Inusitadamente, refletiremos sobre o lugar de nossa moradia. Subitamente analisaremos a pergunta que é aparentemente boba: você moraria no Brasil? Pensamos, quantas pessoas moram no Brasil! Assim como eu, mais de 208,5 milhões de habitantes residem no Brasil, segundo o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE.
Sabemos que o Brasil enfrenta vários problemas de segregação socioespacial, valores de convivência, espaço urbano comum, ou seja, a falta de oásis urbano que melhorem a coesão social. Quem salienta esse assunto é o urbanista Philip Yang. Há um desejo coletivo, mas as incertezas para repensar um futuro urbano são refletidas na ordem espontânea do mercado. Como uma onda, as cidades vão se movimentando pelo desenho da lei da oferta e da procura norteando o seu espaço.
Também não poderemos esquecer-nos do surgimento de aglomerações de pessoas no decorrer da história a partir de padrões de cooperações e conflitos em sua maioria por controle de territórios e das cobranças de impostos. A produção de alimentos também impulsionou o aparecimento das cidades pela ordem do poder econômico e político, mas, foi com o advento da pólvora que as cidades explodiram. Ou por uma ordem espontânea do liberalismo econômico ou sendo norteada pelo poder do mercado. O fato é que mesmo sem planejamento ou com planejamento o surgimento das aglomerações humanas ao longo da história foram propulsores no desempenho das forças que moldaram as cidades pelos conflitos ou por padrões de cooperação. O território sempre foi alvo de controle dos poderosos. O espaço e o território são motes para a fruição da política.
O geógrafo Milton Santos argumenta sobre as tensões sociais existentes na urbanização desigual. Há o fluxo e o fixo na sociedade que são evidentes na manifestação das aglomerações sociais.
A configuração territorial é dada pelo conjunto formado pelos sistemas naturais existentes em um dado país ou numa dada área e pelos acréscimos que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais. A configuração territorial não é o espaço, já que sua realidade vem de sua materialidade, enquanto o espaço reúne a materialidade e a vida que a anima.
(Santos, 1996, p.51).1
Então, com a descoberta da pólvora pelos chineses ocorreu um impacto nos espaços, desencadeando a legitimidade de uma existência coletiva no processo de urbanização.
Para tanto, há uma desordem no desencadear da urbanização, principalmente no Brasil, pois
Parece inevitável que nas atividades humanas todas as soluções de um problema mais cedo ou mais tarde acabem gerando outros problemas. Como sugeriu o geógrafo sueco Torsten Hägerstrand, o processo de inovação sempre tem um aspecto positivo e um aspecto negativo, um "lado destrutivo" e um lado criativo. O lado destrutivo ele denomina "denovação" em oposição à inovação. No caso da Revolução Industrial, por exemplo, basta pensar nos operadores de teares manuais que não conseguiam competir com a nova tecnologia, bem como na mão-de-obra infantil nas novas fábricas. 2
É cabível analisar vários problemas no esgotamento de uma inovação. Toda inovação terá seu apogeu e declínio para que outras atividades surjam para solução das atividades humanas. O caso é que não somos preparados para enxergarmos tais transições que fazem parte da vida humana e de suas necessidades. O que preocupa são as leis e seus benefícios. O que é a lei? Seria um código escrito para atender uma nação? Seria uma convenção criada na contramão da natureza?
Na era digital as leis obedecem ou transgredem a lei universal, a lei Divina?
No grande livro O Caibalion, que se refere a uma palavra hebraica que significa revelação ou tradição superior e compartilha a mesma raiz da palavra cabala. O Caibalion é um livro escrito não se sabe o autor ou autores corretamente, mas que reflete os princípios que regem o universo e o funcionamento dos fatos na vida cotidiana associado aos estudos de Hermes Trismegisto3 , que viveu no Egito antigo a fim de plantar a semente de uma filosofia de vida guiada pelo universo sagrado.
Para ele a lei é sinônimo de Deus, braço de Deus estendido sobre o cosmo, pontes entre o céu e a terra. Pensamos? Como estamos fugindo e atropelando as leis universais? Se tudo muda, o que permaneceu?
Todavia as verdades originais ensinadas por ele foram conservadas intactas na sua pureza original, por um pequeno número de homens, que, recusando grande parte de estudantes e discípulos pouco desenvolvidos, seguiram o costume hermético e reservaram as suas verdades para os poucos que estavam preparados para compreendê-las e dirigi-las. Dos lábios aos Ouvidos a verdade tem sido transmitida entre esses poucos. Sempre existiram, em cada geração e em vários países da terra, alguns Iniciados que conservaram viva a sagrada chama dos Preceitos herméticos, e sempre empregaram as suas lâmpadas para reacender as lâmpadas menores do mundo profano, quando a luz da verdade começava a escurecer e a apagar-se por causa da sua negligência, e os seus pavios ficavam embaraçados com substâncias estranhas. Existiu sempre um punhado de homens Para cuidar do altar da Verdade, em que mantiveram sempre acesa a Lâmpada Perpétua da Sabedoria. Estes homens dedicaram a sua vida a esse trabalho de amor que o poeta muito bem descreveu nestas linhas: “Oh! não deixeis apagar a chama! Mantida De século em século Nesta escura caverna, Neste templo sagrado! Sustentada por puros ministros do amor! Não deixeis apagar esta divina chama!”4
Será que estamos deixando a Lâmpada Perpétua da Sabedoria apagar?
