Bem assídua no ritual de ano novo, escrevi no final do ano passado 5 a 7 metas para 2024. Eu passei por um momento bem turbulento no final do ano e escrever as metas me acendeu uma nova esperança sobre meu futuro, ainda que a dor presente me cegasse um pouco.
Dentre as metas, estava conhecer o nordeste. Meu avô paterno é de Salvador (BA), como não cheguei a conhecê-lo, alimento certa curiosidade a respeito. Contudo, o destino me apresentou algo diferente: meus sogros têm parentes em João Pessoa (PB), e uma coisa levou a outra, compramos passagens para lá.
Por medo do desconhecido, eu temia a minha reação dentro do avião. Afinal, qual seria a sensação? Eu teria que tomar dramin? Recorrer ao álcool para facilitar na hora da decolagem? Muitos pensamentos passaram na minha mente. Parte desse medo foi desmistificado com conversas com pessoas que já viveram isso, o que deixou a coisa mais leve.
Chegou o dia 28, o dia do embarque. Dia 28/01 fez um ano que minha avó faleceu — o que de certa forma me trouxe espanto, pois geralmente sou boa com datas, e não gravei esta. Vi posts que me lembraram, mas antes de saber eu pedi para ela estar comigo neste momento tão importante. Aposto que ela iria curtir eu ir, e isso eu repetia para mim mesma.
Nosso voo era de madrugada. Levamos para o aeroporto muita mala e ansiedade. Procuramos nosso portão e aguardamos o ônibus nos levar ao avião. Assim que sentei, lembrei minha namorada da promessa: independente do assunto, precisávamos conversar naquele momento. Seja sobre as estrelas, os livros que estávamos lendo, jogar os jogos de baralho que estava na mochila de mão, qualquer coisa. Era para desviar o foco daquela subidinha da decolagem.
Assim que o avião decolou e todas as sensações vieram, eu percebi que era bem mais tranquilo. Confesso que depois dei até uma cochiladinha. Em 3 horas já desembarcamos em território paraibano. Chegamos no apartamento, e já dava para ver uma das paisagens mais bonitas que vi até hoje: aquele mar todo azul que refletia o céu com suas nuvens cheias — choveu um pouquinho — aquela brisa que eu tanto esperava.
Foi nesta viagem que eu aprendi que alguns medos precisam ser enfrentados para vivermos experiências tão incríveis. A única certeza que tive é que eu precisava voltar ali. O mais engraçado é que na adolescência eu sonhava que minha primeira viagem de avião seria para a Irlanda. Tem tanta coisa linda aqui no Brasil e na América Latina, que percebo o horizonte dar um boom para as possibilidades de conhecimento.
Comi comidas típicas — o coentro é muito bom e está em tudo — e tive ainda a oportunidade de pegar o primeiro dia de folia: assistimos ao show do Alceu Valença, que entrega tudo e muito mais.
Também vimos o pôr do Sol do Jacaré, que sem brincadeira é uma das experiências mais solenes que vivenciei. O saxofonista há quase 30 anos, todos os dias, faz uma apresentação no meio do mar, em um barquinho que cabe ele e mais outra pessoa, ali pelas 17h, e circula por todo o perímetro até o sol se pôr de vez.
Além das lembrancinhas e tudo mais que levei para casa, eu percebi que quero mais experiências como essas, e para isso, preciso planejar mais, tanto para pagar um valor mais em conta, quanto para me preparar para momentos que realmente me lembrem o quanto a vida é bela.
Outra coisa que levo: viagens, até mesmo em grupo, provocam muitas reflexões em nós mesmos, pois nos obriga a nos virar. Nunca voltamos as mesmas pessoas que éramos ali no começo. Espero que isso te motive, caro leitor, a fazer aquela viagem que está planejando há tempos. Não vai se arrepender.