Quando pensamos em viajar sem ter um destino predeterminado ponderamos sempre se ir a um lugar montanhoso onde encontraremos o ar puro e a tranquilidade, ou então um local onde relaxar junto ao mar para ouvir as ondas e sentir a brisa fresca do oceano, ou até mesmo visitar uma nova cidade, ver monumentos e conhecer a sua história.
Há um lugar que se pode visitar em Portugal que consegue ser um corredor de passagem para todas estas opções.
Bem vindos a Braga
Com uma história que remonta à época romana, a cidade tem uma rica herança arquitetónica e é das cidades portuguesas mais procuradas para viver, atualmente.
Se a nossa chegada a Portugal for ao aeroporto Sá Carneiro, no Porto, temos a possibilidade de alugar um automóvel, fazer a deslocação de metro até ao Porto e de lá seguir em autocarro ou comboio para Braga, ou então, mais fácil ainda, consultar os horários do Get Bus, que é um serviço de autocarros diretos do aeroporto para Braga e vice versa.
Para comer
Escolhido o local onde dormir e já instalados, precisamos então de descobrir onde comer. Vamos começar pelo pequeno almoço, caso não esteja incluido na nossa estadia ou se simplesmente quisermos experimentar algo local. Em Braga, tal como em várias partes de Portugal, um dos pequenos almoços mais habituais é a meia de leite (café com leite) com uma torrada a acompanhar ou então o típico pastel de nata. Mas, a gastronomia bracarense muitas outras especialidades tem para oferecer nas pastelarias que facilmente se encontram com várias opções de pão e bolaria. Podemos fazer referência a um dos cafés mais antigos da cidade: a Brasileira, um dos locais mais icónicos de Braga, que não só oferece ótimas escolhas para deliciar o palato, mas também um local acolhedor e tradicional que conta a sua história na decoração.
Já para almoçar e jantar o que de melhor tem esta cidade é uma imensa escolha de restaurantes com as mais variadas ementas. No entanto, se em Roma devemos ser romanos, então em Braga sejamos bracarenses e escolhamos pratos como famoso Bacalhau à Braga ou Bacalhau à Narcisa, um bacalhau frito em azeite acompanhado com batatas fritas. Já nas carnes, típico da cidade e do norte minhoto do país, o famoso Arroz Pica no Chão ou também conhecido por Arroz de Cabidela, um arroz de aves confecionado na medida certa com sangue do animal e vinagre. Outro prato que não deve faltar é o cabrito assado que irá combinar perfeitamente com o tradicional Pudim Abade de Priscos, uma sobremesa típica da cidade deixada por um abade que foi pároco da freguesia de Priscos durante 47 anos no século XIX.
Para visitar
Um passeio pela cidade será uma experiência enriquecedora pelos séculos de história gravada nas ruas.
A Praça da República: bem no centro da cidade, uma praça decorada por um chafariz e rodeada de lojas e restaurantes.
A Sé de Braga: uma das catedrais mais antigas do país, sendo a primeira arquidiocese portuguesa, que teve o início da sua construção no século XI. Dada a sua antiguidade deu vida a famosa expressão portuguesa: “Mais velho que a Sé de Braga”, para reforçar a ideia de algo muito velho ou antigo.
Jardim de Santa Bárbara: também localizado no centro da cidade, é um jardim escondido no meio dos edifícios que rompe com a norma que o rodeia, criando uma espécie de refúgio. No seu entorno mais próximo uma espécie de castelo que nos transporta para a época medieval.
Museu dos Biscainhos: parte do Palácio dos Biscainhos, foi construído no início do século XVIII para servir Condes e receber reis.
Arco da Porta Nova: um arco que nunca teve porta, mandado construir em 1512, mas que tem grande representação arquitetónica e histórica. Esta construção também levou a mais uma expressão portuguesa: “És de Braga?”, utilizada quando alguém deixa uma porta aberta.
Palácio do Raio: uma construção privada que é atualmente um museu rico em exposições e cheio de história contemplando, por exemplo, arquivos dos séculos XVI, XVII e XVIII e utensílios utilizados nos primórdios da medicina em Portugal.
Passear pelo centro da cidade é já passear pela história e ver em cada edifício um pouco do passado. Há várias outras igrejas e edifícios que requerem atenção para um passeio completo.
Vamos agora subir um pouco para chegarmos a dois dos pontos mais altos da cidade:
O Bom Jesus do Monte: um santuário que remonta ao século XIX tal mas que tem muitas outras curiosidades para os visitantes. Deve-se iniciar esta visita pelo pórtico de 7 metros de altura que dá o ponto de partida para uma subida de 376 degraus pelo meio da vegetação que encontra calvários e várias etapas da via sacra. Terminado este lanço de escadas dá-se início ao Escadório dos Cinco Sentidos. Este, já alinhado com o edifício do Santuário, tem a cada lanço de escadas uma fonte que representa os cinco sentidos humanos.
