Talvez para você uma das coisas no título deste artigo não faça sentido: como assim ela não gosta de cerveja? Por que ela foi a um museu de cerveja sem gostar da bebida? A primeira pergunta é mais fácil de responder; realmente, não gosto do sabor (e olha que já tentei gostar várias vezes até hoje). Já a segunda, você vai descobrir em detalhes a partir de agora e, talvez, se também não é tão fã dessa bebida alcoólica que é uma das mais antigas do mundo e a mais consumida pelos brasileiros, mas ama uma experiência nova, você também vai acabar indo.
Em um primeiro momento, topei visitar o Museu da Cerveja Guinness Storehouse sem muita expectativa; estava indo mais para acompanhar meu namorado. Acontece que entre o aceite do convite até o dia da visita, descobri que não era um simples museu, era na verdade o mais conhecido do mundo e que havia muito mais história por trás dele do que imaginava, inclusive a conexão com o Guinness World Records, o livro dos recordes.
A Guinness Storehouse está localizada na capital da Irlanda, Dublin, uma cidade com cerca de 2 milhões de pessoas que é o destino de muitos brasileiros que optam por estudar no exterior e ainda aproveitar os mais de 750 pubs que existem por lá. O museu foi inaugurado no ano 2000, mas a fama e sucesso da cerveja fabricada por Arthur Guinness já eram fortes em Dublin desde a década de 1770, quando ele surgiu com um novo tipo de cerveja no mercado, a Porter. Nos últimos 24 anos, milhões de pessoas já visitaram e continuam a conhecer o local que recebe cerca de 1,5 milhão de visitantes por ano.
Ok, mas além de ser o museu de uma das cinco cervejas mais valiosas do mundo e ter sido construído no complexo antigo da cervejaria Guinness, o que tem de tão diferente lá dentro? Só história? Sim, há muita história, mas mais que isso, o espaço foi desenvolvido para contar cada detalhe do surgimento, crescimento, fabricação e expansão no mundo de uma forma interativa, fazendo com que mesmo quem não goste de cerveja, como eu, sinta conexão e deixe de se preocupar com o relógio. Acabei ficando um pouco mais de uma hora lá dentro, mas isso porque já tinha planejado meu dia para também conhecer outros pontos de Dublin, mas se você tirar o dia só para a Guinness Storehouse, com certeza vai ficar horas, principalmente depois que lhe contar qual foi a cereja do bolo do tour.
Quando o assunto é comida e bebida, uma das coisas que mais gosto de fazer (além de experimentar) é conhecer o processo de como aquilo é fabricado. Durante todo o caminho do tour, os ingredientes e os processos de como a cerveja é feita vão sendo explicados em detalhes, não apenas com textos nas paredes, mas também com muita imagem estática, vídeos e também objetos, como a área específica que fala sobre os grãos. Apesar de ter gostado de grande parte, a minha parte favorita, e que fiquei de boca aberta, foi a que eles mostram, por meio de vídeo, como os barris de cerveja de madeira eram produzidos anos atrás. Não fazia ideia de quantas etapas eram necessárias e muito menos o trabalho que isso dava quando não se tinha tecnologia suficiente para facilitar e agilizar processos.
Falando em agilizar processos, aqui está outra questão que ganhou pontos na minha experiência, o fato do tour ser autoguiado, ou seja, o visitante que determina o tempo que vai passar lá dentro, conhecendo e saboreando (por isso disse antes que dá para ficar horas). O único momento em que há um controle de tempo e colaboradores orientando sobre o que e como fazer é na Sala de Degustação (que também você vai se quiser, porque não é uma passagem obrigatória). Eu fui? Sim, fui, mas confesso que não foi a parte que mais me agradou por dois motivos: um deles foi o que já falei no início do texto, sobre não gostar do gosto, e o segundo, porque tinha a expectativa de que a degustação ali seria com mais de um tipo de cerveja, o que não foi e fiquei um pouco decepcionada.
Outro momento que ganhou meu coração na Guinness Storehouse e que para mim foi a cereja do bolo e o grand finale foi a vista 360° de Dublin que vai encontrar no último andar, no Gravity Bar. Esse espaço foi muito, mas muito bem pensado para finalizar a experiência de um jeito bem irlandês: bebendo uma boa cerveja, rodeado de pessoas alegres e apreciando uma vista incrível da cidade. Se eu que não bebo não queria sair dali porque queria aproveitar a vista o máximo possível, imagine quem gosta da bebida?
Se você gosta e quiser ter outras experiências imersivas além das que mencionei aqui, há outras opções de tours na Guinness Storehouse, os quais eles chamam de Premium Experiences e que vale a pena dar uma olhada. O tour que fui foi o mais básico, o Guinness Storehouse Experience Only, que custou 26 euros e tinha direito a uma cerveja no Gravity Bar, mas há o tour que você degusta mais sabores, outro que consegue colocar a sua própria selfie na espuma da cerveja, outro que lhe dá um certificado de que esteve lá e por aí vai. Há opções para todos os gostos, sendo ele o gosto de cerveja ou não (rsrs).
Já que mencionei a questão de diversos gostos, sabia que o Guinness World Records, o livro dos recordes, foi inicialmente criado para ser um livro para resolver discussões em bares? Pois é, eu também não sabia até fazer o tour. Quem surgiu com a ideia, na década de 1950, foi o gerente da Cervejaria Guinness, Sir Hugh Beaver. Ele havia participado de uma festa de tiro em Wexford, cidade irlandesa ligada a Dublin pela rodovia N11, e lá foi discutido sobre qual era o pássaro de caça mais rápido da Europa. Após quatro anos, ele e os gêmeos Norris e Ross McWhirter começaram a dar vida ao livro que seria um dos maiores best-sellers, sendo uma das fontes mais confiáveis do mundo. Hoje, o Guinness World Records possui mais de 58 mil recordes, mais de 147 milhões de livros vendidos globalmente e anualmente uma nova edição é publicada em mais de 40 idiomas com os novos recordes mundiais.
Essa experiência no Museu da Cerveja mais conhecido do mundo pode não ter mudado o meu paladar em relação ao gosto da cerveja, mas com certeza aumentou meu conhecimento sobre a história, a fabricação e o impacto mundial da cerveja. E aqui finalizo com um incentivo: mesmo que não goste de cerveja, vá para Dublin e tenha essa experiência; você vai se surpreender assim como eu.