Conheço dezenas de países ao redor do mundo. Os responsáveis por isso: o jornalismo e a paixão dos meus pais por viagens. Eles me ensinaram a ser cidadã do mundo antes mesmo de eu ser correspondente internacional.
Londres é meu porto e faz com que o mundo seja uma espécie de playground. Daqui eu parto para conhecer outras culturas, provar sabores, ouvir idiomas, sonoridades e ter experiências únicas com personagens inesquecíveis.
Como jornalista viajo há mais de 26 anos sem muita escolha, vou para onde me enviarem, e são nesses meus raros dias “de folga” que escolho cidades que me atraem e viro “turista”, se é que um jornalista consegue ser “apenas” turista em algum lugar?
Há alguns meses fui finalmente conhecer a encantadora Verona, no norte da Itália, com uma rica história que remonta ao Império Romano, local de ruas estreitas e de uma das mais incríveis histórias de amor: a de Romeu e Julieta, contada por William Shakespeare no final do século XVI.
As duas principais famílias - os Montecchios e os Capuletos - eram figuras históricas do passado da cidade que mantinham rixas entre si. Embora a história seja fictícia, a cidade abraçou sua associação com Romeu e Julieta e tem muitos locais com o nome deles, como a Casa de Julieta e a Casa de Romeu. Diz a lenda que quem tocar num dos seios da estátua de Julieta terá “sorte” no amor. Outra curiosidade é que não há relatos de viagens de Shakespeare para outros países fora do Reino Unido. Pesquisadores acreditam que a Itália tenha inspirado o escritor inglês através de materiais impressos.
Incrível como o escritor inglês descreve a cidade de Romeu e Julieta, seus moradores, as rivalidades na sociedade daquela época, amor e ódio, sem nunca ter caminhado pelas ruas italianas.
A cidade viveu eventos históricos significativos ao longo dos anos. Durante os tempos medievais, era uma importante cidade-estado. Sua localização estratégica ao longo do rio Adige permitiu que ela se tornasse um próspero centro comercial e isso a ajudou a crescer cultural e economicamente. Ao longo dos séculos, passou de uma dinastia para outra, incluindo a família Scaligeri, que desempenhou um papel importante na história de Verona.
Atualmente, tornou-se um dos destinos turísticos mais procurados na Itália com visitantes vindo do mundo todo para conhecer a arquitetura histórica, os seus inúmeros museus, galerias de arte e as belíssimas igrejas católicas que valem a pena visitar. Faço uma rápida descrição de alguns dos lugares mais interessantes e populares:
Museu Castelvecchio: Este museu está instalado em um castelo do século XIV construido pela familia Scaligeri para se protegerem contra invasores e contra a revolta do povo. Contém uma coleção de arte medieval e renascentista, incluindo pinturas, esculturas e cerâmicas.
Museo di Storia Naturale: Museu de história natural tem exposições sobre mineralogia, paleontologia e zoologia, além de um jardim botânico.
Galleria d'Arte Moderna Achille Forti: Exibe arte italiana moderna e contemporânea do século XIX até os dias atuais.
As igrejas:
Catedral de Verona: Também conhecida como a Catedral de Santa Maria Matricolare, esta catedral católica romana está localizada na Piazza delle Erbe e possui uma bela arquitetura gótica e românica.
Basílica di San Zeno Maggiore: belissima igreja românica é dedicada a São Zeno, padroeiro de Verona. Possui afrescos impressionantes, portas de bronze e uma cripta.
Santa Anastasia: Igreja gótica é uma das maiores e mais importantes igrejas de Verona. Tem belos vitrais e uma grande torre.
E, não esquecendo, o antigo Teatro Romano e a Arena de Verona, no coração da cidade, na Piazza Bra, rodeado por vários restaurantes com mesas ao ar livre. Falando em restaurantes… Verona como a maioria das cidades italianas, tem uma gastronomia capaz de saciar corpo e alma. Destaco o Risotto all´Amarone e para acompanhar, um dos mais deliciosos vinhos produzidos na região do Veneto, o Amarone. O café também merece ser degustado ate mesmo por alguém como eu, que não gosta de café.
Quantos dias são necessários para conhecer uma das cidades mais interessantes do Veneto? Três dias são suficientes para explorar, descobrir a rica herança cultural da cidade que ainda inspira escritores, artistas e essa jornalista.