A Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, se configura como um problema de saúde pública de extrema gravidade, afetando milhões de pessoas em todo o mundo e representando um desafio urgente nos sistemas de saúde, especialmente entre os profissionais que atuam na linha de frente, como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros.

Histórico

A Síndrome de Burnout foi descrita pela primeira vez pelo psicólogo Herbert Freudenberger em 1974. É caracterizada por três dimensões principais: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. A exaustão emocional refere-se à sensação de esgotamento e falta de energia. A despersonalização envolve uma atitude cínica e distanciada em relação ao trabalho e aos pacientes, enquanto a redução da realização pessoal se traduz em sentimentos de ineficácia e baixa autoestima profissional.

O diagnóstico de Burnout pode ser complexo, pois seus sintomas muitas vezes se sobrepõem ou desencadeiam outras condições, como depressão, ansiedade e estresse pós-traumático. Ferramentas como o Maslach Burnout Inventory (MBI) e o Copenhagen Burnout Inventory (CBI) são amplamente utilizadas para avaliar a presença e a severidade do Burnout.

Contexto da sociedade atual

Vivemos em uma sociedade caracterizada por rápidas mudanças tecnológicas, alta competitividade e demandas crescentes por produtividade. O trabalho se tornou central na identidade e no valor pessoal de muitos indivíduos, resultando em uma pressão constante para desempenho e sucesso. Esse cenário é agravado pela cultura do imediatismo, onde a gratificação instantânea e a falta de tempo para o descanso e reflexão se tornaram a norma.

Ao refletir sobre isso, percebe-se uma tendência individualista, e até egoísta, de pensar que temos apenas direitos e não deveres em nossas relações interpessoais, levando-nos a desconsiderar as necessidades e os direitos dos outros.

O viés consumista ao qual somos expostos atualmente (onde o "ter' é mais importante que o "ser") leva o ser humano, em sua maioria, a um baixo índice de felicidade, privações (sejam emocionais ou materiais), autoestima e má qualidade de vida, o que o traz sentimentos de frustração e raiva, os quais muitas vezes são direcionados e transferidos para seus semelhantes.

A cultura da violência, infelizmente ainda tolerada mundialmente, também faz com que se ache válido, compreensível e aceitável, deixar de lado o diálogo e usar a agressão verbal ou física como arma para a resolução de impasses ou problemas.

Além disso, a população é levada a valorizar apenas o que é caro e de acesso restrito, desvalorizando, por conseguinte tudo que é “barato ou gratuito”, e onde se enquadram, sob esta ótica, os profissionais que trabalham no setor público.

Os pacientes de hoje têm expectativas altas em relação ao atendimento de saúde. Eles esperam ser tratados com dignidade, empatia e respeito, e demandam um atendimento personalizado, embora muitos não sigam essa premissa em tratar da melhor forma os profissionais da área da saúde e mesmo seus semelhantes.

A sociedade moderna valoriza a eficiência e a alta performance, o que se reflete nas expectativas colocadas sobre os profissionais de saúde. Espera-se que estes indivíduos sejam incansáveis, altruístas e sempre disponíveis, quase super-humanos ou não humanos, o que muitas vezes leva à negligência de suas próprias necessidades. Além disso, a estigmatização de problemas de saúde mental e a percepção de que pedir ajuda é um sinal de fraqueza podem impedir que os profissionais busquem o apoio necessário.

A digitalização e a informatização da medicina, embora tenham trazido muitos benefícios, também contribuíram para o aumento do Burnout. A burocracia associada ao preenchimento de prontuários eletrônico durante a consulta dificultando a relação médico-paciente, solicitações de exames e prescrições digitais em contraponto com o tempo médio ditado pelas organizações para consultas (15 minutos!), agenda lotadas, a necessidade constante de atualização e a pressão por manter-se a par das inovações tecnológicas podem adicionar uma carga adicional de estresse aos profissionais de saúde.

Além disso, com o fácil acesso à informação, muitos pacientes chegam às consultas já informados (ou desinformados) sobre suas condições, o que pode levar a discussões e desafios adicionais para os profissionais de saúde.

Os profissionais de saúde, em particular, são expostos a uma carga de trabalho intensa, longas jornadas, e muitas vezes, enfrentam situações de vida ou morte. A pandemia de COVID-19, por exemplo, exacerbou essas condições, levando muitos profissionais ao limite de sua capacidade física e emocional. A pressão para cuidar dos outros, muitas vezes à custa do próprio bem-estar, cria um terreno fértil para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout.

