A vida é uma festa! Como é que eu posso entrar?
De facto, nós somos seres e estares no mundo! A arquitectura e a memória são aspectos a considerar na configuração plástica e na geometria das formas, nos múltiplos femininos e masculinos que existem no nosso corpo enquanto mapa cultural.
O espaço e o tempo são representações do sujeito no seu mundo; são património potencial de energias que podem convergir numa experiência estética como é por exemplo a arquitectura. A casa, espaço múltiplo plural significativo que pode ser de Deus ou de família, da Própria ou não, ela abriga simbolicamente a força da partilha e de uma intimidade que vai do mito ao ritual, da imanência à metafísica do olhar.
A geometria das formas, esse Lego em permanente construção e desconstrução, permite perversões, desvios, transgressões e exaltação da voz do mais forte! Com estrados e púlpitos se construíram poderes seculares! É a própria comunicação, a mensagem do discurso que fica afectada pela introdução de um espaço simbólico que vai condicionar definitivamente o sujeito e a sua expressividade.
Por tudo isto a arte é mediação de um discurso subjectivo que a psicologia estuda e quer perceber…por isto tudo a arte é hoje mais do que nunca o resultado de uma conflitualidade entre a economia e a dimensão simbólica.
Por tudo isto a arte é uma narrativa fantástica do ser humano e por isso não é de estranhar que Vítor Hugo tenha referido um dia que as catedrais são os primeiros livros de pedra!
Cabe à Psicologia da Arte chamar a atenção para o facto de que a Arte não é reflexão mas vivência, contacto com a Beleza, com os valores, com as significações, até erro criativo, desvio.
É a mudança do fora do “eu” para o “próximo” que diminui ou elimina problemas como o egoísmo, inveja, exclusão e agressão. É a Psicologia da Arte que vai permitir o desenvolvimento de uma atitude crítica e autocrítica em termos de experiência ético-estética.
Será como passar através do espelho de Alice no País das Maravilhas, em educação. É um mundo surpreendente, algumas vezes desorientado, cheio de contos de fadas, mitos e lendas, ou música, arte, demonstração física, jogos e, de livros de tarefas escritos e ilustrados por estudantes, um mundo sem exames, graus, computadores ou televisão.
É, em suma, um mundo onde as ideias e prática do sistema educativo ficaram para trás. Note-se que a energia dos Índigo é uma energia que vai obrigar a uma ruptura com as antigas formas de ensinar. É uma energia que nos obriga a questionar as coisas, a mudar a forma como procedemos e até a forma de vivermos, com vista a uma alteração radical na expressão dos comportamentos humanos (Jardim, 2009). Apontaremos, então, para um novo paradigma de educação em que o role playing é essencial da parte dos pais, educadores, professores…
O poder e o medo, o autoritarismo e a insegurança vão dar lugar ao Amor, ao respeito, à tolerância, sendo a Comunicação um dos meios chave com que se pode mostrar amor e respeito. O acto de comunicar é um acto de dar e receber. A pessoa que comunica está a dar e a partilhar ideias e a pessoa que ouve está a receber ideias. É deste brainstorming que nascem muitas vezes as obras de arte. Esta é a verdadeira comunhão de bens a que se refere Ricoeur quando fala de educação. É que o Outro funciona como janela de aprendizagem (Vygotsky) e espelho de auto e hétero conhecimento.
Será, pois, uma possibilidade infinita de ser- e-estar-no-mundo que há que promover através da Psicologia da Arte, que há que rever como tarefa hermenêutico-ética, onde a imaginação tem o seu lugar como pedagogia da alteridade.