabilidades, dentre elas a tarefa obrigatória de orientá-lo na transição para a vida adulta. Mas como saber se está fazendo as escolhas certas? Talvez os pais de hoje tenham muito mais ajuda do que aqueles que criaram seus filhos em décadas anteriores. Afinal, é indiscutível a quantidade de recursos disponíveis, como livros, vídeos especializados, podcasts e profissionais que falam sobre criação de filhos, abordando o que seria certo e errado de se fazer. No entanto, isso não garante que o resultado desse trabalho será bem-sucedido.
Confesso que, sendo mãe de um menino de 7 anos, nesta era em que tudo muda em poucos minutos, é preciso estar comprometida com essa criação para tentar fazer um bom trabalho. A quantidade de informações que temos, muitas vezes mais atrapalha do que ajuda, pelo menos para mim.
Se você deseja ser pai ou mãe, ou tem um filho que ainda está na fase de aprender com você, é fundamental refletir sobre o tipo de ser humano que deseja lançar para o mundo. Afinal, há algo mais admirável do que um adulto maduro?
O perigo reside em pais superprotetores que, movidos pelo amor, fazem tudo por seus filhos, privando-os de experiências simples do dia a dia que os ajudam a se tornarem pessoas independentes.
Confesso que já fiz isso inúmeras vezes com meu filho. Às vezes, estamos apenas cansados e queremos dar fim àqueles brinquedos espalhados pela sala, ou que o banho seja rápido e não vire uma brincadeira que demora mais de 40 minutos.
Eu e a maioria dos pais sabemos que é preciso deixar que eles escolham suas roupas, se troquem, guardem seus brinquedos. Uma criança vai demorar um bom tempo para realizar essas tarefas, algo que um adulto faria em segundos. Mas ao tirarmos esses pequenos feitos, estamos também tirando a oportunidade de aprenderem a se tornar independentes.
Essas pequenas privações durante a infância se tornam visíveis lá na frente quando precisam se mudar de cidade para ir estudar, trabalhar ou mesmo sair da casa dos pais e percebem que não sabem o mínimo para sobreviver.
Adultos incapazes de tarefas simples, como elaborar uma lista de supermercado ou distinguir produtos de limpeza, são sintomas de uma criação que pode ter sido excessivamente assistencialista. Se você é pai ou pretende ser, crie essa criança para o mundo. Incentive a responsabilidade desde cedo, pois adultos que não conseguem realizar tarefas básicas podem enfrentar dificuldades ao tentar construir suas histórias de forma independente.
Deixe que seus filhos experimentem, errem e aprendam com as consequências. Sempre haverá um deslize ou outro, afinal, somos assim, cheios de falhas, mas o importante é sabermos o que é preciso ser feito e nos esforçarmos para conseguir na maior parte do tempo. Encoraje a independência, permita que seu filho assuma responsabilidades de acordo com sua idade e maturidade para lidar com tal situação. Não é garantia de que se tornarão pessoas incríveis, profissionais renomados, mas será um passo essencial na formação de adultos capazes e conscientes.
Ser adulto pode parecer fora de moda em uma sociedade que muitas vezes valoriza a juventude prolongada. No entanto, quando se aventuram no mundo real e percebem que não há ninguém para cuidar de suas necessidades diárias, surge a verdadeira oportunidade de amadurecer.
Ao reconhecer a importância de assumir responsabilidades, enfrentar as consequências das escolhas e desenvolver a consciência de si mesmo, essa criança, agora um jovem adulto, estará no caminho para se tornar um ser independente e, acima de tudo, maduro. E qual pai não deseja vivenciar esse momento e ver seu trabalho bem-sucedido?