O que fazer diante de um poder praticamente em estado de metástase quando o assunto é propina, superfaturamento, irresponsabilidade fiscal, mimos, direitos adquiridos de determinadas castas do autointitulado poder público, e que de público só tem o nome?
O que fazer diante de uma classe política, representada por vereadores, deputados e senadores que fazem leis basicamente para se autobeneficiarem e/ou tornarem a coisa pública um gigantesco e sem fim balcão de negócios?
O que fazer quando serviços essenciais, tais como educação, saúde, segurança, transporte, saneamento vivem num estado precário ao inexistente?
O que fazer diante de uma política e prática extorsiva de tributos visando basicamente sustentar uma máquina pública pesada, obesa mórbida, pouco eficiente e normalmente acima do bem e do mal?
Sem dúvida, muitas das coisas que vêm acontecendo no Brasil e no estado do Rio de Janeiro, nunca aconteceram nesse lugar. Que eu me lembre, nunca vi nenhum grande empresário sendo preso e tão pouco tantos políticos também sendo sentenciados à vários anos de prisão.
Não há dúvida que vivemos um momento único na vida do Brasil. Mas da mesma forma que ocorre nas bocas de fumo de qualquer favela, logo que o chefe original é afastado ou morto, imediatamente outro assume o lugar e dessa forma o sentimento de vale tudo no árido ambiente político continua.
Do ponto de vista ambiental, aí então o caso é para lá de alarmante. Se para os assuntos que interferem diretamente na qualidade de vida da maior parte da sociedade, a resposta das ruas é quase nenhuma, imagine-se qual é a reação da sociedade quando o assunto é o ambiente, algo abstrato, lúdico, mais associado com "bichinhos e plantinhas" do que com a própria sobrevivência da sociedade como nós a conhecemos? Nada, nenhuma, um completo e pleno vazio matemático, essa tem sido a reação da sociedade quando o assunto envolve a gestão dos recursos naturais bem como a preparação de nossas cidades às mudanças climáticas que já estão aí em nosso dia a dia.
Enquanto de COP em COP continuamos caminhando como aldeia global a passos de formiga e sem vontade em relação às metas e compromissos que pouco têm se materializado no dia a dia da maior parte da humanidade, por aqui, o governo brasileiro que fala muito e faz quase nada, anda mais preocupado em vender internacionalmente a imagem desbotada do Rio de Janeiro como cidade maravilhosa para turistas desavisados como para sediar a COP 25 em 2019.
Acho impressionante a cara de pau das autoridades brasileiras que não se abalam com absolutamente nada, principalmente quando em nosso país recentemente, "sediamos" em 2015 o maior desastre ambiental nacional na bacia hidrográfica do rio Doce e que até hoje não prendeu ninguém, ou nos grandes eventos esportivos que em 2007 e 2016 não geraram qualquer benefício ambiental, daqueles que foram prometidos pelas tais "otoridadis".
Em resumo, tanto localmente como globalmente, a sensação e a constatação por meio de trabalhos de divulgação científica é que se por um lado somos comandados na maior parte do tempo por sociopatas dos mais diversos graus de intensidade por outro, a Natureza responde cada vez mais claramente à nossa insanidade.
A minha constatação é que apesar de pontos de luz que brilham ali e acolá, apenas por meio de um movimento de desobediência civil local e planetária é que poderíamos estabelecer limites para o que insistimos em despertar da parte da Natureza.
Infelizmente não encontro disposição localmente e tão pouco globalmente para essa mobilização pacífica e enquanto isso continuo acompanhando o fim dos recursos naturais, mesmo quando os mesmos são estratégicos para a sobrevivência humana.
Pobres futuras gerações humanas e não humanas.