Os sete princípios herméticos
Os sete princípios Herméticos retratam uma visão de mundo direcionada para a sabedoria e compreensão do universo. O princípio do Mentalismo revela algo além do tempo.
Este Princípio explica a verdadeira natureza da Força, da Energia e da Matéria, como e por que todas elas são subordinadas ao Domínio da Mente. Um velho Mestre hermético escreveu, há muito tempo: “Aquele que compreende a verdade da Natureza Mental do Universo está bem avançado no Caminho do Domínio.” E estas palavras são tão verdadeiras hoje, como no tempo em que foram escritas. Sem esta Chave-Mestra, o Domínio é impossível, e o estudante baterá em vão nas diversas portas do Templo.
O segundo princípio é o da correspondência visto pelas similaridades em planos diferentes conhecer as leis para seu aperfeiçoamento. “O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima.” O terceiro princípio é da Vibração, Em que nível vibracional você está. Sua identidade é seu endereço vibratório. Platão escreveu que conhece o seu Estado pela música que o seu governo dá ao povo.
A vibração traz a evolução humana. Já falava o filósofo Sri Ram que a evolução é a depuração do gosto. O quarto princípio é o da polaridade que é revelado a partir de como manter e aquecer o sentimento humano. É o princípio do paradoxo, dos extremos. O quinto princípio é do Ritmo, do fluxo e do refluxo, como o pêndulo. Funciona como a maré, por oscilações. O sexto princípio é da Causa e do Efeito. Educar é integrar o ser humano nas leis da natureza. O sétimo é o princípio do Gênero, ou seja, o gênero mental desdobramento do princípio da polaridade. No plano físico o ser humano gera, no plano mental, regenera e no espiritual cria.
O referido livro revela as leis das coisas que através da vontade humana elas se desenvolvem. Há um proverbio chinês que diz, o homem vulgar fala de pessoas, o homem mediano fala de coisas e homem superior fala de ideias. O que queremos ressaltar aqui são as leis do universo que nos regem, não as leis que vão em direção contrária à natureza. Seguimos padrões fora das leis do universo, das leis de Deus, até quando? Necessitamos de símbolos para viver entre a Terra e o Céu. Não podemos perder de vista o sagrado. A busca pela pedra filosofal está em todos os lugares. Será que vivemos apenas para explorar sem lógica o universo?
Na era digital o que importa é o like, para isso estamos nos afastando da transmutação da mente. Cooperação hoje significa compartilhar noticias na internet, mas qual o nível de notícias e seleção que fazemos para serem enviadas? Ajudamos on-line, mas, não sabemos da dor dos nossos vizinhos. Como não deixar que a chama do sagrado não apague? As pessoas estão confundido os sentimentos.
A era digital é fantástica e mágica, mas não podemos perder o sentido da chave da vida. Não podemos marchar para o descaso, desrespeito e a falta de medo. Devemos nos elevar coletivamente. Para isso devemos conhecer a organização Nova Acrópole.
Nova Acrópole é uma Organização Internacional que promove um ideal de valores permanentes para contribuir para a evolução individual e coletiva. Atua nas áreas de Filosofia, Cultura e Voluntariado. Foi fundado em 1957 em Buenos Aires (Argentina) pelo professor Jorge Ángel Livraga Rizzi (1930-1991), historiador e filósofo. Em 2017, a OINA comemorou seu 60º aniversário, continuando a desenvolver suas atividades com a adição de novas associações nacionais em Taiwan e Armênia.
Os jovens precisam de propósitos na vida. O que viemos fazer na Terra? Dar likes? Usufruir dos recursos naturais? Não se importar com nada?
Para que tanto descaso? O mundo está ao contrário e ninguém reparou já dizia a canção, por isso,
Não importa a distância que nos separa, se há um céu que nos une.
(Carlos Drummond de Andrade)
Notas
1 Consultar o artigo de Milton Santos: Concepções de geografia, espaço e território. Marcos Aurelio e
Sueli Santos da Silva.
2 Consultar o artigo: Problemas causados por Gutenberg: a explosão da informação nos primórdios da Europa moderna, de Peter Burke. Vide.
3 Ele foi conhecido sob o nome de Hermes Trismegisto. Foi o pai da Ciência Oculta, o fundador da
Astrologia, o descobridor da Alquimia. Os detalhes da sua vida se perderam devido ao imenso espaço de
tempo, que é de milhares de anos, e apesar de muitos países antigos disputarem entre si a honra de ter
sido a sua pátria. A data da sua existência no Egito, na sua última encarnação neste planeta, não é
conhecida agora mas foi fixada nos primeiros tempos das mais remotas dinastias do Egito, muito antes do
tempo de Moisés. As melhores autoridades consideram-no como contemporâneo de Abraão, e algumas
tradições judaicas dizem claramente que Abraão adquiriu uma parte do seu conhecimento místico do
próprio Hermes. Depois de ter passado muitos anos da sua partida deste plano de existência (a tradição
afirma que viveu trezentos anos) os egípcios deificaram Hermes e fizeram dele um dos seus deuses sob o nome de Toth. Anos depois os povos da Antiga Grécia também o deificaram com o nome de
“Hermes, o Deus da Sabedoria”. Os egípcios reverenciaram por muitos séculos a
sua memória, denominando-o o mensageiro dos Deuses, e ajuntando-lhe como distintivo o seu antigo
título “Trismegisto”, que significa o três vezes grande, o grande entre os grandes. Em todos os países
antigos, o nome de Hermes Trismegisto foi reverenciado, sendo esse nome considerado como sinônimo
de “Fonte de Sabedoria”.
4 Vide.