Se uma das pessoas que você mais ama lhe convidasse para fazer uma viagem à Espanha, país que ainda não conhece, quais seriam as primeiras cidades que viriam a sua mente para conhecer? Barcelona? Madrid? Sevilha? Provavelmente os nomes das cidades espanholas mais conhecidas mundialmente surgiram primeiro, pelo menos comigo foi assim. O que não imaginava era que seria surpreendida com a seguinte fala: Vamos para Málaga!
Não tinha conhecimento algum sobre a cidade, nem sabia que ela existia, para ser sincera, mas como uma boa viajante, dei uma pesquisada sobre o meu futuro destino antes de fazer as malas. De forma resumida, minha busca digital me fez descobrir que Málaga estava situada à beira do Mediterraneo e que unia o passado e presente em uma atmosfera elegante, acolhedora e extremamente rica quando o assunto é arquitetura, cultura e gastronomia. E as minhas fontes estavam certas, ela é realmente tudo isso, mas ninguém havia me dito que a cidade espanhola é mais que encantadora, é uma joia (ainda) escondida na costa sul.
Maravilhas de Málaga para todos os públicos
Antes de chegar, o meu único receio era de encontrar uma cidade com muito clima de praia, o que particularmente não gosto muito, mas já ao sair do aeroporto percebi que a cidade era o lugar perfeito para quem procura o equilíbrio entre o ar praiano e o clima urbano. Justamente por isso, Málaga acaba sendo um local que consegue agradar todos os públicos e ainda fazer com que você tenha uma experiência positiva com aquilo que talvez não faça muito seu estilo.
Já que mencionei o ar praiano, vamos começar por ele. A cidade espanhola possui praias lindas e um clima super agradável, com a presença do sol em praticamente 300 dias do ano, o que beneficia muito aquele dia de sol deitado na areia ou mesmo os passeios ao ar livre pelas ruas. Acontece que fui em maio e tive o azar de pegar bem os dias com chuva, tendo a ilustre presença do sol nos últimos dois dias (o que já foi suficiente para me queimar, então, não esqueça do protetor).
Eu já tinha aproveitado os principais pontos turísticos possíveis com chuva nos dias anteriores, mas o que faltava era um tour de bike por toda a orla e eu não queria ir embora sem fazer isso. O sol deu as caras e lá fui eu aproveitar a brisa do Mediterrâneo e o sol das belas praias de Málaga. Aluguei uma bicicleta por €12/dia e fiquei por algumas horas desfrutando de uma sensação de relaxamento e paz enquanto descobria locais maravilhosos da cidade fora da parte central. Recomendo super fazer isso se você quiser conhecer um pouco mais da cultura local não turística.
Nos dias anteriores, não deixei a chuva me abalar e procurei conhecer o máximo de locais possíveis pelas ruas de paralelepípedo do centro histórico. Um dos primeiros que fui foi a Catedral de Málaga. Independente da sua religião, a visita vale a pena para entender o quão grande é o lugar e como cada detalhe da arquitetura foi pensado para contar a história da época por muitos e muitos anos. Fiquei boquiaberta com tamanha perfeição dos objetos, móveis e pinturas. A cada movimento que fazia com a cabeça, para os lados ou para cima e para baixo, havia algo que atraía meus olhos, me fazendo refletir tanto sobre a parte técnica do que estava vendo, quanto também o quanto a realidade da sociedade como um todo mudou de lá para cá.
No terceiro dia, se não me falha a memória, fui a uma das atrações mais icônicas de Málaga: o Museu do Picasso. Desde pequena tenho uma forte conexão com a arte em desenho, pintura e escultura, então estar ali me fez mergulhar em um universo de criatividade, inspirações e sensações que me fizeram entender pelo menos um pouco de como funcionava a mente criativa dele. Talvez você não seja um fã da arte ou nem mesmo gosta de fazer visitas em museus (dependendo do museu, confesso que também prefiro outra opção de passeio), mas esse vale super a pena, vai por mim.
O único ponto negativo foi o tempo de espera na fila, porque como disse, peguei dias chuvosos, então eu e boa parte dos turistas tiveram a mesma ideia: conhecer e aproveitar locais fechados. Abaixo de uma chuva fina e com minha sombrinha azul, esperei durante 1h30 a minha vez de entrar. Poderia ter comprado ingresso antecipado com hora marcada? Sim, mas nesse dia não teria feito tanta diferença, porque mesmo quem havia comprado bilhete antes ficava um bom tempo esperando na rua. Mas a espera, no meu caso, acabou sendo esquecida depois que entrei e fiquei imersa naquele mundo artístico.
Málaga também é conhecida por sua gastronomia. Os bares de tapas locais oferecem uma experiência culinária única, nos quais você pode provar uma variedade de pratos tradicionais, como gazpacho, espetadas de sardinhas grelhadas e, é claro, o famoso jamón serrano. Se quiser ter uma experiência gastronômica malaguenha de verdade, não pode deixar de ir ao Mercado Central de Atarazanas para degustar a cultura da melhor maneira. O local em si é uma joia arquitetônica, no passado era um estaleiro muçulmano e hoje apresenta uma fachada de vidro espetacular, a qual incorpora alguns elementos históricos. Depois de ter dado uma volta por todos os corredores, escolhemos um dos quiosques para comer um dos pratos mais pedidos e recomendados pelo atendente.
Mesmo se você não for um grande apreciador de comida espanhola, vale a pena visitar o Mercado, porque lá não faltam opções de combinações de sabores frescos e aconchegantes que a cidade oferece.
Falando em aconchegante, com certeza essa será sua sensação ao dar uma volta tanto de dia quanto de noite no Porto de Málaga. A vista espetacular para o Mar Mediterrânero, assim como para a cidade e as montanhas que a rodeiam, é de tirar o fôlego, principalmente no fim de tarde com um belíssimo pôr do sol.
O Porto é o ponto de partida para vários passeios de barco pela costa, cruzeiros e até mesmo alguns esportes aquáticos. Mas se não for fazer nada disso, fique super tranquilo(a) porque a região é perfeita para caminhar e desfrutar o clima, o comércio e uma boa gastronomia. Essa é uma outra opção em Málaga para experimentar pratos tradicionais e degustar frutos do mar frescos, porém, já prepare o bolso porque é uma das regiões mais caras.
Por último, mas uma dica e experiência tão valiosa quanto as anteriores: visite o Castelo de Gibralfaro. De longe é a melhor vista panorâmica da cidade que você pode ter. Gibralfaro está a 130 metros de altura do nível do mar, foi construído no século XIV para abrigar o exército malaguenho e defender a cidade. Com o tempo, boa parte da estrutura do Castelo foi se deteriorando, mas ainda conseguimos ver e explorar algumas muralhas e torres da arquitetura medieval.
Minha experiência foi verdadeiramente inesquecível. O local me encantou com sua história, cultura e o povo acolhedor. Pude aproveitar meu tempo fazendo aquilo que mais gosto e que me traz paz: caminhar pelas ruas estreitas do centro histórico, provar a gastronomia em bares locais e observar o pôr do sol na praia. Málaga é um daqueles lugares que fica gravado na memória e que nos faz querer compartilhar e indicar para que o mundo inteiro tenha a experiência de aproveitar os encantos dessa cidade do mediterrâneo.