O Projecto Sustenta foi lançado pela primeira vez em 2017, para ser implementado em dez distritos das províncias de Nampula e Zambézia com o objetivo de integrar os camponeses a cadeias de valor de produção agrícola.
O Sustenta é um programa nacional de integração da agricultura familiar em cadeias de valor produtivas, que tem como o objectivo melhorar a qualidade de vida dos agregados familiares rurais através da promoção de agricultura sustentável social, económica e ambiental. As ações do sustenta estão em conformidade com as cinco grandes prioridades de orientação do ministério de agricultura e desenvolvimento rural: segurança alimentar, rendimento familiar, emprego, inclusão social e produção e produtividade. O projecto Sustenta era visto como uma luz no fundo para os camponeses e sociedade no geral, visto que, o país desde a independência é dependente da importação de algumas hortícolas, entre outros produtos agrícolas.
O projecto foi bem desenhado com assessorias estrangeiras e nacionais com o intuito de alavancar a nossa pobre agricultura, pois, o que demais se tem nesse país é uma riqueza infinita de terras férteis para a prática da agricultura.
Um capítulo que sempre intrigou os estudiosos e especialistas em agronomia, é como é possível sermos dependentes do exterior se temos essas terras com capacidade para a produção. O projecto recebeu patrocínios a todos níveis para a aquisição de máquinas agrícolas e insumos, capacitação de extensionistas para auxiliar os camponeses no manuseio dos instrumentos agrícolas e seus insumos, pelas províncias fez-se o lançamento do projecto contemplando os camponeses com máquinas e insumos agrícolas tudo aos olhos da imprensa. Mas no fundo tratava-se de uma agricultura fantasma que soprava os dólares ocidentais na surdina criando-se assim um “saco azul” que em outras palavras pode-se considerar a “maior mafia agronómica” de todos os tempos no campo agrícola no país.
Esse projecto na essência serviu de veiculo para ter acesso ao financiamento exterior a custo de uma agricultura fantasma. Passa o tempo e o país continua dependente da importação de alguns produtos agrícolas, o projecto Sustenta fundamentou uma falsidade ideológica de uma agricultura moderna revolucionária que encheu os olhos do camponês, e a custo disso este projecto criou novos milionários e uma ilha de ricos. O projecto sustenta afundou nos moldes de sua criação causando espanto da sociedade que via nele um passo dado rumo a eliminação da dependência externa na importação de produtos agrícolas.
O projecto Sustenta causou um grande impacto de dimensão nacional, tanto que a terra se assustou, mas não passou de uma quimera que iludiu as mentes humanas sob pretexto de desenvolvimento sustentável. Se calhar, o país e terra não precisavam de tanto investimento financeiro, assim a uma escala menor e com os poucos recursos financeiros que o país detém poderia ter sido feito uma gestão mais sustentável para que, gradualmente, o país pudesse sair da dependência nas importações dos produtos agrícolas.
Agora ir buscar um investimento financeiro tão estrondoso que só contribuiu para arrastar o país a mais uma divida externa (de tantas já existentes que não se consegue saldar), enfim só ficaram lembranças do projecto Sustenta que não precisava de tanta robustez financeira, houveram muitos excessos neste projecto que deixam grandes lições e aprendizado, afinal de contas, em que tipo de agricultura o pais precisa investir na actualidade? Quais são as nossas prioridades no campo agrícola? De que tipo de produtos somos dependentes nas importações?
Numa primeira fase, vamos só focar-nos no investimento financeiro agrícola para a produção dos produtos de que somos mais dependentes nas importações; vamos capacitar e acompanhar os nossos camponeses; vamos acompanhar o crescimento da produção e aos poucos vamos investir mais. Entretanto, não era preciso um investimento financeiro gigantesco agrícola na escala industrial para um país sem indústrias de processamento, e de mercados de consumo de grande escala.