Compreendendo o burnout: as causas desgastantes nos sistemas de saúde

Diversos fatores contribuem para o alto índice de Burnout entre os profissionais da saúde:

  • Precárias condições de trabalho: falta de recursos básicos, como medicamentos, equipamentos e insumos, dificulta o trabalho dos profissionais e gera frustração e impotência.
  • Excesso de trabalho e longas jornadas: a alta demanda por atendimento, muitas vezes em condições precárias, leva à sobrecarga de trabalho, gerando esgotamento físico e mental. Além disso, a falsa normalização de pouco tempo para atendimento do paciente.
  • Baixa remuneração: a desvalorização profissional e a remuneração inadequada, comparadas ao setor privado, geram frustração e desmotivação entre os profissionais.
  • Violência contra profissionais: a violência física e verbal por parte de pacientes e familiares é frequente no dia a dia dos profissionais da saúde, causando medo, insegurança e sofrimento emocional.
  • Falta de apoio profissional: a carência de suporte psicológico e acompanhamento profissional para lidar com o estresse e as demandas emocionais do trabalho agrava o quadro de Burnout.
  • Falta de reconhecimento e valorização: a invisibilidade e a falta de reconhecimento do trabalho realizado contribuem para a desmotivação e o sentimento de desvalorização profissional.
  • Gestão ineficiente e burocracia excessiva: a má gestão dos serviços públicos, a falta de autonomia profissional e a burocracia excessiva geram frustração e dificultam o bom desempenho do trabalho.
  • Pressão por resultados e metas ambiciosas: a busca por lucratividade e a cobrança por resultados podem gerar estresse excessivo e sentimento de insuficiência nos profissionais.
  • Longas jornadas de trabalho e falta de pausas: a alta competitividade e a necessidade de atender às demandas do sistema podem levar à sobrecarga de trabalho e à falta de tempo para descanso e refeições.
  • Falta de autonomia profissional: a rigidez dos protocolos e a centralização das decisões podem limitar a autonomia dos profissionais e gerar frustração.
  • Relações interpessoais conflituosas: o ambiente de trabalho competitivo e a pressão por resultados podem gerar conflitos entre colegas e superiores, além de toxicidade no ambiente de trabalho.
  • Instabilidade no emprego: o medo de represálias ou demissões e a falta de segurança no trabalho podem contribuir para o estresse e a ansiedade.

As consequências do burnout: um impacto devastador na saúde e no atendimento

As consequências do Burnout são graves e multifacetadas. Para o indivíduo, o Burnout pode levar a problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Problemas físicos, como doenças cardiovasculares, distúrbios do sono e dores crônicas também são comuns. Além disso, o Burnout pode resultar em problemas de relacionamento, aumento do consumo de substâncias e uma diminuição geral na qualidade de vida.

O Burnout também impacta as relações interpessoais dos profissionais de saúde. O esgotamento emocional pode levar a conflitos com colegas, supervisores e pacientes. A despersonalização pode resultar em um atendimento menos empático, o que pode prejudicar a relação terapêutica e a confiança do paciente no profissional de saúde.

O perfeccionismo é uma característica comum entre os profissionais de saúde, que muitas vezes se colocam padrões extremamente altos. Embora essa característica possa levar a um desempenho excelente, ela também pode resultar em frustração e esgotamento quando as expectativas não são atingidas. A autocrítica constante e a sensação de nunca ser "bom o suficiente" são aspectos que contribuem significativamente para o Burnout.

A busca por validação externa é outro fator importante. Profissionais de saúde frequentemente buscam reconhecimento e aprovação de colegas, superiores e pacientes.

Quando esse reconhecimento não é obtido, ou quando a crítica é recebida de forma negativa, pode ocorrer um impacto significativo na autoestima e no bem-estar emocional, aumentando o risco de Burnout.

A habilidade de gerenciar o estresse é crucial para evitar o Burnout. No entanto, muitos profissionais de saúde têm dificuldades em lidar com o estresse devido à carga de trabalho intensa e à natureza emocionalmente desgastante de suas tarefas. A falta de estratégias eficazes como mindfulness, exercícios físicos e hobbies, pode levar ao acúmulo de estresse e, eventualmente, ao esgotamento.

