Malta é considerado um dos países mais religiosos da Europa. Mais de 90% da população maltesa é considerada cristã, ainda que os números de praticantes tenham reduzido nos últimos anos. Não é difícil encontrar uma igreja a cada esquina percorrendo o arquipélago entre Malta e Gozo. São mais de 365 construções oponentes e seculares que carregam anos de história do catolicismo no país.

Segundo relatos históricos, o apóstolo Paulo passou pela ilha de Malta por volta dos anos 60d.c. Após o seu naufrágio, ele permaneceu por 3 meses e começou uma comunidade cristã com apoio do governador Públio, venerado como santo e considerado o primeiro bispo de Malta.

Públio foi um dos primeiros seguidores do apóstolo na ilha, após um milagre realizado por Paulo em sua casa. O pai de Públio estava com febre e disenteria, recebeu orações do apóstolo e melhorou. A sua missão desde então, foi pregar a palavra do cristianismo e continuar o trabalho de evangelização iniciado pelo apóstolo.

Os rituais do catolicismo e festas cristãs

O calendário do catolicismo é seguido religiosamente na ilha. As festas dos padroeiros de cada cidade são um dos maiores motivos de orgulho e cultivo da tradição entre os malteses. Durante o verão, as ruas e igrejas são decoradas com grandes imagens de santos, bandeiras e iluminação vibrante.

A música fica por conta das bandas fanfarras, as comidas tradicionais e as procissões que enriquecem a festa. Além da pomposa decoração, os malteses são festivos e o fogos de artifício são uma das maiores atrações durante os festejos. Iluminar o céu com diversas cores, pelo ritmo da explosão, é uma atividade frequente nas noites de festividades.

Durante o mês de junho é celebrado o “Mnarja”, uma festa dedicada aos apóstolos Pedro e Paulo. É uma das celebrações mais especiais para os Malteses. Todos os anos, desde o século XVI, a festa é marcada pela leitura do “Bandu”, um anúncio oficial do governo maltês. Os populares comemoram à luz de fogueiras e velas, com muita música, comida e rituais.

O simbolismo das igrejas

Dentre as mais de 365 igrejas pela ilha, algumas são os cartões postais do país e carregam um simbolismo pela composição histórica em que foram construídas.

Uma das mais famosas, por estar localizada na capital do país, é a Co-Catedral de São João, em homenagem a São João Batista, patrono da Ordem de Malta. Famosa pela arquitetura de influência barroca, é uma das igrejas mais visitadas do país. Em seu interior, o que chama a atenção é a riqueza de detalhes nas paredes e teto.

A maioria dos visitantes querem conhecer umas das pinturas mais importantes do século XVII. A obra do pintor Caravaggio, com a representação da decapitação de São João Batista. Um dos trabalhos mais relevantes do artista.

Na cidade de Rabat, ao centro do país, a igreja dedicada ao apóstolo Paulo é um exemplo da arquitetura maltesa, feita de pedra de calcário com detalhes em relevo, é imponente e majestosa. Uma construção datada do século XVII, que pode ser considerarado um dos templos religiosos que registram o começo do catolicismo para os malteses.

Ainda ao centro do país, na cidade de Mosta, é encontrada a Rotunda de Mosta (igreja de Santa Maria Assunta). Uma construção magnífica, conhecida pela sua enorme cúpula e ser umas das maiores igrejas da Europa. A igreja foi arquitetada pelo Francês George Grognet Vasse, que se inspirou no Panteão de Roma para produzir um dos belos domos do mundo.

A sua história se entrelaça com a Segunda Guerra Mundial. No período de ataque ao país, três bombas de 200 kg foram lançadas por um avião de bombardeio, duas caíram perto da igreja, e uma caiu pelo teto, no meio dos 300 fiéis que acompanhavam uma missa. Felizmente não explodiu e foi desativada. Ficou conhecido como o milagre da Rotunda. Atualmente, há uma réplica da bomba exposta na parte interior da igreja.

Na ilha de Gozo, o Santuário de Ta’Pinu é um local de devoção e peregrinação dos nativos e visitantes. Há relatos que em 1983, Karmmi Grima, uma gozitana da Aldeia de Gharb, ouviu a voz de nossa senhora na capela onde atualmente é a igreja. A história se espalhou e muitos populares transformaram o local sagrado é um grande espaço de adoração. Desde 1931, a igreja de pedra maltesa, que foi erguida em frente a capela, é uma das mais importantes da região e homenageia Nossa Senhora de Assunção do Céu. Além disso, é conhecida pelas 14 estátuas de mármore referente as estações da Via Sacra, o trajeto da paixão de Cristo em Jerusalém.

As relíquias e o patrimônio material do catolicismo

A igreja católica é detentora de muitas relíquias. Cerca de 60 dessas preciosidades podem ser encontradas em Malta. As informações de um portal de notícia local relatam que na Co-Catedral de São João, por exemplo, tem um espinho da coroa de Cristo e um pedaço da manjedoura trazidos de Jerusalém. As relíquias foram doadas pelo Grão-Mestre Pinto, (Grão Mestre da Ordem dos Hospitalários de Malta).

Outras preciosidades católicas na igreja são um pedaço do vestido de Nossa senhora, as relíquias de Santa Ursula, Madalena e São Clemente. A maioria desses objetos chegaram até a ilha pelas mãos dos Cavalheiros da Ordem, quando na Idade Média atuavam entre Jerusalém e Malta. Eles foram expulsos de Rodes trazendo uma grande quantidade de relíquias sagradas. Geralmente entre os objetos, estavam itens pessoais dos santos, restos mortais ou elementos que comprovem sua existência física.

Na Co-catedral também é possível encontrar um relicário da mão de São João Batista, construído em talha dourada com ornamentos de bronze e prata dourada. Foi encomendado pelo Grão Mestre Italiano Carafa em 1689. É um dos itens mais importantes da Ordem dos Cavalheiros de Malta, por se tratar da mão que batizou Jesus Cristo no rio Jordão.

A arte cristã tem uma simbologia muito relevante para os católicos. Em Malta, pelas ruas e vielas, as imagens de santos e divindades estão presentes nas casas e oratórios públicos. No país, a representação material do sagrado é sinônimo de devoção e fé para além dos séculos.