Desde os primórdios das independências africanas, as eleições no seu todo sempre foram marcadas por fragilidades no que se refere ao sistema eleitoral, o que sempre contribuiu para o alicerce da desconfiança de que os resultados que vem destas eleições eram manipulados de forma fraudulenta para prejudicar a democracia e a oposição para que estes não governassem.
Este ciclo de fraudes pela África foi ganhando espaço e acabou por fragilizar e descredibilizar todo o sistema eleitoral e as instituições de gestão dos processos eleitorais, bem como as instâncias de resolução dos conflitos pós eleitoral por estarem ligadas ao partido no poder ou ao seu serviço.
Estes factos conduziram para que até hoje houvesse a instabilidade democrática em África, o que levou à criação, ou o surgimento, de grupos armados dentro da democracia, para conseguir fazer valer seus interesses por via da força, já que por via eleitoral ou democrática não era possível. Os partidos libertadores ou no poder, também para se manter no poder (mesmo contra a democracia), o faziam pelo recurso da força e o uso das armas.
Por este lado de África, as eleições só servem para fazer agenda ou cumprir o calendário e fingir democracia pois, no fundo a oposição e o povo sabem que as eleições nunca resolvem seus problemas de pseudo-democracia, os partidos no poder usam o seu poder das armas para sustentar e fundamentar sua presença no poder, intimidando qualquer tentativa de questionamento de sua autoridade ou legitimidade, é assim que por algumas partes de África nasceu a ditadura, que até então impera ao custo da força e das armas.
Os partidos no poder têm sempre em consonância de que só eles sabem governar, e os outros não deixando de lado a ideia de que não se nasce governando, mas sim aprende-se a governar. Enquanto essa ideologia dos únicos que governam prevalecer, a África vai sucumbir com golpes de estado constantes e uma instabilidade politica perpétua. Há uma necessidade de se evoluir para um sistema eleitoral moderno que possa garantir transparência dos resultados eleitorais escrutinados e apresentados, é necessário a criação de uma administração eleitoral independente dos partidos políticos que governam para que esta possa funcionar à custo de seu orçamento e leis próprias, pois as leis eleitorais actuais já não respondem aos problemas vigentes.
O posicionamento dos observadores eleitorais, sejam internos ou externos, devem sempre pautar por uma conduta de transparência e de imparcialidade, para permitir que a democracia e a estabilidade politica não seja beliscada, pois, de contrário, teremos sempre a instabilidade à porta, e a todo momentos estaremos envolvidos em conflitos e reuniões intermináveis buscando soluções de paz e estabilidade.
O poder e ganância cegaram as lideranças africanas, que já não estão preocupadas com a democracia e paz no continente, os líderes africanos, pelo tempo que tem no poder e pela experiencia, era suposto perceberem que o tempo mudou, e precisam também mudar para poderem estar ao mesmo ritmo dos tempos modernos e de uma nação mais jovem e mais exigente. É tempo de experimentar novos estilos de lideranças, e entender que a democracia e a paz não devem ser considerados como simples conceitos, mas como uma realidade efectiva que não deve ser posta em causa sob qualquer pretexto ou alegacão que seja.
É momento de reflexão sobre a África que se deseja. África deve ser uma escola de democracia para o povo, ensinar o povo amar a democracia, este deve ser o princípio ética por parte das lideranças, as lideranças africanas a si próprias não se educaram para a democracia, razão pela qual o continente africano é sempre um palco de conflitos a todo instante.
A solução está mãos dos lideres africanos para uma mudança qualitativa e quantitativa rumo a uma África desenvolvida e livre dos golpes de estado, conflitos internos, crise de democracia. Os partidos no poder devem aprender a partilhar a governação da coisa pública, pois, só assim acabarão os conflitos políticos pós eleitorais.