Os efeitos do Burnout se estendem além da esfera individual, impactando diretamente a qualidade do atendimento à população e a saúde do sistema como um todo:

  • Exaustão física e mental: o esgotamento crônico leva à perda de energia, fadiga constante e dificuldade de concentração, afetando a qualidade do trabalho e a segurança dos pacientes.
  • Desmotivação e cinismo: a frustração e a desvalorização profissional podem gerar desmotivação, cinismo e perda de interesse pelo trabalho, comprometendo o cuidado com os pacientes.
  • Aumento de erros médicos: o cansaço mental e a falta de concentração podem aumentar o risco de erros médicos, colocando em risco a segurança dos pacientes.
  • Dificuldades nos relacionamentos interpessoais: a irritabilidade, a falta de empatia e o isolamento social podem prejudicar as relações com colegas, superiores e pacientes.
  • Abuso de substâncias: o uso excessivo de álcool, medicamentos e outras substâncias pode ser uma forma de lidar com o estresse, mas apenas agrava o problema a longo prazo.
  • Abandono da carreira: em casos graves, o Burnout pode levar ao abandono da carreira na saúde, gerando perda de profissionais qualificados para o sistema.

É importante ressaltar que o Burnout não se manifesta apenas por meio de sintomas físicos e emocionais. Ele também pode se apresentar de forma mais sutil, através de:

  • Despersonalização: sentimento de distanciamento emocional do trabalho e dos pacientes, levando à apatia e à indiferença.
  • Redução da sensação de realização: perda da satisfação e do senso de propósito no trabalho, levando à desmotivação e à baixa autoestima.
  • Negação dos problemas: dificuldade em reconhecer os sinais de Burnout e em buscar ajuda, perpetuando o ciclo de sofrimento.
  • Culpa e auto cobrança: sentimentos de culpa por não conseguir atender às demandas de forma perfeita, gerando sofrimento emocional e auto depreciação.

A urgência de ações eficazes

Prevenindo e combatendo o Burnout nos sistemas de saúde Diante da gravidade do problema, medidas urgentes e abrangentes são necessárias para prevenir e combater o Burnout entre os profissionais da saúde em todos os setores:

Melhoria das condições de trabalho

  • Ambiente de Trabalho Saudável e Seguro: promover um ambiente de trabalho que valorize o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, com horários flexíveis e pausas regulares.
  • Suporte Psicológico: disponibilizar serviços de apoio psicológico e programas de bem-estar no local de trabalho.
  • Reconhecimento e Valorização: reconhecer e valorizar o trabalho dos profissionais de saúde pode aumentar a satisfação no trabalho e diminuir o risco de Burnout.
  • Redução da Burocracia: simplificar processos administrativos e reduzir a carga de trabalho burocrática pode aliviar o estresse dos profissionais de saúde.
  • Investimentos em infraestrutura: reformas e modernização das unidades de saúde, aquisição de equipamentos adequados e garantia de insumos básicos para o atendimento à população.
  • Aumento do número de profissionais: contratação de mais médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais para reduzir a sobrecarga de trabalho e garantir um atendimento de qualidade.
  • Melhoria da remuneração e dos planos de carreira: implementação de salários dignos e compatíveis com a responsabilidade do trabalho, além de planos de carreira que valorizem a experiência e a qualificação profissional.
  • Jornada de trabalho justa e digna: estabelecimento de jornadas de trabalho adequadas, com pausas para descanso e refeições, e respeito aos direitos trabalhistas dos profissionais.
  • Segurança no trabalho: implementação de medidas de segurança para proteger os profissionais da violência, como câmeras de segurança, presença de seguranças e protocolos de ação em caso de difamação, calúnias, ameaças ou agressões verbais ou físicas.

A tecnologia pode ser uma aliada na prevenção do Burnout, desde que utilizada de maneira estratégica. Ferramentas de telemedicina, por exemplo, podem reduzir a carga de trabalho presencial e oferecer flexibilidade aos profissionais de saúde. Aplicativos de bem-estar e plataformas de suporte psicológico online podem fornecer recursos acessíveis para a gestão do estresse e a promoção da saúde mental.

No entanto, é crucial que a implementação dessas tecnologias seja acompanhada de treinamento adequado e suporte contínuo para garantir que os profissionais saibam como utilizá-las de forma eficaz e que elas realmente contribuam para a redução do estresse e não adicionem uma nova camada de complexidade ao trabalho diário.

Diversas instituições ao redor do mundo têm implementado programas inovadores para combater o Burnout entre profissionais de saúde. O Programa de Bem-Estar da Clínica Mayo, por exemplo, foca em intervenções baseadas em evidências para promover a saúde mental e física dos funcionários. Outras iniciativas incluem o desenvolvimento de unidades de descompressão nos hospitais, onde os profissionais podem fazer pausas e participar de atividades relaxantes durante seu turno.

