Uma crise na educação pode se configurar de muitas formas e fórmulas, e a presente revela uma dicotomia muito grande entre informação e conhecimento.

Informação, segundo a Oxford Languages, significa:

  • Conjunto de conhecimentos reunidos sobre determinado assunto ou pessoa;
  • Ato ou efeito de informar(-se); informe.

Segura essa informação.

Já o conhecimento, ainda conforme a mesma fonte, é: 1. ato ou efeito de conhecer; 2. ato de perceber ou compreender por meio da razão e/ou da experiência.

Para trazer essa discussão, vale dizer que somos inundados a todo momento de informação. Sejam pertinentes ou não, sobre o BBB, acontecimentos do Brasil ou do mundo, essas informações passam por poucos ou nenhum filtro. Por isso, a relevância da informação é muito disforme de pessoa para pessoa.

Vale lembrar que a definição do conhecimento passa pelo filtro da razão ou da experiência. A informação não necessariamente. Por isso, muitas vezes — assim seria o mais correto — vale dar mais credibilidade para um veículo de notícias respeitoso do que para algum dado recebido de fonte duvidosa no WhatsApp.

Logo, estamos diante de um verdadeiro amontoado de informações, uma avalanche. Tão absortos com o excesso, que nosso filtro da realidade às vezes precisa ser repensado. Daí o tal nome da consciência crítica para sermos cidadãos capazes de lutarmos pelas nossas causas.

É sempre bom trazer exemplos. Estive assistindo uma série, o título tem a ver com Meninas no ônibus, competição presidencial nos EUA, bem clichê estadunidense, e o enredo se desenrolava na vida de quatro personagens principais: 3 jornalistas, entre elas duas da esquerda, uma mais conservadora, e a quarta era uma influencer partidária.

Dentre todas as citadas, a com maior público era a influencer. Sim, quem não possui formação sobre o assunto.

Aí, Emily, precisa ter formação para falar? Jornalista nem precisa ter diploma! Entendo esse ponto, mas a reflexão é: todo porta-voz tem interesses, inclusive os veículos de informação. Assim, como avaliar que a promoção desse porta-voz é realmente algo que vai defender os meus propósitos ou dos patrocinadores?

Outro exemplo: Houve um aumento de 57% de denúncias de violação dos direitos dos idosos em 2023, incluindo negligência, abandono, violência patrimonial, fraudes… Pensa aqui comigo, essa população frágil, que não pegou essa tecnologia toda, acaba sendo alvo fácil de aproveitadores.

Fácil, Emily, basta fazer a inclusão digital. Aí que está. É sensato apenas oferecer a informação: entregar o celular na mão do idoso ou fazer uma verdadeira imersão respeitosa com a pessoa idosa — conhecimento através da experiência?

Na educação o buraco é um pouco mais embaixo. Oferecem programas muito bons de programação e tecnologia, mas nem toda a escola tem estrutura (tanto computadores, tablets) como formadores competentes — cadê o treinamento dos educadores?

Assim o pessoal fica surpreso que o aplicativo de mídia para criar e compartilhar vídeos curtos, TikTok, virou um buscador, quando na verdade precisamos avaliar bem como essa informação toda está chegando para as pessoas. Como estamos preparando os filtros para que as pessoas possam por si mesmas separar o que é conveniente ou não nesta epidemia de fake news?

Claro que depois de problematizar vou propor uma solução — aprendi com minha professora de redação, valeu. A solução está fervilhando nessa panela quente que é a evolução: é trazer debates, entender a fundo a realidade das pessoas para oferecer informação verificada.

Eu lembro das minhas aulas na faculdade de jornalismo, os critérios das notícias. Proximidade, negativismo (isso impacta mesmo as pessoas), relevância, fator inesperado… Apuração. Entender esses valores da notícia me permite pensar quais valores são meus para qualificar a mesma notícia, e assim peneirar. Nem tudo que está por aí é ouro.