Tonny Robbins é o nome do momento quando o assunto é Desenvolvimento Pessoal. Conhecido pelas suas polêmicas abordagens, profundos insights, e celebridades que passaram em seu currículo, incluindo Bill Clinton e Lady Di, em 2016 Tony lançou seu documentário I am not your guru.
O documentário trata de cobrir o evento Date with Destiny, onde Tony promove por duas horas, durante seis dias (total 12 horas), um seminário que promete mudar a sua vida para sempre.
A primeira coisa que me chamou a atenção obviamente foi o preço: 4.995 dólares estadunidenses por pessoa. Honestamente não penso ser um valor caro se você realmente vai mudar de vida. Mas logo aqui nós já temos que levar em consideração duas coisas.
Primeiro, os casais ou parentes que chegam para o evento. No caso de um pai e uma filha, ou um marido e mulher, já seriam 10.000 dólares mais os custos com transporte até o local, hospedagem e alimentação. Segundo, um valor desses só pode ser atendido por uma classe média e não pela classe pobre. Logo, não estou bem convencido de que estes são exatamente aqueles que precisam mudar de vida.
Ironicamente, a segunda coisa que me chamou a atenção é de que quase não é possível enxergar pessoas com traços negros ou asiáticos na audiência. Ou pelo menos eles não foram filmados, uma vez que o seminário atende há 20.000 espectadores.
Enfim, não é preciso um olhar muito crítico para perceber que o seminário de Tony não é muito diferente destes shows da fé, onde os pastores vendem a imagem de Jesus em troca de melhoras nas vidas das pessoas. Uma superprodução com muita música, iluminação diversificada, equipe de suporte e todo resto. A única diferença é que os pastores vendem fé e Tony vende “desenvolvimento pessoal”.
Entretanto, o que mais me deixa intrigado é como Robbins faz para hipnotizar as pessoas. Deixar elas estupefatas. Com cara de abobadas. Estagnadas como estátuas e escutando o que fala. Porque se você parar para escutar, os conselhos de Tony soam como um preparador físico que chega para um atleta e diz: “bananas são uma excelente fonte de potássio”. E a partir daí o atleta começa a correr mais rápido, treinar mais duro, e inclusive a dar entrevistas para a imprensa.
Podem falar o que quiser, porém eu desconfio de qualquer “guru” que tenha uma superprodução por trás. Especialmente os que cobram pelos seus serviços. Afinal, nunca vi Tony ministrando um seminário em uma favela do México ou no suburbio do Quênia. E não posso deixar de fazer uma piada de humor negro, quando digo que observando o que se passou com Bill Clinton e com Lady Di, ou eles não aprenderam direito a lição, ou Robbins não é bem o melhor coach a se seguir.
Meu Mestre atende 60 pessoas por dia, por um período de quatro dias na semana. Sempre 30 pela parte da manhã e 30 pela parte da tarde. Mora em uma casa simples. Não tem superprodução, tampouco equipe de suporte, e não cobra pelos seus serviços. Não tem carro do ano, e não janta em restaurantes badalados. Ninguém sabe seu nome, e ele é apenas conhecido como “seu Zé”. E esse sim é o único tipo de guru que eu respeito.