Hospitais e clínicas também estão começando a adotar políticas de trabalho mais flexíveis, permitindo que os profissionais ajustem suas horas de trabalho de acordo com suas necessidades pessoais e familiares. Além disso, programas de mentoria e suporte entre pares têm mostrado resultados positivos ao criar uma rede de apoio e camaradagem entre os profissionais de saúde.

Valorização profissional e reconhecimento

  • Implementação de programas de reconhecimento e valorização: criação de prêmios e bônus por desempenho, certificações profissionais e valorização pública do trabalho dos profissionais da saúde.
  • Apoio à formação continuada: incentivo à participação em cursos, congressos e eventos de atualização profissional, promovendo o desenvolvimento contínuo dos profissionais.
  • Autonomia profissional: concessão de maior autonomia aos profissionais na tomada de decisões e na organização do trabalho, promovendo a sua valorização e o seu engajamento.
  • Melhoria da comunicação e do diálogo: estabelecimento de canais de comunicação abertos e transparentes entre os gestores e os profissionais, promovendo o diálogo e a escuta ativa.
  • Humanização do atendimento: valorização da relação médico-paciente e do cuidado integral à saúde, promovendo um ambiente de trabalho mais humanizado e acolhedor, sem tempo determinado para a consulta e nem cobrança no número de pacientes atendidos ou produtividade.

Gestão eficiente e participativa

  • Modernização da gestão: implementação de modelos de gestão modernos e eficientes, com foco na qualidade do atendimento e na valorização dos recursos humanos.
  • Participação dos profissionais nas decisões: promoção da participação dos profissionais na tomada de decisões sobre o planejamento, a organização e o funcionamento dos serviços de saúde.
  • Combate à burocracia: simplificação dos processos administrativos e burocráticos, reduzindo a carga de trabalho dos profissionais e liberando tempo para o cuidado com os pacientes.
  • Investimentos em tecnologia: implementação de sistemas informatizados e ferramentas tecnológicas que facilitem o trabalho dos profissionais e otimizem o tempo de atendimento.
  • Avaliação e monitoramento constante: realização de avaliações periódicas das condições de trabalho e do impacto do Burnout nos profissionais, com base em indicadores de saúde e bem-estar.

Promoção da saúde mental e do bem-estar

  • Implementação de programas de saúde mental: Oferecer programas de acompanhamento psicológico, suporte emocional e técnicas de manejo do estresse para os profissionais da saúde.
  • Criação de grupos de apoio: Promover a criação de grupos de apoio entre os profissionais, para troca de experiências, apoio mútuo e desenvolvimento de estratégias de enfrentamento do Burnout.
  • Sensibilização sobre o Burnout: Realizar campanhas de conscientização sobre o Burnout, seus sinais, sintomas e formas de prevenção, combatendo o estigma e incentivando a busca por ajuda especializada.
  • Treinamento para gestores e líderes: Capacitar gestores e líderes em saúde para identificar sinais de Burnout em seus colaboradores, oferecer apoio adequado e promover um ambiente de trabalho saudável.
  • Promoção de um estilo de vida saudável: Incentivar a prática de atividade física, alimentação balanceada, técnicas de relaxamento e sono de qualidade entre os profissionais da saúde.
  • Flexibilidade no trabalho: Oferecer aos profissionais a flexibilidade necessária para conciliar as demandas do trabalho com a vida pessoal, reduzindo o estresse e promovendo o bem-estar.
  • Programas de mindfulness e meditação: Implementar programas de mindfulness e meditação para auxiliar os profissionais da saúde no manejo do estresse, na promoção da atenção plena e no desenvolvimento de resiliência.

O papel fundamental da sociedade e do governo

O combate ao Burnout entre os profissionais da saúde exige um esforço conjunto da sociedade e do governo:

  • Campanhas de conscientização sobre o Burnout: divulgar informações sobre o problema, seus impactos e a importância da prevenção e do tratamento.
  • Cobrança de políticas públicas: exigir dos governantes medidas para melhorar as condições de trabalho dos profissionais da saúde e fortalecer os sistemas de saúde.
  • Apoio aos profissionais da saúde: oferecer apoio emocional, solidariedade e reconhecimento aos profissionais que enfrentam o Burnout.
  • Implementar as medidas necessárias: investir em infraestrutura, valorização profissional, gestão eficiente e promoção da saúde mental para prevenir e combater o Burnout.
  • Destinar recursos adequados: alocar recursos financeiros suficientes para os sistemas de saúde, garantindo condições dignas de trabalho e atendimento de qualidade à população.
  • Criar políticas públicas Inter setoriais: abordar o Burnout de forma abrangente, com políticas que considerem os aspectos sociais, econômicos e psicológicos do problema.
  • Promover a pesquisa e o desenvolvimento de soluções: apoiar pesquisas sobre o Burnout e o desenvolvimento de novas estratégias para sua prevenção e tratamento.

