Estamos a beira de uma guerra civil. Como previsto no artigo qual publiquei em 1 de dezembro de 2016, chegamos no limite. Tivemos a primeira prisão de um ex-presidente da história da nação. Depois um aumento absurdo no preço da gasolina. E então a greve dos caminhoneiros qual literalmente parou o país. E que nada mais foi do que o estopim de uma série de decisões tomadas da forma mais equivocada possível.
O passado reflete na realidade futura. Os erros que cometemos e que muitas vezes parecem ser inofensivos podem significar a razão da nossa ruína nas décadas seguintes. Foi o caso do período que o Brasil viveu o regime militar de 1964 a 1982.
Os empresários, analistas e políticos da época decidiram suspender o investimento no transporte ferroviário e fluvial e concentraram todos os investimentos no transporte rodoviário. E daí surge a questão: por que? Por que o Governo decidiu investir em rodovias se até mesmo uma criança de cinco anos de idade sabe que o transporte ferroviário é mais barato, mais eficiente, mais rápido e menos poluente. Inclusive esse era os exemplos dos países de primeiro mundo na época. Além de que o Brasil possui uma malha hidroviária de 50.000km. E apesar de utilizar 75% do transporte fluvial para transações internacionais, utiliza menos de 30% destas hidrovias (a maior parte no norte do país) para transporte interno de mercadorias.
A jogada era a seguinte. O Governo queria ganhar duas vezes. Porque concentrando todo transporte interno de mercadorias em rodovias através de caminhões, além de ganhar com os impostos sobre as transações, ele também ganharia com a venda de petróleo através da Petrobrás – empresa brasileira estatizada no governo Vargas. E caso você não tenha ligado uma coisa a outra, eu vou desenhar pra ficar mais fácil. Mais rodovias, mais caminhões, mais diesel, mais pneus, mais óleos. Todos derivados do petróleo. Combustível fóssil extremamente ultrapassado e altamente tóxico.
Mas uma avalanche pode ser evitada se a primeira bola de neve que rolar for detida. E o pior não foi ter tomado uma decisão como esta, mas sim ter perpetuado e perdurado a ideia. Os Governos seguintes ao governo Vargas e ao regime militar seguiram apostando e apoiando o investimento concentrado em rodovias e caminhões. E isso acarretou em uma avalanche quais as consequências estão sendo sentidas nos dias de hoje. Porque nós ficamos dependentes do Petróleo.
Não adianta você ter monopólio de algo se quem dita o valor é o mercado internacional. Foi o que aconteceu com o café nos anos 50. Tínhamos um monopólio de concentração de investimento somente no café, que era o maior orgulho de exportação mundial. Mas um dia o café ficou barato no exterior, e caro no Brasil. E o mesmo aconteceu com o petróleo hoje. O barril se tornou absurdamente caro. E motivo de estopim para uma população de uma nação inteira se erguer e começar a protestar contra todo um sistema de decisões equivocadas que tem sido perpetuadas por Governos e empresas privadas.
«Se não aprendermos com nossos erros estamos condenados a comete-los novamente».
E assim como os Governos, que seguem errando nas decisões dos seus investimentos, o povo também seguirá com estes mesmos Governos, se não aprenderem com os erros do passado. Quando logo após cada má decisão, seguíamos aplaudindo e apoiando nossos candidatos. E pensando que somente o candidato do vizinho era responsável por todo este caos que se instalou no país.