Alecrim, rosmarino, alecrim-de-jardim, erva da recordação, erva-da-graça, erva-da-alegria, erva-mágica, erva-das-bruxas...são todos nomes populares associados ao Rosmaninus officinalis. A origem do nome em português, diferente da maioria das línguas europeias, é árabe (al-iklil). O nome em árabe significa “coroa das montanhas”, distinguindo-se do nome científico, de onde originaram-se as outras línguas.

A planta é um pequeno arbusto perene da família das Labiadas, podendo atingir 1,5 metro de altura, com diversas folhas estreitas, duras e verdes. Contudo, há inúmeras variedades, desde porte médio até os rasteiros. A coloração das flores perpassa o branco, azul escuro, rosa e azul claro; sendo suas folhas e flores dotadas de um intenso perfume.

O alecrim é proveniente do Mediterrâneo e foi trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses, os quais o utilizavam frequentemente como um medicamento natural. Atualmente, os maiores produtores de alecrim são: Itália, Espanha, França e Tunísia.

Entre os seus princípios ativos, encontram-se: saponinas, flavonoides, nicotinamida, colina, pectina, taninos, rosmaricina, vitamina C e óleos essenciais (pineno, canfeno, cineol, borneol, eucaliptol, acetato de isobornila, valerianato de isobornila, cânfora). O alecrim ainda é fonte de fibras, vitamina B6, ferro, cálcio, magnésio, fósforo e potássio.

História

Embora muito estimado por suas qualidades aromáticas e medicinais, o alecrim é uma planta carregada de misticismo, sendo objeto de lendas desde os tempos mais remotos. Os povos grego e romano a consideravam uma erva sagrada. Os gregos utilizavam os ramos de alecrim para entrançar suas coroas, as quais vestiam em ocasiões festivas, sendo chamada de “flor por excelência”. Nos santuários a erva era queimada durante os rituais e nas escolas gregas as crianças usavam auréolas de alecrim nas cabeças para melhorar o desempenho durante os exames. Hipócrates, considerado o pai da medicina, recomendava o seu uso para os enfermos. Na Itália, o alecrim era usado como proteção contra bruxas. Os romanos o associavam simbolicamente com o amor, porém quando estava aliado ao cipreste era representação da morte.

Nos hospitais franceses, o alecrim era queimado durante as epidemias por suas propriedades anti-sépticas. No Norte da França é costume colocar um ramo de alecrim nas mãos dos defuntos e plantá-lo sobre os túmulos. Os Mouros, por sua vez, achavam que a planta espantava as pragas, assim, plantavam vários arbustos em seus pomares.

Até a Igreja Católica introduziu o alecrim em seus rituais, queimando-o em incensários desde a Antiguidade. Na Igreja Ortodoxa, ele é usado até hoje como óleo para unção. Durante a Idade Média, o fumo da planta era usado para desinfetar e afastar maus espíritos, sendo também plantada nas soleiras das portas pelo mesmo motivo. Em dormitórios com pessoas enfermas a erva era utilizada em defumadores para desinfetar o local. Já em casamentos, era carregada como um amuleto contra mau-olhado e inveja, assim como, para atrair bons fluidos.

O alcoolato de alecrim tornou-se particularmente famoso com o nome de “Água da Rainha da Hungria”, em referência à rainha Isabel da Hungria (1305-1380) que o usava para tratar o seu reumatismo.

Há indícios de que os egípcios usavam a planta em seus rituais, pois a encontraram em seus túmulos. O intenso verde de suas hastes de folhas abundantes era considerado um símbolo de imortalidade.

Uso caseiro

O sabor das folhas e flores do alecrim é profundamente aromático, canforáceo e um pouco picante. Como recheio é muito usado em carnes, sopas, ovos e molhos básicos. O alecrim fresco ou seco é comumente utilizado em grelhados e assados, saladas, pudins, pães e biscoitos. Também pode ser encontrado como condimento de queijos, aromatizante de vinagres e azeites, ou decoração de pratos. O mel produzido a partir de suas flores é reconhecido como sendo de alta qualidade alimentar e medicinal.

