Por esta altura, há centenas de novos licenciados e mestres a sair das faculdades e a prepararem-se para entrar no mercado de trabalho. Infelizmente, muitos vão com a ideia pré-concebida de que não há emprego; começam já derrotados. Se é o teu caso, lembra-te que cada um tem um percurso único, caraterísticas únicas, que podem fazer de ti o candidato ideal para um emprego que tantos outros não conseguiram. A maior vantagem que podes dar a ti próprio é acreditares em ti, mesmo quando mais ninguém o fizer. Como disse Jean Cocteau: "Não sabendo que era impossível, foi lá e fez". Afinal de contas, o que tens a perder? E quanto mais criativo podes ser, se te dedicares, com a certeza de que vais conseguir? Sem medo. Mesmo com medo.
Alguns não se sentem à altura do desafio, do salto para o desconhecido, e enganam-se, dizendo que precisam de melhorar o portefólio, antes de começarem à procura de emprego. Por receio de não serem considerados bons o suficiente pelos outros, julgam-se a si mesmos, cortam as próprias asas. Acreditas que, nos próximos meses, vais ser capaz de criar os projetos que nunca foste capaz de desenvolver em 3 ou 5 anos de faculdade? Agora, que não há ninguém a exigir, ninguém a opinar. E não será mesmo esse o problema? Não será mais produtivo lançares-te ao mercado de trabalho com o que tens e aprenderes o que há a melhorar, pelo caminho? E se o que precisares de melhorar não for o teu trabalho, mas o à vontade com que estás numa entrevista de emprego? A forma como lidas com os clientes? Como vais fazer isso, sozinho em casa?
Para muitos é a primeira vez que o futuro é incerto, que o ano seguinte não começa de certeza em setembro e que tudo deixou de ser tão simples como fazer uma matrícula. Chegou a hora da verdade, a hora de perceber se os últimos 15 ou 17 anos de estudos vão realmente ajudar a construir o futuro com que se sonha. Tantos anos focado nos estudos, criam, por vezes, a ilusão de que és o que estudaste. A tua identidade fica impregnada com o título académico e, tudo o que não seja relacionado com isso, é colocado de parte. E, contudo, o que mais tens em comum com todos os teus colegas que se formaram contigo, com os dos anos anteriores e com os que se vão formar nos anos seguintes, é precisamente o curso que tiraste. Todas as outras experiências: profissionais, estágios, voluntariado, viagens, hobbies, são o que te diferenciam. Sair de casa, enfrentar o desconhecido, conhecer pessoas, aprender fora dos livros, é o que vai ajudar-te a chegar onde queres. Vai ajudar-te a descobrir onde realmente queres chegar.
Por agora, há aquela sensação estranha, de quem se sente merecidamente de férias, depois de tanto estudo, misturada com algum desconforto. Pois, se não há perspetivas para o fim das férias, será que estás mesmo de férias? Fica de férias, marca uma data para o seu término e aproveita ao máximo até lá. Chegado o dia marcado, arrisca, faz coisas, não esperes por amanhã, ou vai passar um ano e vais perceber que ficaste no mesmo sítio e que só a data no calendário é que mudou. E lembra-te, o teu curso é só mais uma ferramenta. Quem decide como a usar és tu. Com que outras ferramentas vais começar a preencher o teu currículo?