No dia 8 de janeiro de 2023, o país foi surpreendido por uma invasão à Praça dos Três Poderes, feita por apoiadores do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Esses apoiadores, desde 2022, estavam acampados na frente de quartéis generais por todo Brasil exigindo intervenção militar no país. Além disso, havia uma movimentação nas redes sociais organizando o ato do dia 8 de janeiro. Neste dia cerca de 4 mil pessoas desembarcaram em Brasília, na esperança de que esse ato pudesse reverter a eleição de 2022. Um fator muito importante para a realização desse ato foram as fake News, propagadas tanto por bolsonaristas quanto pelo ex-presidente. Jair Bolsonaro promoveu diversas notícias falsas durante seu mandato, como o “kit gay” que seria distribuído nas escolas, ou alegando que a COVID-19 era apenas uma gripezinha, dentre outras. Muitas (senão todas) utilizadas como estratégia política.
Além da força das fake News, o que também ajudou nesse processo foi o antipetismo que está presente no país e veio ganhando força a partir da candidatura de Bolsonaro. O ex-presidente defende ideias que vão ao encontro do período ditatorial, enquanto os ideais do Partido dos Trabalhadores (PT) vão em direção oposta. Esse episódio é um exemplo da violência que o bolsonarismo representa, algo que, na verdade, nunca esteve mascarado. Desde sua candidatura, Bolsonaro defendeu o porte de armas, disse que o ECA tem que ser rasgado, além de agir com desprezo em relação à pandemia de COVID-19.
Outro episódio muito polêmico foi o caso do podcaster Monark, no Flow Podcast, onde ele era um dos apresentadores. Em 2022, durante uma entrevista com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), o apresentador do programa defendeu a existência de partidos nazistas e disse que se um cara quiser ser antijudeu, eu acho que ele tem o direito de ser (sic). Logo após a enorme repercussão, Monark foi retirado do podcast e suas redes sociais foram bloqueadas. Além disso, o podcast perdeu todas as suas parcerias com patrocinadores.
Alguns fãs e o próprio apresentador se surpreenderam com a repercussão do episódio, e, tanto eles, como os bolsonaristas que participaram do ato, defenderam seus episódios como “liberdade de expressão”. Mas precisamos nos perguntar: qual o limite da liberdade de expressão? Fazendo uma rápida pesquisa no site do Senado Brasileiro, encontramos a seguinte frase: Discursos de ódio que incitem violência e preconceito contra grupos, indivíduos ou instituições não são protegidos pelo direito à liberdade de expressão e, segundo a Defensoria Pública do Estado do Paraná: O limite do direito de liberdade de expressão se dá quando, sob essa pretensa liberdade, atinge-se a honra, a dignidade ou mesmo a democracia. Portanto, é inegável que ambos os episódios não caracterizam liberdade de expressão, pois (1) o dia 8 de janeiro foi marcado por um ato antidemocrático contando não apenas com a invasão ao Congresso, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas também com a depredação do patrimônio; e (2) que a fala do Monark foi contra os direitos humanos além de fazer referência direta a um período muito delicado no qual os judeus foram perseguidos e mortos pelos soldados alemães liderados por Hitler.
A liberdade de expressão faz parte do regime democrático, porém com certos limites. Podemos entendê-la como o direito de manifestar opiniões e ideias praticamente sem obstáculos, não sendo permitido ultrapassar os direitos do próximo ou oprimi-lo, portanto, devemos nos expressar sem incitar a violência em todas as suas formas. É necessário repensar esse tópico e avaliar como podemos definir qual o limite dessa “liberdade”, além da urgência em educar e direcionar as pessoas para uma sociedade não violenta.