Panorama atual

Estamos vivendo uma fase de transição, pois na CID-10, a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, não possui um código específico. No entanto, seus sintomas podem ser caracterizados por diversos transtornos mentais e comportamentais relacionados ao trabalho, agrupados no Capítulo V da CID-10:

V. Transtornos Mentais e Comportamentais Relacionados ao Trabalho.

  • F20 - Transtornos Depressivos: o Burnout pode apresentar sintomas depressivos como tristeza profunda, perda de interesse em atividades prazerosas, alterações do sono e do apetite, fadiga e pensamentos negativos. CID-10: F20. 0 a F20.9;
  • F30 - Transtornos Ansiosos: a ansiedade, a irritabilidade, a dificuldade de concentração e a sensação de estar sempre sob pressão são sintomas comuns do Burnout. CID-10: F30. 0 a F30.9;
  • F40 - Transtornos Fóbicos, Obsessivo-Compulsivos e Relacionados ao Estresse: o Burnout pode levar ao desenvolvimento de fobias, obsessões e compulsões, além de intensificar os sintomas de estresse, como sudorese, tremores, palpitações e tensão muscular. CID-10: F40. 0 a F40.9;
  • Z56 - Outros Problemas Relacionados ao Trabalho e ao Meio Ambiente: o Burnout pode ser classificado como Z56. 3 - Ritmo de Trabalho Penoso ou Z56.6 - Outras Dificuldades Físicas e Mentais Relacionadas ao Trabalho, quando os sintomas são graves e causam impacto significativo na saúde e na capacidade de trabalho do indivíduo. CID-10: Z56. 3 e Z56.6.

Na Classificação Internacional de Doenças 11ª Revisão (CID-11), a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, está categorizada no capítulo QD - Transtornos Relacionados ao Estresse e ao Fator Humano, sob o código QD85 - Síndrome de Burnout.

  • A CID-11 reconhece oficialmente o Burnout como um problema de saúde ocupacional que pode levar a consequências graves para a saúde física e mental dos trabalhadores.
  • A inclusão do Burnout na CID-11 facilita o diagnóstico, tratamento e acompanhamento da síndrome, além de permitir a coleta de dados mais precisos sobre sua prevalência e impacto na saúde pública.
  • O código QD85 permite que os profissionais de saúde codifiquem o Burnout de forma padronizada em prontuários médicos, relatórios de internação e outros documentos, facilitando a comunicação entre diferentes serviços de saúde e a pesquisa sobre a síndrome.
    A Classificação Internacional de Doenças 11ª Revisão (CID-11) entrou em vigor globalmente no dia 1º de janeiro de 2022. No Brasil, a implementação da CID-11 nos sistemas de informação da saúde pública está em curso e deve ser concluída até 1º de janeiro de 2025.
  • A partir de 1º de janeiro de 2022: A CID-11 já pode ser utilizada por profissionais de saúde para codificar diagnósticos em prontuários médicos, relatórios de internação e outros documentos.
  • Até 1º de janeiro de 2025: A CID-10 ainda poderá ser utilizada em paralelo com a CID-11. No entanto, a partir de 2025, a CID-11 se tornará a única versão oficial da CID para o Brasil.
  • A tradução da CID-11 para o português brasileiro foi finalizada em fevereiro de 2024.
  • A adaptação da CID-11 para a realidade brasileira, incluindo a inclusão de termos e códigos específicos, está em andamento e deve ser concluída até dezembro de 2024.

Concluindo: um chamado à ação para um futuro mais justo e saudável

O Burnout entre os profissionais da saúde é um problema complexo e multifacetado que exige soluções abrangentes e eficazes. Através da implementação de medidas de prevenção, do apoio aos profissionais, da valorização da saúde pública e da participação ativa da sociedade, podemos construir um futuro mais justo e saudável para todos.

Lembre-se

  • A saúde dos profissionais da saúde é fundamental para a saúde da população.
  • Combater o Burnout é um investimento no futuro dos sistemas de saúde.
  • Cada um de nós pode fazer a diferença. Junte-se à luta por um sistema de saúde mais humano e sustentável!
  • O conteúdo deste artigo tem como objetivo informar e conscientizar sobre a Síndrome de Burnout, mas não substitui o acompanhamento profissional especializado.
  • Caso você esteja enfrentando sinais de Burnout, procure ajuda de um psicólogo ou psiquiatra qualificado.