Os Traders Diplomatas
Faz alguns anos que escutei formalmente, o que já me haviam sussurrado há mais décadas, sobre o envolvimento de políticos nos negócios económicos públicos e privados. Naquela altura estava na moda a conversa sobre 'lobbyistas' e, a fundamentação profissional dessa atividade nos EUA mas, que em algumas outras paragens eram atividades condenáveis. Como muitas vezes também o são, os intermediários comerciais, vistos como atravessadores nas tais mesmas paragens. Não o são todos, pois nas ciências comerciais e económicas, são estes intermediários que equilibram oferta e procura, dando liquidez ao mercado. Eram aqueles tempos de guerra fria, com comunismo versus capitalismo e até, se detalharmos mais, o privado versus o público. Como se fosse possível alguma dissociação destas, na arena e no ambiente em que vivemos, quando o Estado deve ser o controlador e orientador da Economia. Algo indissociável, como o exportador e o importador, etc. Se um condena, ou é conivente ou incompetente. Porém, quando se trata de um lado mais fraco como o pequeno e o médio privado, resta retirar-se de situações em que se percebe que a ruína é intransponível, principalmente quando existir alterações cambiais ou tributárias artificiais, por exemplo.
O Estado e seus representantes regulam e orientam o progresso econômico, baseando-se numa história conhecida e nos fatos testados temporalmente, coordenando todas as avaliações científicas da atividade humana para novas estratégias disruptivas e inéditas. Se alguns professores ou organizadores, bem como alunos, não estão preparados para interpretar, avaliar ou prever comportamentos políticos, económicos ou comerciais que já há tantos séculos são observados e comprovados, não quer dizer que não sejam os resultados previsíveis ou equivocados, mas ao contrário não fazer nada, já é fazer muito. Resistir ao ímpeto e, à iniciativa…
Reincidências econômicas desastrosas, efeitos de políticas equivocadas intencionais ou negligenciais, são reflexos de terreno fértil para um povo incapaz ou despreparado para tais obrigações e direitos, que são até muitas vezes infantis. Não podem ser estes mecanismos equivocados ou amadores, relevados. A mão invisível do mercado económico, basicamente controlado pela 'psicológica' lei da oferta e procura, com suas variações marginais¹, dá a possibilidade de preparar e programar o progresso e o bem-estar pelo 'laissez faire'². O acaso, a tempestade perfeita e o 'Cisne Negro' económico que muitas vezes ocorre, previsível, será segurado pelo hedging ou swap, matérias administrativas financeiras, que previnem práticas desonestas ou preferenciais por parte do setor público.
Nas tais economias públicas que recorrentemente buscam justificativas privadas, para culpar seus insucessos ou justificar seus revezes risonhos — às vezes amarelos, mas muitas vezes brilhantes — encontramos estas atividades todas juntas e misturadas. Pouco definidas e talvez propositadamente, para sem explicações plausíveis se justificar tais ciências quase exatas, de tão previsíveis que são, como resultados espíritas de azares mediúnicos, que só alguma psicanálise explicaria. Coisas do tipo, simplesmente por não existirem administradores administrando, capitalistas capitalizando ou ambientalistas reflorestando, além de contabilistas contabilizando Balanços — e de Pagamentos³ — nem economistas, economizando. Por outro lado como diz um ditado universal, onde muito advogado haverá, pouco fiável será⁴. E, porque simplesmente com tantos interesses diversos e antagônicos, mas interdependentes, este cabo de guerra não sai do lugar? Não progride, só esgarça! O progresso vai e volta, a burocracia aperta e afrouxa, a justiça atrasa e inexiste, que ao contrário d'uma Torre de Babel, onde todos falando a mesma língua, se desentendem reciprocamente. Vaidades…
Portanto, nestas condições atuais de capitalismo híbrido, consolidação de blocos econômicos e adoção de moedas comuns, como já estava previsto em décadas passadas, agora surpreendidos estarão todos, menos os tais traders diplomatas. Já sabem estes, o que enriquece o mundo é a exportação, que algures alguém importa; que economia e política são indissociáveis; que capitalismo e meritocracia são sinônimos de concorrência justa, porém, quando o Estado não é corrupto. Enquanto amadores se arvoram de 'modelos' parvos, realmente estas sociedades continuarão a sustentar outras vizinhanças… uma crescente ocupação de cargos por leigos, incompetentes e analfabetos idiomáticos, estará mesmo a representar classes preguiçosas de caolhos em terra de cegos. Jamais podemos admitir que minorias ou maiorias, reconhecidamente incapazes, ditem regras ou nos convençam do incorreto, equivocado e/ou torto! Se o permitimos, estamos deitando toda a história, intelectualidade e avanços mundiais no lixo, venham elas de que eras, épocas e gerações vieram. O tempo urge e a vida finda: não esperemos reencarnações, pois não teremos o mesmo direito d'Ele, a ela… a roda gira e já foi inventada! Que nos venham as boas surpresas, se é que ainda as haverá.
Políticos não são Traders, nem negociantes, mas poderão ter sido. São administradores que, com equipes técnicas superiores de áreas diversas, capacitados e democráticos, ambidestros, poderão preparadamente fazer frente às quaisquer surpresas económicas, logísticas e sociais que se apresentem, sem titubear ou esmorecer. Políticos têm quisto serem traders frequentemente e, com um amadorismo profundo, pois que não foi jurado perante a responsabilidade social que a profissão apregoa, junto à um livro sagrado. Abjura a quem, quando tomam posse irresponsável? Deve ser no mesmo sentido de os negócios estarem sendo tratados por amadores quaisquer, que sem os menores domínios de técnicas comerciais antigas ou modernas, corrompem importações e exportações diversas, sob culturas e protocolos que desconhecem. Antagonismos, justificam-lhes muitas vezes… viajam para descobrimentos pessoais, patrocinados por outrem e não resolvem nada. Nem comunicar, conseguem. Para isso, os tradutores… alhures, aqueles mesmos que causaram guerras e equívocos diplomáticos, por má interpretação genérica.
Referências
¹ Sentido econômico de margens de equilíbrio, não foras-da-lei.
² Deixar fazer.
³ Contabilidade estatal internacional.
⁴ Pesquisa mostra percepção negativa do público sobre advogado - ConJur.
Um a cada 190 habitantes: por que o Brasil tem tanto advogado - Gazeta do Povo.