“Paz, Amor, Empatia”. ‒ Kurt Cobain
Foi a partir de 1979 que o cenário musical de Seattle começou a mudar. A chegada de Bruce Pavitt e Jonathan Poneman trouxe para a cidade o pequeno selo chamado Sub Pop que em pouco tempo se tornou um grande descobridor de talentos. Várias bandas passaram por lá, mas foi em 11 de junho de 1986 que uma banda chamada Nirvana, formada por Kurt Cobain, Krist Novoselic e Chad Channing, gravou seu primeiro single, Love Buzz. Logo em seguida apareceram outras bandas, como Pearl Jam, Soundgarden, Tad, Mudhoney, mas Seattle, com o sucesso do Nirvana, conseguiu um destaque que não tinha no mundo do rock desde a sua última figura icônica, chamada Jimi Hendrix.
Por volta dos anos 80, recém-graduado na Universidade de Washington, Charles Peterson foi passar um tempo em Seattle e acabou documentando cenas do cotidiano da cidade e de um de seus habitantes mais ilustres: Kurt Cobain. Com sua câmera, passava horas em clubes onde a banda se apresentava, fotografando seus integrantes e suas performances. Até então, ele não tinha a noção exata do quanto seus registros seriam importantes e de certo modo únicos.
Charles é um fotógrafo americano conhecido por retratar a ascensão da cena musical no final dos anos 80 e início dos anos 90 e por nos dar a oportunidade de ver Kurt Cobain e o Nirvana de uma forma diferente de todas as que estamos acostumados. Um sentimento nostálgico sobre um movimento muito importante, que foi o grunge, e sobre um artista que influenciou o mercado fonográfico e definiu uma geração inteira. Suas fotografias marcaram centenas de capas de discos e até hoje aparecem em publicações em todo o mundo.
Já passaram por suas lentes personalidades como Eddie Vedder, Duff, Fugazi, Soundgarden, Mark Lanegan, Dinossaur Jr., entre outros. Charles chegou a ser rotulado como fotógrafo do rock, mas nunca aceitou de verdade este título, até mesmo porque suas fotografias não se limitam apenas ao mundo da música. Charles se acha um “fotógrafo do momento”. Gosta de fotografar de forma natural e espontânea e, sem dúvida, as fotos tiradas em momentos-off são as que mais fazem sucesso por sua naturalidade, espontaneidade e por registrarem, algumas delas, momentos íntimos e/ou inusitados que poderiam até passar despercebidos. Profissionalmente, se descreve como fotógrafo documentarista. Em 2005 teve sua primeira grande exposição no Museu de Arte da Chrysler, em Norfolk, Virgínia, e suas fotografias são destaques de uma coleção permanente de música em Seattle.
Suas fotos também são apresentadas no filme Kurt Cobain: About a Son, um documentário sobre Kurt Cobain que estreou em 2006 no Toronto International Film Festival. Inclui áudio de entrevistas de Kurt Cobain e foi filmado em lugares que o cantor costumava chamar de “casa”, como Aberdeen, Olympia e Seattle. Charles diz que, além de fotografá-lo, as conversas que teve com Kurt lhes proporcionaram uma experiência muito divertida e inesquecível: “Eu nunca vi e nunca tirei uma foto ruim do Kurt. Ele gostava de fotógrafos e de fotografia. Ele lhe daria o tempo que você quisesse para fotografá-lo. Ele tinha um rosto de uma estrela de cinema ou algo assim. Às vezes se parecia com um sem-teto, mas quando você tirava uma foto dele, ele simplesmente se transformava em uma pessoa linda”, diz Charles Peterson.
Kurt Cobain nos deixou em abril de 1994. Em sua carta de despedida escreveu: “… é melhor queimar do que se apagar aos poucos”. Como fan do Kurt, eu não poderia ser imparcial, principalmente porque pude aproveitar uma parte desta grande fase do Nirvana e me entristecer muito com sua morte prematura. Ele nos deixou fisicamente mas estará sempre vivo no meu coração e no coração de quem, tendo vivido ou não essa fase, ainda admira seu talento.