No começo de 2023 eu coloquei como objetivo ir à Bienal do Livro. O evento acontece em anos alternados entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Eu cresci no Espírito Santo e por isso não tenho as lembranças que muitos paulistas e cariocas têm de frequentar a Bienal com a escola e iniciar sua vida de leitor ali.

Já estive em algumas feiras e eventos de livro ao longo dos 28 anos de vida, mas nunca em uma Bienal.

Por algum motivo, um salve aos algoritmos, as informações da edição de 2023 apareceram para mim, pelas redes sociais.

Decidi que eu gostaria de ir e convidei uma amiga.

O evento durou 10 dias. Aconteceu do dia 1 ao dia 10 de setembro, no Riocentro, Rio de Janeiro.

Fomos em apenas dois dias, já no último final de semana, e a experiência foi incrível, acolhedora e me proporcionou grandes reflexões sobre a literatura que transborda os livros.

Mais de 600 mil pessoas visitaram a Bienal ao longo dos dias de evento junto comigo. Foram mais de 5,5 milhões de livros vendidos – uma média de 9 livros por pessoa – e quase 500 editoras participaram do evento.

Ao entrar na Bienal, os visitantes foram apresentados a uma estrutura completa (e complexa) de exposição, painéis e ativações.

Três pavilhões comportaram praça de alimentação, banheiros, pronto atendimento, diferentes espaços reservados para os painéis e estandes das editoras.

Companhia das Letras, Intrínseca, Rocco, Globo, HarperCollins, Sextante, Editorial Record e outras tantas gigantes do mercado estiveram presente com grandes estruturas, ativações de seus principais títulos e descontos (nem tão grandes assim).

Durante o evento, a redução no valor dos livros não recebeu destaque como atração principal. Muitos tinham algum pequeno desconto, alguns poucos um enorme desconto e a maioria apresentava o mesmo preço das livrarias e lojas de varejo.

Os painéis foram grandes protagonistas desta edição que comemorou os 40 anos do evento. Foram 300 convidados, dentre eles autores nacionais e internacionais, e mais de 200 horas de programação.

A 21ª Edição da Bienal do Livro no Rio de Janeiro recebeu nomes como Conceição Evaristo, Carla Madeira, Winnie Bueno, Mauricio de Sousa, Julia Quinn, Valter Hugo Mãe, Pedro Pacífico, Lynn Painter, Jeferson Tenório e muitos outros grandes nomes da literatura nacional e internacional para sessão de autógrafos, cafés literários, palestras, discussões, performances e monólogos.

Para participar das sessões oficiais da programação, um sistema de retirada de senhas foi estabelecido. Uma hora antes do painel, aqueles que tinham interesse em assisti-lo deveriam ficar na fila para retirar suas senhas e então entrar na sessão.

O sistema beneficiou a organização e a distribuição de pessoas nos espaços, mas prejudicou quem quis assistir mais de uma programação em horários próximos.

Iniciativas

Mais de 13,5 milhões de reais foram investidos pelas secretarias de educação municipais e estadual para levar crianças da rede pública de educação ao evento.

Cem mil alunos estiveram na Bienal com a escola e tiveram a oportunidade de participar da programação e comprar livros. Cada estudante da rede municipal recebeu um voucher de R$50,00, enquanto cada estudante da rede estadual recebeu um voucher no valor de R$100,00.

Para além das iniciativas públicas de educação, o evento chamou atenção pelo público diverso. Vi rostos que realmente representam um Brasil multifacetado comprando livros e participando ativamente, como autor e ouvinte, de um evento como este.

A minha profissão me ensinou a escrever, escrever me ensinou a ler. Para muitos, essa ordem é inversa. Mas, como jornalista, foi assim que os livros tomaram um espaço maior na minha vida.

Livros me intrigam pela capacidade de mergulhar na complexidade humana, explorar territórios por nós desconhecidos e desafiar a perspectiva múltipla das nossas expectativas de vida.

Ver a Bienal tão cheia e com tantas pessoas apaixonadas por leitura foi relembrar da Giovanna de 14 anos que não via a hora de chegar em casa da escola para conhecer novos personagens e da Giovanna de 20 que, com a descoberta dos clássicos, pôde conhecer mais de si mesma.

A Bienal acontece, alternadamente, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A próxima edição será na Terra da Garoa e para quem se interessar, algumas dicas para aproveitar o evento ao máximo.

  • Se você não for da cidade, reserve uma estadia com antecedência e próxima ao local do evento, o trânsito perto da Bienal é congestionado e o acesso de carro fica bem mais complicado;
  • Se a sua intenção for comprar livros, não vá esperando ótimos preços. Uma dica que me ajudou a economizar foi comparar o preço do livro que eu me interessava na Bienal com os preços do aplicativo da Amazon pelo celular, só comprava se estivesse mais barato. Em muitos casos, o preço da Bienal estava inclusive maior do que o da varejista;
  • Confira a programação antes da Bienal, saiba quais painéis e artistas gostaria de ver e considere o tempo de fila para conseguir cada um dos acessos;
  • Perto das sessões de autógrafo, você vai encontrar os livros dos autores participantes. Não deixe para comprar ali. Pesquise os preços nos estandes das editoras, costumam ter mais de 15/20 reais de diferença.