A dificuldade da mensagem ser passada na arte é enorme. Por vezes, queremos apreciar apenas a técnica, a cor, o molde, o formato, a tela, a pincelada, o cheiro e densidade.

A mensagem passa rápido quando é usada pelos 5 sentidos que geralmente possuímos, mas quando a obra se desenvolve através de outras coisas como interpretações, torna-se extremamente difícil captar o mesmo sentimento quando se está perante a peça.

Assim que se fala de arte contemporânea, surge toda uma nova dificuldade em captar o que o artista nos quer transmitir, mais uma vez, depende de cada sujeito. Surgem cada vez mais dúvidas sobre os apreciadores, sobre o que deve e não, ser considerado arte. Afinal não há ainda um conceito chave para definir o que é arte e o que são clássicos.

Estando perante certas peças, apenas os verdadeiros entendedores do assunto conseguem entender; mas a arte não deveria ser de todos?

Não deixa de ser. Mas a mensagem é complexa.

A arte contemporânea foca-se na bengala dos mediadores, sem eles era impossível captar certas ideias de artistas e certas mensagens ocultas. Quase que temos de ler toda a obra de Dan Brown para termos curiosidade por símbolos e daí entendermos que a arte presenteia se disso.

Neste debate, os signos e significados desempenham um papel crucial, já que muitas obras vão além da estética e da técnica, tentando ao máximo provocar, questionar ou transmitir ideias complexas. Diferente de movimentos artísticos tradicionais que podem ter códigos mais fixos, a arte contemporânea define-se pela pluralidade de signos e pela abertura a múltiplas interpretações.

Não obstante, não deixa de ser por isso, que a arte não é para todos, defendo então, que a mesma deve ser do entendimento geral, mas personalizável a cada um, a cada personalidade e a cada forma de ver a vida.

A arte contemporânea é, portanto, ambígua!

Sendo que tal, é uma característica central nesta geração de arte. Além dos múltiplos significados, estes podem até ser contraditórios!

Essa ambiguidade desafia a ideia de interpretação única, celebrando a complexidade e a riqueza de sentidos possíveis.

Desta forma, a arte contemporânea convida à reflexão, ao questionamento e à incerteza, utilizando signos que não pretendem ser óbvios ou fáceis de decifrar.

O que eu entendo com certa obra não quer dizer que seja igual para os demais, o bom, é a possibilidade de cada qual entender um significado que faça lhe faça mais sentido.

Os signos perfazem a vida e a vida completa-se com arte, o apreciador é muitas vezes desafiado a interpretar esses signos, trazendo a própria experiência e bagagem cultural para a leitura da obra. A verdade é que o signo não é apenas visual.

A arte contemporânea, é a descontração da própria arte, uma construção a ser desconstruída, pelo menos da arte como conhecemos, e por isso mesmo, os artistas desta época são extremamente conhecidos pela desconstrução de signos.

Um signo que, num contexto tradicional, representaria algo específico, pode ser desconstruído e resignificado na arte contemporânea, ganhando novos sentidos. Por exemplo, o uso de ready-mades, como objetos do quotidiano transformados em arte por artistas como Marcel Duchamp, desafia a perceção tradicional do que é ou não arte, ampliando o campo semântico dos signos.

Desta forma, podemos concordar que a contemporaneidade desafia sentidos, formas e tradições, altera ritmos e desafia o conhecido.

Frequentemente ocorre o engajamento com questões sociais, políticas e culturais, tornando os signos carregados cada vez mais de significados contextuais.

Uma instalação pode parecer abstrata, mas ao ser situada num contexto específico, ganha camadas de sentido que dialogam com o espaço e o tempo. O significado de um signo, portanto, não é estático, mas fluido, sendo constantemente moldado pelo contexto em que é apresentado. E isso é a beleza da contemporaneidade.

Por tanto, é essencial o requisito de mediadores, o engajamento do público, a união faz a força e o público torna-se a peça final da obra de arte perfeita.

A obra pode ser vista como um signo aberto, um “texto” incompleto que precisa da interação e da subjetividade do espectador para finalmente ficar completa. Essa abordagem interativa reforça a ideia de que o signo na arte contemporânea é dinâmico, dependendo do olhar de quem o interpreta.

Contudo, nada se perde e tudo se transforma, já diria Lavoisier, tudo o que aprendemos e tudo o que vivenciamos tornam se peças chave para a conquista de um futuro e da permanência da nossa obra, a nossa experiência jamais deve ser ignorada em prol da aquisição de algo totalmente inusitado. Mas lá por isso, não devemos repetir, devemos inovar, não devemos adaptar, devemos criar. Com base sempre, naquilo que somos.

Como tal, vários artistas contemporâneos utilizam signos que remetem a outras obras, movimentos ou momentos históricos, criando uma rede de referências culturais e intertextualidade. Esse jogo de significados, muitas vezes complexo, exige do público um conhecimento prévio ou uma disposição para explorar as múltiplas camadas de sentidos presentes na obra. Há uma requisição necessária, e isso nem sempre significa algo de bom.