Percebo que, cada vez mais, os jovens estão se esquecendo de si e acabam priorizando outras coisas do que aquilo que as fazem felizes.
Quem sou eu? Essa é uma pergunta que muitas pessoas fazem, mas não sabem como respondê-la. Afinal, por que temos tanta dificuldade de saber a nossa identidade? E quando sentimos que perdemos essa identidade, a gente tenta retornar para aquilo que nós nem mesmo sabemos?
Como é retratado na música de Milton Nascimento Caçador de Mim:
Vou descobrir o que me faz sentir Eu, caçador de mim.
O que precisamos caçar dentro de nós? Por que estamos esquecendo de nós mesmos e perdendo tempo caçando o externo?
Eu faço esses questionamentos todos os dias. Não sei se é uma necessidade da alma ou algo assim, porém acredito que é extremamente importante conhecer aquilo que nós esquecemos por um tempo.
Esquecendo do que me faz feliz, daquilo que me faz sentir viva, jogando meu tempo fora nas redes sociais, me encontrando com pessoas que não tem nada a ver comigo, tirando fotos para dizer aos outros que estou “feliz”.
Eu me impressiono em quantos jovens não sabem o que fazer com a vida deles, mesmo que, no fundo, tenham conhecimento dentro deles, mas não manifestam essa linda e maravilhosa essência.
Acredito que isso causa o esquecimento de si mesmo. Até porque eles não querem lembrar daquilo que é dolorido, cheio de falhas, erros passados. Mas será que nossa identidade é somente composta por isso? Será que o que realmente estamos tentando esquecer são as nossas dores, nossas lutas e nossos sofrimentos? Encarar tudo isso é muito difícil. Mas será que é tão sofrido a ponto de esquecermos quem nós somos de verdade e começamos a imitar um personagem para atuar diante dos outros?
Pagamos um preço muito alto ao fazer essa escolha, mas não podemos mentir para nós mesmos, pois a verdade sempre vai acabar se revelando. A verdadeira essência se manifesta de forma negativa a fim de acabar com a atuação de diferentes maneiras, como por exemplo: ansiedade, angústia, choro, descontrole emocional, sentir que está se traindo escolhendo coisas que você sabe que não são legais para ti!
E ainda tem o maior sinal: o vazio existencial. É nele que os jovens tentam preencher com redes sociais, jogos, bebidas, namoro desenfreado, amizades incoerentes com eles.
Sabendo disso, a questão aqui é que há uma distorção psicológica na qual nós pensamos que somos esse vazio. Acreditamos fielmente que somos esse estado temporário. Com essa identificação errada, a gente quer resolver esse conflito interno por meio do esquecimento de si mesmo, pois achamos que esse vazio é a nossa identidade.
Então, faz sentido que a minha geração venha esquecendo dela mesma. Até porque não queremos lembrar daquilo que dói tanto no peito. Mas por que simplesmente não deixamos de lado esse personagem que se identifica com o buraco negro interno e vivemos do nosso jeito que nos deixam felizes?
E a resposta que eu dou é a seguinte: quanto tempo você estará atuando? 4, 10, 20, 50,70 anos? O script é tão mais seguro de seguir do que sair dele? Então estamos condenados a viver assim?
Só de ter a consciência de que isso está acontecendo já é uma grande liberdade. A próxima questão é como sair dessa peça. Sem olhar para dentro de si, não há como escapar. É necessário mergulhar para nós e se perguntar:
- Esses sentimentos estão querendo me dizer o que?
- O que está acontecendo em minha vida e me nego a resolver?
- Por que preciso fingir quem eu sou de verdade para os outros?
- O que eu estou buscando no externo que estou tentando preencher em mim?
Como disse no começo, os jovens estão se esquecendo de si e acabam priorizando outras coisas do que aquilo que as fazem felizes. Para passar por isso, é necessário o autoconhecimento, inclusive essas perguntas acima é um começo muito bom para isso.
Por isso lhe convido a sair daqui com essa chave que está em você! Que você consiga encontrar o melhor caminho para ti.