Para você, a situação atual em que se encontra, o estilo de vida que leva ou até mesmo sua personalidade são frutos de causas do passado? Se a resposta for sim, me desculpe, mas você pode estar equivocado. Vamos tentar entender isso e entrar em um consenso, pois nenhuma verdade é absoluta, nem mesmo imutável. As pessoas costumam dizer: "Eu nasci assim, cresci assim, vou morrer assim." Isso é um pensamento bem perigoso, um tanto mesquinho, e pode nos levar a uma situação, no mínimo, desagradável.
Você deve estar pensando: "Mas e as pessoas que nascem com uma deficiência? Ou com alguma condição que de certa forma os desfavoreça? Elas não podem mudar." Sim, é verdade. Infelizmente, não podem. No entanto, tratando-se do assunto que iremos abordar - estilo de vida e até mesmo sentimento de inferioridade -, tentaremos chegar a um consenso.
Entenda, não vou tentar fazer você acreditar que as causas do seu passado não possuem influência em quem você é. Cada um sabe o que viveu, cada dificuldade que enfrentou, cada preconceito, discriminação, enfim, tudo que externamente tenha influenciado para que se tornasse exatamente assim. No entanto, venho tentar trazer de forma simples que podemos mudar e que, para isso, precisamos tomar uma decisão, precisamos ter coragem.
E você pode se perguntar: "Como assim uma decisão? Sou assim há tanto tempo, e só basta eu querer mudar? Que loucura!"
Mas é verdade. Já parou para pensar verdadeiramente se já quis mudar, ou apenas criou desculpas para não fazer a mudança necessária? Eu mesmo já fiz isso. Não se preocupe, é mais comum do que imagina.
Cada um de nós possui um estilo de vida, e por estilo de vida, digo uma personalidade, que segundo a psicologia de Alfred Adler, é fruto de situações e conflitos interpessoais. Isso acaba gerando em nós um sentimento de inferioridade. Você se sente inferior em algum aspecto porque enxerga em alguém algo que não possui. Como assim? É bem simples. Vamos supor que só existisse você no mundo, que valor teria o dinheiro, ou qual importância daria para sua altura, cor de cabelo, beleza? Certamente nenhuma. Por isso, o sentimento de inferioridade é algo subjetivo, no entanto, as ações que tomamos são completamente objetivas e definem quem somos e seremos.
Um exemplo bem comum: pessoas que se apaixonam, mas que têm medo de se declarar. Acabam criando desculpas, pois o medo gerou nelas o sentimento de inferioridade e, a qualquer custo, essas pessoas irão “se proteger”. Se sentem feias, muito baixas, magras ou gordas, enfim, tudo que for necessário para evitar a dor de uma rejeição.
Alguém que pensa em escrever um livro e publicá-lo. Porém, não se acha instruído o suficiente para tal, que não conseguirá escrever um bom texto, que será rejeitado, ou que pessoas próximas irão ler. Esse alguém criará muitas desculpas para alcançar a meta de não escrever. Uma meta? Sim. Inconscientemente por conta do medo da rejeição, uma meta é criada: não publicar, e os meios são as desculpas que criamos. Estou ocupado demais, cansado demais, não sou bom o suficiente, são algumas delas. Provavelmente, em breve as desculpas só mudarão; estou velho demais, ultrapassado demais.
Entenda, não há problema algum em sentir-se inferior e entender que precisa melhorar. No entanto, é preciso pôr em prática o que é necessário para tal mudança. O sentimento de inferioridade é muito diferente do complexo de inferioridade; o último é bem mais perigoso. Pois é quando precisamos e até sabemos o que fazer para melhorar, mas não fazemos. Criamos desculpas, procrastinamos, enfim, deixamos de viver algo muito bom. Como assim algo muito bom? Já pensou quantos escritores, filósofos, mestres, chefes de cozinha, quantos casais surgiram e tudo de bom que aconteceu quando o sentimento de inferioridade foi vencido? A verdade é que muitas vezes criamos desculpas para não fazer algo, mas nem sabemos qual resultado teremos se enfrentarmos o medo.
Sei que é difícil dar um único passo, mas é preciso. Sei que relações interpessoais criam em nós dores, traumas, consequentemente um sentimento de inferioridade.
Mas se nos atermos a uma relação de propósito e não de causa e efeito, conseguiremos dar um passo e até caminhar para fora deste sentimento. Como assim? É bem simples, a verdade da questão é a forma como a pessoa enfrenta determinada situação. Se alguém diz que não é instruído o suficiente para algo, e por isso não conseguirá alcançar sucesso, essa pessoa está se prendendo à causa. Em contrapartida, se ela diz que precisa se dedicar mais por não ser instruída o suficiente, ela está focada no objetivo e, com certeza, obterá êxito.
Com isto, quero dizer que as causas não podem ser mais fortes que o propósito na formação da nossa personalidade e estilo de vida. Todos nós temos traumas, sentimento de inferioridade às vezes, mas não podemos usar isso como desculpa por termos uma vida infeliz; se é preciso mudar, mude! Tenha coragem.