A vida é cheia de surpresas. Quando avançamos no tempo, sentimos a angústia da nostalgia, dos velhos e bons tempos, aqueles em que os sorrisos superavam tudo, a felicidade era por uma pipa de papel ou até mesmo falar algumas mentiras no fim da tarde.

Sentimos falta de tudo: a velha casa, o velho bairro, os velhos amigos, as velhas brincadeiras, os velhos hábitos. Entretanto, esse sentimento que nos toma o peito pode ser muito perigoso. Muitas pessoas se lançam na aventura de reviver o passado, buscando nesse desejo resgatar um tempo que se foi. É neste contexto que a maioria se perde, quando o contraditório faz questão de mostrar a realidade nua e crua: tudo está mudado, você mudou!

Relembrar experiências passadas é algo que costumamos fazer para superar a saudade, aumentar o moral. Assim, criamos explosões de entusiasmo e paixão, fortalecendo nossas fragilidades emocionais e intelectuais. É um processo quase automático na maioria das pessoas.

Certos perfumes, pensamentos, memórias, canções, pessoas, comidas e experiências podem nos forçar a uma emblemática nostalgia, que se adapta mais ao sentido tradicional da palavra.

O passado é um quarto escuro, amplo e com apenas uma chave, que, na maioria das vezes, se esconde dentro de nossa própria consciência. Quando sentimos nostalgia do nosso passado, sentimos falta de um passado que é essencialmente aquele que vivemos? Ou, às vezes, sentimos falta daquilo que nunca existiu? Essas opções são possíveis e representam diferentes usos da nossa capacidade de processar as nossas experiências. Recordar todos os detalhes dos acontecimentos não seria necessário nem útil. O que precisamos, à medida que avançamos na vida, são as lições que aprendemos com o nosso passado, tanto boas como más. A vida é dinâmica, então nossas necessidades mudam com nossas habilidades e circunstâncias.

O que é nostalgia?

Segundo a American Psychological Association (APA), nostalgia é o desejo de retornar a um período ou momento anterior da vida. Esta experiência é colorida pela emoção positiva e, portanto, é lembrada como melhor, de alguma forma, do que o momento presente.

Uma segunda definição de nostalgia, às vezes chamada de “saudade de casa”, descreve-a como um desejo de retornar não a um momento anterior da vida, mas a um lugar físico que está ligado a uma experiência agradável. Esse lugar pode ser a casa onde alguém cresceu, seu antigo bairro, sua alma mater e locais adicionais que estão ligados a lembranças agradáveis.

Então, façamos o dever de casa com a arte de aprender a deixar ir. Podemos fluir com memórias e experiências passadas, mas salutar é sentir-se mais confiante, forte, determinado e saudável no presente e no futuro. Você sempre poderá ter a sua melhor versão, em qualquer lugar e a qualquer tempo.

O ciclo da vida não tem termômetros, tampouco piedade, e te mostra que as paisagens não estão lá, as pessoas também não, e a sua casa, que lhe fez tão feliz, está servindo a outras pessoas, desconhecidas e que não fazem a mínima ideia da sua história. A melancolia se apresenta num palco de dúvidas e saudades, que corrói a alma.

Abrir espaço para os aspectos positivos do passado, e até mesmo lamentar a sua ausência no presente, é uma parte natural da existência. O filósofo grego Heráclito disse: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou.”

Voltar para o lugar que você foi feliz no passado pode ser uma indecifrável armadilha! Toda felicidade guardada na memória pode permanecer intacta, lá no calabouço de sua mente, inatingível e inalcançável. Lembre-se de que existem novos caminhos a serem percorridos, novas histórias para serem contadas e novos ares para nos alimentar.