Por mais que o tempo passe e o progresso bata na porta de quase todas as cidades chinesas, ainda não há melhor roteiro turístico para a China do que Beijing (ou Pequim para nós).
Por isso resolvi republicar (mas com algumas melhorias) esse post. Afinal de 2010 para cá, muita coisa mudou. Beijing é a capital da China. Entendo que seja a política, porque a econômica, sem dúvida, é Shanghai. Mais ou menos como Brasília e São Paulo. Lá há uma veia turística imensa e é onde estão os principais (mas não todos) ícones da cultura milenar chinesa.
É uma cidade onde o velho e novo interagem de uma maneira surpreendente. As construções da Vila Olímpica, dos estádios monumentais e dos arranha-céus espelhados aconteceram no meio dos templos e monumentos, que estavam sendo restaurados na mesma época. De um lado ficamos maravilhados com os palácios e templos e, ao mesmo tempo, estupefatos com a tecnologia e arquitetura de ponta se erguendo diante de nossos olhos.
Para mim existem alguns lugares que são passagens obrigatórias:
Cidade Proibida – Forbiden City, onde revemos todo o luxo e a hierarquia existentes na época do Império. Fica na Praça da Paz Celestial – Tiananmen Square, que ficou conhecida mundialmente após a manifestação de estudantes pela democracia, em 1989. “Tian’anmen Square” é a maior praça do mundo com 440.000m².
A Cidade Proibida tem esse nome porque somente o Imperador, seus familiares e empregados podiam entrar no complexo. Era uma cidade dentro de outra cidade. Óbvio que é o maior palácio do planeta! Com cerca de 980 prédios diferentes. A hierarquia era clara nas divisões e acesso aos espaços. Existiam várias alas que classificavam os diferentes graus de importância dentro do Império. As mulheres do Imperador tinham um espaço só para elas de onde não podiam sair sem ordens expressas. Existe um pavilhão que era usado uma vez por ano, para a filha predileta do Imperador receber seus presentes de aniversário. Outro onde o Imperador recebia visitas e outro ainda onde ele somente assinava os documentos imperiais.
Muralha da China – Great Wall, a única obra humana que é vista da Lua, algo inexplicável e literalmente monumental. O que mais me deixa intrigada é como homens construíram esse muro. Quilômetros e quilômetros (cerca de oito mil) de pedras colocadas lado a lado, formando uma grande serpente. Foi construída durante vários séculos e dinastias. Não há um número oficial de quantas pessoas pereceram na sua construção. Para se ter uma idéia, essa quilometragem equivale a extensão da Costa Brasileira!
Os degraus foram feitos de uma maneira a “enganar o inimigo” que supostamente invadiria a China durante a noite. Eles são todos irregulares. O primeiro tem 15 centímetros o segundo 10 e depois vem um de quase 30. E assim vai. Ou seja: tropeços e esforço extra são inevitáveis. As rampas inofensivas têm uma inclinação que não é vista a olho nu e quando você começa a andar sente as pernas endurecerem. Um belo exercício, diga-se de passagem.
Na década de 80 o governo elegeu a Grande Muralha como símbolo da China, desencadeando uma grande campanha de restauração e divulgação turística. Como toda a obra que envolve o patrimônio histórico, causou muita polêmica devido aos métodos utilizados. Mas o fato é que ela está aí como o principal ícone da China e impressionando o mundo com sua magnitude.
Palácio de Verão – Summer Palace, que se caracteriza peça arquitetura cheia de detalhes e grandiosidade (se bem que isso é ser redundante, pois tudo aqui esbarra na grandiosidade, mas vamos lá...) Esse monstruoso complexo, com cerca de 300 mil hectares, fica situado numa ilha e só há acesso de barco. Isso já torna o passeio diferente e podemos apreciar ao longe toda a magnitude desse Palácio. Faz parte dos chamados Jardins Imperiais.
Além dos inúmeros salões e monumentos por entre os jardins, o que me chamou à atenção foi um grande corredor coberto de quase 1 quilometro (claro que está no Guinne’s Book como o maior do mundo), que circunda o parte da ilha. De acordo com nossa guia, ele foi construído para que o Imperador e sua corte pudessem passear com mais conforto durante os dias quentes de verão. O diferencial dessa cobertura são as pinturas ininterruptas por toda sua extensão retratando lendas tradicionais chinesas. Algo que as fotos dessa amadora que vos escreve não conseguiram registrar a altura.
Templo do Céu – Temple of Heaven, um dos mais visitados, talvez pela sua localização, além de ter um grande parque que o circunda com muitas coisas interessantes para ver. O Templo do Céu tem peculiaridades que estão fora dos padrões ou das regras básicas da arquitetura chinesa. Como ele é um culto ao céu, possui a cor azul predominante, apesar de ter muito amarelo nos detalhes. Também é dedicado às orações para a boa colheita, com um pavilhão redondo e sem vigas de apoio para esse fim.
Outro ponto do templo é o Altar do Terraço que foi concebido para as orações dos imperadores. Como as cerimônias se dedicavam às orações ao Céu, ele é aberto. O ponto central do terraço é um disco com 1 metro de diâmetro, o "coração do Céu" e onde o Imperador se colocava para as orações. Seria o local de maior contato com o céu ou paraíso. Sua acústica é perfeita: qualquer murmúrio se transforma num grande eco. O número 9 é simbolicamente usado por ser o maior número ímpar, o pavimento do Altar do Terraço é feito com pedras dispostas em círculos. O primeiro círculo possui nove pedras, o segundo, 18. E assim vai até o nono círculo, com 81 pedras. Suas escadas também possuem 9 graus, respectivamente.
Compras e curiosidades
Aqui também é o paraíso das compras de pérolas e produtos chineses. Não que Shanghai e outras cidades turísticas não tenham um bom centro de compras, mas em Beijing é diferente.
Outro lugar que não se pode deixar de visitar é a rua Wangfujing Street (há outras 'pedestrian Streets' em Beijing) e poder comer um dos espetinhos famosos no mundo por ser sinônimo de comida chinesa. Só que digo à vocês: não é... isso virou uma peculiaridade da China e atrai muito turista... os chineses não comem mais isso (podem até comer outras coisas estarnhas...rs, mas escorpião e barata está mais difícil de encontrar em qualquer esquina...). Sem dúvida essa cidade ainda é a principal porta de entrada para a China principalmente pela história e tradição. Diferente de Shanghai, Beijing se abriu para o ocidente sem perder a identidade das cidades chinesas. Talvez por ser a sede do Governo e não ter sofrido tanta influência ocidental no passado.
É possível se arriscar e desbravar sozinho, mas o conforto de ter algumas dicas e um suporte de viagem para quem vem para China para se divertir, por poucos dias, vai poupar seu passeio de muito estresse.
Aproveitem... Zái Jiàn!