Eu já andei por muitos lugares diferente nessa vida, mas não tinha expectativa alguma de visitar um vulcão um dia. Mas a vida tem lá suas surpresas e experiências. Morando muito perto de um, não desperdicei a oportunidade de conhecer o Mont Etna. Localizado na cidade de Catânia, região da Sicília, na Itália, é um dos maiores vulcões ativos da Europa.
Um dia de bate-volta, saindo de Malta, fui parar na bota da Itália. Um lugar que muito ouvi falar nas minhas aulas de história. Conheci a cidade de Catânia, numa manhã nublada de abril. A arquitetura e suas ruas, com a predominância do cinza, não foram muito atrativas a primeiro momento, mas com uma passeada pelo centro fui me afeiçoando mais e aproveitando o dia.
Hora de partir para o passeio. Entrei uma van com umas 10 pessoas. Todas as curiosas para ver o famoso vulcão, que já chamava atenção na saída da cidade. Em Catânia, de vários pontos, é possível ver o Etna. Uma das visões mais espetaculares é da janela do avião.
Na subida ao vulcão, acompanho a vegetação pela janela da van. O que surpreende no solo vulcânico é que extremamente fértil. Na região de Catânia eles cultivam uvas e produzem uns dos vinhos mais fortes de que já provei. É uma parada obrigatória, depois do passeio, conhecer os produtos locais.
A visita durou quatro horas, entre subidas nas montanhas de lava e entradas em crateras, pude perceber muitas diferenças na cor do solo, entre tonalidades vermelhas, amareladas e cinzas e preta. O peso das pedrinhas de lavas vulcânicas, são mais leves que uma pedra comum. Uma das melhores experiências foi entrar na cratera do vulcão. Tem ponto bastantes profundos que só é possível avistar um preto no horizonte do buraco. O guia explicou que embora um vulcão tenha as temperaturas muito elevadas, dentro de suas cavernas costuma ser frio.
O Mont Etna
A palavra Etna vem do grego “Eu queimo”. Com uma área de extensão de mais de 1100 km e 3223 de altura aproximadamente, o vulcão está em constante atividade vulcânica. A última notícia que encontrei no Google é de agosto de 2024. O portal britânico The Independent relata que voos precisaram ser cancelados por conta de uma forte erupção.
O complexo de vulcões possui dois tipos de erupções: as explosivas da cratera de cume e as de ventilação de flancos. O Etna é um dos lugares mais inusitados de se conhecer pela grandeza e suas variações de crateras ao longo do horizonte, com cinco com maiores dimensões.
Há relatos que a maior erupção aconteceu em 8 de março de 1669 e matou mais de 20.000 mil pessoas. Atualmente algo raro de acontecer. Embora seja perigoso, os moradores de Catânia e regiões vizinhas se acostumaram com as erupções, fuligens pretas e o cheiro de fumaça pela cidade
O vulcão é monitorado 24 horas pelo Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia. Os moradores são preparados para ocorrências caso necessitem evacuar suas casas. O guia do passeio, mostrou fotos da última erupção, ocorrida 3 meses antes da minha visita. As fortes chamas do vulcão puderam ser vistas de muitos pontos da cidade, como, por exemplo, da janela da casa do guia, de onde a foto foi tirada.
Até 2001, as atividades vulcânicas eram vistas a cada 2 anos, agora há uma constância nas erupções. O vulcão é considerado jovem. A formação do complexo de vulcões é datada de 500 mil anos atrás. Um lugar que antes era mar, um Golfo formado na região da Sicília. Com o passar do tempo, as lavas foram sobrepondo umas as outras e compondo a formação das montanhas vulcânicas.
Passeios para o Etna
As visitas no Mont Etna chegam aos 1 milhão e meio de pessoas por ano. Dados do site Sicily tickets indicam as melhores épocas para conhecer o vulcão, que são de abril a junho ou setembro a novembro, o período com maior fluxo de turistas é entre julho e agosto. No final do ano, O Etna é coberto pela neve, sendo abertas pistas de esqui para os aventureiros. Um plano eu relatar para vocês no futuro.
Para chegar no Etna é recomendado que se contrate guias locais e faça passeios com empresas credenciadas. A visita guiada ajuda você a entender sobre a formação do complexo de vulcões e como é a vida de quem mora na encosta. Além disso, você faz um passeio conforme as regras de visitação de turismo, auxiliando a região a explorar mais a atividade e se desenvolver economicamente.
A maioria dos transportes utilizados são vans e carros 4x4, mas carros de qualquer modelo acessam as áreas principais do Etna. Muitos ciclistas gostam de se aventurar pelas ladeiras do vulcão e a região é muito propícia para os apaixonados por trilhas, seja a pé ou de quadriciclo. Também sai ônibus de Catânia com destino ao Etna, mas não é recomendado, pois há apenas um horário de partida para ir e voltar.
Nas regiões próximas ao vulcão, é possível fazer passeios de diferentes formas e valores. Algumas acrescentam visita as vinícolas e as áreas de produção rural, o que acho que vale super a pena. A experiência de quem já tocou em um solo vulcânico foi única. Um dia memorável que finalizou provando geleias, doces, azeitonas e alhos temperados na feira de produtos locais. Depois do Etna, encerrei meu bate-volta com uma boa pasta italiana pelo centro da cidade, e me deliciei com as sobremesas sicilianas.