Há um sem número de escolhas que fazemos de forma estonteante e de forma diária sem nos apercebermos. Vamos tomar café, quantas possibilidades de escolhas temos? Pensem nisto um momento… Café, café robusta, café libérica, café excelsa, café expresso, café americano, café cappuccino, latte, café moka (Mochachino), caramel macchiato, espresso macchiato, latte macchiato, almond latte macchiato, affogato, black, duplo, com creme, sem espuma, cortado, sem natas, sem gordura, e a lista poderia continuar.
Isto é apenas um simples café.
As possibilidades de escolha são instrumentos de caos para quase todas as pessoas. Escolhemos fazer rituais elaborados das nossas funções básicas, já repararam? Tudo é complexo.
Por exemplo o ritual das refeições, talheres, pratos, comida, bebida, alguns povos rezam para agradecer a sua comida, comem, riem, discutem, lavam, secam, arrumam… Complicado.
Mas há uma coisa chamada alegria. Uma emoção que existe no extremo mais positivo do seu espectro. Apesar de disruptiva, parece ser o derradeiro objetivo de todos nós. É habitual e tomada por certa, da mesma forma que é rara e esquiva. A alegria tem um preço e esse preço é a dor. A dor é um predador, ela vem para todos algumas vezes na nossa existência. Ela traz-nos o ensinamento da importância da alegria, sem a dor jamais reconheceríamos a alegria.
Tudo se resume estranhamente a escolhas que fazemos. Escolhemos permanecer, mas também podemos escolher sair. Há uma ambivalência nas escolhas. Existem pessoas que têm medo de escolher, porque associam a escolha a uma perda. Se escolhem um caminho, estão invariavelmente a perder outro e assim sucessivamente. Isto é a verdade.
Efetivamente quando escolhemos, por mais pequena que nos pareça a escolha, estamos efetivamente a perder outra possibilidade, outro caminho, outra realidade. E isso pode assustar, pode causar ansiedade e pode colocar-nos num sítio sem luz.
É impossível prever todas as implicações de uma escolha, ainda que queiramos, principalmente porque uma escolha se reflete no universo e na vida de muitas pessoas, além de nossa própria vida. Quando a vida nos dá uma oportunidade, sugere deixarmos o estado de segurança e conforto em que nos encontrávamos, e aqui, fazer uma escolha não é simples, quase nunca o é.
A proporção da mudança será maior ou menor segundo nós estejamos na disposição de correr ou não riscos. Se observarmos atentamente, poderemos igualmente ver que as escolhas mais pequenas, com o passar dos anos, poderão transformar-se em grandes. Vejamos o exemplo do que escolho ingerir diariamente: se eu escolher ingerir alimentos pouco saudáveis, em detrimento do mais adequado para mim, com o passar dos anos, essa escolha gera grandes consequências na minha saúde física, mental e emocional.
Ou seja, tudo é uma escolha, mesmo o não escolher é, por si só, uma escolha, escolher permanecer onde se está, enquanto esperamos que a corrente da vida nos leve para onde quiser.
E isso é tão libertador como assustador, mas sabemos que também é inevitável. A mais valia que o ser humano tem é a possibilidade de escolher.
Contudo, podemos classificar as escolhas mediante a complexidade. Há escolhas que podem mudar completamente o rumo de uma trajetória, assim como há escolhas que, aparentemente, não influenciam tanto. Mas a natureza dá-nos um ótimo ensinamento em relação às mudanças, pois tudo nela se encontra em mutação e transformação. As estações do ano, a transformação de uma lagarta numa borboleta, a gestação e o nascimento de uma criança. E a natureza precisa de tempo para essa mudança: para colher rúcula, 35 dias, para colher tomates, 3 meses. Para cada escolha, um tempo…
Que o vento da mudança nos traga a oportunidade de fazer novas e diferentes escolhas todos os dias, mediante o decreto de nossa vontade.