Tenho uma relação muito amorosa com fotografias e sempre que tenho a oportunidade de rever as minhas fotos antigas, faço uma conexão com meu passado e consigo entender como evolui ao longo do tempo. É incrível como as imagens nos ajudam a construir nossa identidade e a apreciar a jornada da vida e arrisco dizer que se não existisse a fotografia, a única maneira de guardar um momento vivido seria através das lembranças. Só que as lembranças se perdem, e esses registros capturam momentos, emoções intensas e pessoas queridas de uma forma tangível. Elas se tornam cápsulas do tempo, permitindo reviver experiências passadas e compartilhar nossas histórias com as gerações que chegam depois de nós.
A fotografia é uma forma de arte que permite aos fotógrafos expressar sua visão de mundo e suas emoções de maneira única. Cada imagem é uma obra de arte que pode evocar diferentes sentimentos e interpretações. E uma captura de imagem é a forma mais incrível de capturar momentos que não voltam mais. Além disso, elas nos permite explorar diferentes culturas, paisagens e perspectivas. Podem nos conectar com pessoas ao redor do mundo e criar um senso de comunidade. Acredito que todo esse contexto tem tudo a ver com o trabalho realizado pelo fotógrafo britânico Tom Robinson, que saiu pelo mundo registrando todos os seus momentos, experiências, ações e reações das pessoas com quem cruzava criando para si um lindo portfólio de emoções capturadas. Fico apenas imaginando que jornada maravilhosa ele conseguiu vivenciar através de suas lentes e quantas experiências estão marcadas para sempre através de seus cliques.
Dentro de todo esse contexto de ser uma pessoa apaixonada por registrar memórias para a vida, encontrei o trabalho de Tom Robinson. Ele é um fotógrafo que, assim como eu, ama captar suas viagens pelo mundo e começou uma série de curiosas fotografias ao lado de sua parceira intituladas Feet First, no qual os registros consistem nos pés do casal em diferentes cenários mundo afora. A série começou em 2005, ao viajar com a esposa –, quando ainda eram apenas namorados , Tom decidiu que seus pés e os dela – sim, pés –, dariam uma composição legal para uma foto. Ele gostou tanto do resultado que a partir desse dia passou a documentar os pares de pés por todos os lugares pelos quais passaram. A coleção de fotos deu origem à galeria Feet First, com mais de 90 imagens, e é muito interessante notar toda a passagem do tempo, das temperaturas, das paisagens e até como eles estavam se sentindo, apenas pela posição dos pés e pelo que estavam calçando.
Foi a partir da notícia que seria pai que Tom surgiu com a ideia de mais uma série que achei extremamente mágica. Imagina sair por aí, com uma câmera na mão, clicando as diversas reações das pessoas ao contar algo para elas. Parece uma experiência interessante, não? Pois foi exatamente isso que Tom resolveu fazer quando foi contar aos parentes e amigos próximos que seria pai. As expressões registradas estão na galeria I’m going to be a dad e são as mais variadas possíveis. Vão do susto às gargalhadas histéricas, do espanto à emoção e ao que podemos chamar daquela cara tipo speechless... Uma forma sensacional de guardar um momento especial, no caso de Tom, a chegada da primeira filha. E em 2011, com a chegada de Matilda, adicionaram mais um parzinho de pés às composições fotográficas de First Feet. Muito fofo, não é?
O trabalho singular do fotógrafo, que inspirado pelo sentimento de guardar para si seus melhores momentos, nos apresenta retratos sensíveis e, por que não dizer, únicos. Além dos experimentos pessoais, Tom Robinson viajou por diversos lugares, o que o ajudou a solidificar ainda mais seu amor pela fotografia. Inspirado por pessoas, paisagens, cores e gestos, registrou muito além de pés, ações e reações. Ele fez com que suas experiências pessoais se tornassem um legado que pode ser compartilhado com milhares de pessoas em todo o mundo.
Robinson já passou pelo Chile, Argentina, Bolívia, Peru, Panamá, Guatemala, México, Marrakech e muitos outros lugares incríveis. E o que ele diz é “O que vivi e experimentei ao longo do caminho vai viver comigo para sempre”. Com as belas imagens que registrou ao longo de sua jornada por todos esses lugares, tenho certeza de que suas experiências jamais serão esquecidas. E melhor, podem ser conferidas por qualquer pessoa que se interesse por fotos e tenha um pouco de curiosidade em conhecer alguns pedacinhos do mundo, nem que seja por uma imagem.
Tom nasceu em uma cidadezinha a pouco mais de 30 km de Londres e é formado em Design Gráfico, apesar de nunca ter se dedicado a outra coisa além de fotografar. Em suas viagens, Robinson diz capturar apenas o que vê e que adora visitar países com culturas muito diferentes da do seu país pois são muito inspiradores. Ele destaca Bolívia, México e Guatemala como países mais significativos dentre as viagens que já fotografou. A obra de Tom Robinson é um convite para que todos nós valorizemos a fotografia como uma forma de expressão e de conexão com o mundo. Seja através de um celular ou de uma câmera profissional, podemos registrar nossos próprios momentos e criar nossas próprias histórias. Que seu trabalho nos inspire a explorar o mundo com olhos atentos e a capturar a beleza que nos cerca.
Por fim, fica aqui o meu convite para que você possa refletir: qual sua relação com o contexto da fotografia na preservação das memórias?