Funicular (ou Elevador do Bom Jesus): uma outra opção para subir a este Santuário, ou então descer. É único na península ibérica e o mais antigo do mundo em atividade.
Jardins e Lago: ainda parte circundante do santuário, que permite um passeio entre a vegetação, coretos e grutas leva os visitantes a um lago com pequenos barcos a remo que permite pequenos passeios românticos ou em família. Em redor há um parque para crianças e um café.
A estrada mágica do Bom Jesus: uma estrada que é ela própria uma experiência. Devido à ilusão ótica, passar por esta estrada parecendo que se está a descer na realidade sobe-se.
Vamos subir mais um pouco, voltemos à estrada e vamos até ao Santuário de Nossa Senhora do Sameiro. Com uma vista privilegiada sobre a cidade, este santuário de estilo neoclássico é um dos maiores centro de devoção mariana. A 572 metros de altura é uma ótima escolha para ver o pôr do sol e até, em dias de maior visibilidade, o mar e ou até mesmo a Serra do Gerês.
Da cidade até ao mar: Esposende
Chegamos ao primeiro corredor que nos leva até ao mar, assim é, em 30 minutos chegamos a Esposende, uma cidade junto ao mar rodeada de natureza e de muitas atividades náuticas e pedestres. A visita pode ser feita num só dia como simplesmente regressar a Braga e voltar no dia seguinte, devido à sua proximidade. Mas, também se pode pernoitar nesta localidade nos vários alojamentos que oferece ou então, descer 10 km pela costa e dormir num dos Moinhos da Apúlia, vila portuguesa também junto ao mar e cheia de tradição piscatória.
Agora um passeio pela montanha: Serra do Gerês
Já o outro corredor faz-nos subir mais um pouco, mas em menos de uma hora chegamos ao Parque Natural da Peneda Gerês. Esta é uma vila situada na Freguesia de Vilar da Veiga, do Município de Terras de Bouro, é um parque nacional e área protegida. Aqui, mergulhamos numa área de 69.693 hectares de vegetação com altitudes que atingem os 1.545 metros, no Pico da Nevosa, em Terras de Bouro.
Para os amantes da montanha ou simples apreciadores da tranquilidade da natureza, o Gerês é o sítio perfeito para passear e também fazer das mais diversas atividades, como caminhadas, passeios de moto quatro ou até mesmo, no verão, desfrutar das atividades aquáticas que há bem perto na Barragem da Caniçada.
Para pernoitar nestes cenários há uma vasta oferta de hotéis, alojamentos locais e bungalows que são opção se o objetivo for adormecer e acordar no meio da floresta com vistas naturais.
Regressemos a Braga
Voltamos à cidade. Já conhecemos alguns dos locais a visitar, porém podemos escolher os momentos em que a oferta cultural seja maior. Há alturas em que esta cidade se enche de multidões e são das maiores atrações turísticas:
A Semana Santa: com início no Domingo de Ramos, relembra a entrada de Jesus em Jerusalém e termina com a ressurreição no domingo de Páscoa. Em Braga, esta semana é organizada e agendada com várias procissões noturnas que se enchem de figurantes, é retratado o cenário da vivência da Paixão de Jesus Cristo, entre outros momentos da liturgia. Ao longo dos anos a fluência de visitantes tem aumentado e a cada ano esta celebração religiosa conta com milhares de turistas.
Braga Romana: em Maio ou Junho de cada ano são celebrados os tempos áureos da sua fundação com a recriação de Bracara Augusta, a Opulenta e Aeterna Cidade. É a recriação viva de como seria a cidade durante o Império Romano. Uma viagem no tempo que transforma as ruas numa autentica cidade romana, com figurantes, um mercado tradicional e os vários ofícios retratados. Em 2024 completa 20 edições.
São João de Braga: uma festa que, normalmente, tem a duração de uma semana e em cada dia é celebrada a festa a São João. Conta com cortejos, várias exposições nos diferentes pontos da cidade, concertos, animação de rua e várias cerimónias religiosas. O culminar é no dia 24, o dia de São João.
Noite Branca: já em contagem decrescente, a Noite Branca de Braga estará de volta a 6, 7 e 8 de Setembro de 2024. Três dias de festa que têm eventos desde o primeiro dia bem cedo com exposições em museus, espetáculos no Theatro Circo, até à noite com vários concertos e animação de rua.
Viajar, passear e conhecer Braga é entregar-se à sua história pois, se feito durante os momentos de celebração na cidade, é vivenciar e conhecer os tempos nostálgicos dos bracarenses.