Paulistana, pedagoga e professora - sou apaixonada por línguas, pelo cinema e por ouvir histórias.
Desde que me lembro, esses elementos sempre estiveram presentes na minha vida, influenciando meu caminho e minhas escolhas. Meus pais sempre incentivaram a leitura como uma parte essencial do cotidiano, e isso teve um papel crucial no desenvolvimento da minha relação com a literatura e as artes desde a infância. A casa onde cresci era repleta de livros, e o acesso a histórias variadas me alimentava curiosidade e imaginação. Na infância, eu costumava pegar um livro, me enfiar na poltrona do escritório do meu pai e mergulhar em alguma aventura diferente. Esses momentos de leitura eram meu refúgio, onde eu entendi que com os livros, poderia viver diversas vidas e conhecer centenas de pessoas diferentes, em uma só poltrona.
Como a mais nova da família, tinha um desejo constante de pertencer ao mundo dos adultos, e entender as referências dos meus irmãos mais velhos e seu aparentemente vasto conhecimento sobre cinema. Conversas sobre filmes que eu ainda não havia assistido despertavam em mim um intenso interesse. Seus relatos sobre "O Senhor dos Anéis" e as discussões sobre o pôster icônico da Audrey Hepburn no quarto da minha irmã pareciam me convidar a adentrar um universo fascinante, e eu queria fazer parte dele. É impressionante como o cinema e a literatura podem unir as pessoas através de experiências compartilhadas e diálogos que transcendem gerações.
Assim começou minha jornada por um mundo paralelo: o universo das telas, das letras e da imaginação. Não há sensação mais mágica do que perder-se em alguma realidade alternativa por algumas horas, como se estivéssemos vivendo dentro daquela história, virando heróis, vilões, ou seres fictícios. Conhecer personagens variados, aprender com eles, sofrer por eles e, muitas vezes, se apaixonar várias vezes em um só dia foram experiências que definiram minha infância e adolescência, e que seguem me moldando. Viraram de fato um ritual, uma parte essencial de quem eu sou e como vejo o mundo; me sinto mais à vontade em algum lugar entre a ficção e a realidade.
Em busca de entender melhor de onde venho e quais são as influências que moldam minha identidade, meu interesse pela herança cultural me levou a estudar Literatura Russa e História na Brandeis University, em Boston. Essa escolha não foi aleatória. A Literatura Russa me fascina pela profundidade emocional e pelas questões filosóficas que provocam reflexões profundas sobre a condição humana. Sigo buscando desvendar as nuances de Chekhov, sua "Gaivota", e, especialmente, as "Noites Brancas" de Dostoiévski. Este último, meu autor favorito, se tornou um tópico central dos meus estudos durante todo o período universitário. A forma como Dostoiévski explora a psique humana e as complexidades das relações interpessoais influenciou não apenas minha compreensão da literatura, mas também a maneira como vejo a vida.
Depois disso, me formei em Pedagogia pela Universidade Anhembi Morumbi em São Paulo, onde pude unir meu amor pelas letras e pela educação. Nesse processo, descobri minha inclinação para trabalhar com crianças. A educação infantil traz um encanto especial, e talvez tenha me identificado com suas imaginações vívidas e sua constante indignação diante das regras do mundo. Crianças têm um olhar fresco e honesto que muitas vezes nos faz refletir sobre nossa própria infância e sobre como fomos moldados pelas experiências ao longo do tempo. O trabalho com elas me ajudou a amadurecer e a entender a importância de cultivar a criatividade e a curiosidade.
Dedico minha carreira ao ensino de línguas, com ênfase na educação infantil bilíngue, que é o tema do meu mestrado. Acredito que aprender novas línguas é abrir portas para novas culturas e formas de pensar. Minha primeira experiência prática foi em Boston, onde fiz trabalho voluntário em uma escola local, ajudando crianças imigrantes que estavam aprendendo Inglês a partir do zero. Essas vivências não apenas fortaleceram minha paixão pela educação, mas também ampliaram meu entendimento sobre diversidade cultural e as dificuldades enfrentadas por quem busca se integrar em um novo ambiente. De volta a São Paulo, trabalhei em escolas bilíngues e como professora de Língua Inglesa em instituições tradicionais, como o Stance Dual e a Escola da Vila. Essas experiências admiro muito, pois cada uma delas trouxe novos desafios e aprendizados.
Atualmente, trabalho no Colégio Lumiar, localizado no bairro de Pinheiros, e também como editora educacional na Twinkl, onde crio e edito material bilíngue para o ensino fundamental. Essa combinação de funções me permite contribuir com a formação de jovens estudantes, ao mesmo tempo que exploro minha criatividade através da elaboração de conteúdos educativos. Quando não estou em sala de aula, sigo lendo, escrevendo, assistindo e reassistindo filmes, e pensando sobre o mundo das artes - paralelo ao nosso, e no qual caminho sempre com um pé para dentro.