Uma das formas de definir a depressão, pelo senso comum é o estado de tristeza profunda e forte sentimento de desesperança que acomete uma pessoa por um período prolongado de tempo. Diferindo da tristeza, que tem seu tempo limitado e normalmente tem causas específicas, a depressão pode surgir sem causas aparentes, podendo estar relacionada a fatores genéticos, traumas de infância, alterações bruscas na vida e a própria bioquímica cerebral. Segundo a OMS as mulheres têm ainda uma predisposição maior para doença por conta das alterações hormonais pelas quais passam ao longo dos anos. Atualmente atinge mais de 350 milhões de pessoas ao redor mundo e é uma das doenças mais incapacitantes existentes.

Quem não sofre com o problema normalmente não consegue entender como se sente a pessoa afetada. Mas, de forma elucidadora, eu citaria uma mensagem que circula pela internet que é mais ou menos assim: Duas pessoas conversando e uma pergunta para a outra:

Como você pode ter depressão? A vida é tão boa. E a pessoa questionada responde: - Como você pode ter asma? Existe tanto ar.

Quando se fala em doenças psiquiátricas, ainda existe um enorme véu de preconceito associado as mesmas, inclusive pela própria pessoa acometida pela doença, o que dificulta e delonga ainda mais a procura por ajuda. O diagnóstico é estritamente clínico, não existem exames laboratoriais que possam detectá-la. No entanto, existem diversos sintomas associados e é importante que tanto a pessoa quanto a família estejam atentos aos sinais. Além do tratamento médico que pode incluir ou não o uso de remédios para regular funções físicas, normalmente a terapia também é indicada. Sendo este, muitas vezes, outro obstáculo na busca por ajuda, visto as limitações financeiras que atingem inúmeras famílias.

Contudo, a vida de uma pessoa deprimida é algo extremamente complexo e difícil. Principalmente para ela, mas também para aqueles com as quais convive. Uma gangorra sentimental, uma luta constante para estar bem, seja por ela mesma, ou pelas imposições que sofre perante os outros, afinal: “Reaja! Como você pode estar triste?”, uma das frases mais ditas pelos próprios familiares e amigos. Palavras que geram ainda mais autoquestionamento e autocobrança, mas que de nada auxiliam no processo de cura. Sendo apenas causadoras de um sentimento constante de culpa. Porque se a vida é assim tão boa e colorida como os outros dizem, e a pessoa deprimida a enxerga quase sempre em preto e branco, o problema só pode ser dela, por ser sempre tão “ingrata” perante tudo que a vida lhe oferece, não é mesmo?

Mas a resposta é não! Ninguém escolhe ter depressão, ninguém escolhe ter um sentimento tão profundo de tristeza e desesperança que a deixa completamente sem ação. Muitas vezes inerte sobre uma cama. Um problema que afeta seu cotidiano, seus relacionamentos pessoais e profissionais, seu corpo e sua mente. Dificuldades com o sono, seja pelo excesso ou pela falta do mesmo, trazendo um desregulamento constante, fadiga, dores de cabeça e pelo corpo, alterações no apetite, apatia, perda da libido, falta de concentração, perda de memória, pensamentos suicidas, seja pela falta de esperança na vida e no futuro ou como forma de não ser mais um peso aos seus familiares.

A OMS classifica a depressão como sendo: um problema médico grave e altamente prevalente na população em geral. De acordo com estudo epidemiológico a prevalência da depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%.

A doença é dividida em subtipos, que só podem ser determinados de acordo com os sintomas e histórico do paciente, por isso a necessidade de acompanhamento profissional. Tende ainda a ser um problema crônico e recorrente se não tratada.

A boa notícia é que de acordo com o a Organização Mundial da Saúde, com tratamento antidepressivo as chances de remissão total da doença são de 90-95%. Contudo a interrupção do tratamento por conta própria pode gerar a cronificação do problema.

O ponto mais importante refere-se à qualidade de vida! Quem sofre com o problema tem o seu bem-estar diretamente comprometido, nas mais diversas esferas. Por isso, a importância da conscientização sobre a gravidade deste mal e a necessidade de exercitar a empatia. Mesmo que você não o entenda, saiba que a pessoa afetada já passa por dificuldades extremas por ela mesma e não necessita da postura penosa ou acusadora dos outros. Além disso, infelizmente, ninguém está imune ao problema, que pode afetar pessoas de qualquer idade e classe social.

A depressão é uma doença. Ninguém escolhe viver doente.