É utilizado como repelente natural de pragas (pulgas; carrapatos) caseiras e moscas; coloca-se nos armários com o fim de espantar as traças; na perfumaria e cosmética é usado na produção de sabonetes, desodorantes e tônicos capilares; suas sementes contêm um óleo essencial usado na fabricação de cosméticos, como a “água de colônia”; a planta desidratada e pulverizada pode ser usada como incenso.

Para fazer o chá: Ferva um litro de água. Ao levantar fervura desligue o fogo e jogue sobre a água fervente duas colheres de sopa de alecrim. Espere amornar, coe e tome uma xícara três vezes ao dia.

Usos Medicinais do Alecrim

  • Propriedades Anti-inflamatórias e Antioxidantes

Ele é rico em antioxidantes como ácido rosmarínico, ácido cafeico, ácido carnósico, ácido betulic e carnosol. Essas substâncias ajudam a neutralizar radicais livres, diminuem danos celulares e retardam o envelhecimento. As propriedades anti-inflamatórias atuam nos músculos, vasos sanguíneos e juntas.

  • Desintoxicante

Por ser um diurético natural ajuda a eliminar patógenos, sais, toxinas e excesso de gordura do organismo.

  • Memória e Concentração

Alguns estudos revelam que o alecrim estimula as funções cognitivas melhorando a memória, concentração e o raciocínio lógico. De fato, a erva já é usada com essa finalidade há milhares de anos.

  • Sistema Neurológico

Algumas pesquisas já indicaram que o alecrim favorece o sistema neurológico integralmente, retardando o envelhecimento cerebral. A substância responsável por isso seria o ácido carnósico, que não apenas evita, como reverte os danos cerebrais.

  • Sistema Digestivo

O alecrim tem ação benéfica sobre o sistema gastrointestinal, melhorando o sistema digestivo de uma forma geral. Assim, auxilia em casos de azia, indigestão, gases, constipação, diarréia, falta de apetite e distúrbios da vesícula biliar.

  • Combate ao Câncer

Inúmeras pesquisas já indicaram que o alecrim tem a capacidade de proteger contra o desenvolvimento de certos tipos de tumores e câncer, como o de mama e leucemia.

  • Antibacteriano e Antifúngico Natural

Estudos apontam que o alecrim possui propriedades antibacterianas, principalmente contra infecções estomacais. Já a sua ação antifúngica foi constatada em pesquisas, onde a adição do extrato de alecrim foi eficaz na eliminação de esporos da Cândida. Logo, o seu consumo diário possui ação preventiva.

  • Contra Mau Hálito

Sua ação antibacteriana, aliada ao sabor e aroma cítrico e amadeirado, atua de forma eficaz contra o mau hálito; podendo ser utilizado como enxaguante bucal. O gargarejo com água quente e folhas de alecrim ajuda a eliminar as bactérias bucais, diminuindo a halitose.

  • Estimula a Circulação

Estudos indicam que o alecrim age estimulando a produção de células vermelhas e melhorando o fluxo sanguíneo, dessa forma, contribui para a oxigenação de todos os órgãos vitais.

  • Alívio da Dor

Desde a Antiguidade o alecrim é usado como analgésico. De fato, há substâncias analgésicas em sua composição que podem auxiliar nas dores externas (artrite; gota) ou de cabeça.

  • Saúde Capilar

O óleo e o chá de alecrim são bastante usados como estimulantes para o crescimento e para a saúde capilar, prevenindo a caspa e a alopécia.

Precauções

O uso do alecrim como especiaria é considerado seguro, somente em doses bastante altas a sua ingestão pode resultar em vômitos, espasmos, coma e líquido nos pulmões. Durante a gravidez o alecrim deve ser evitado devido à sua ação de estimulação uterina. Além disso, o alecrim pode interagir com alguns medicamentos, como: diuréticos, inibidores da ECA, anticoagulantes e lítio. As preparações que possuem o óleo essencial podem causar eritema, e produtos cosméticos podem causar dermatite em indivíduos sensíveis. Por conter uma substância similar à aspirina, o salicilato, pode causar alergia em pessoas alérgicas à medicação. É sempre aconselhável consultar um médico ou nutricionista antes do consumo de ervas terapêuticas.