Extinções são um processo natural no planeta Terra, espécies desaparecem e outras surgem. O ciclo evolutivo segue por substituições. Entretanto, as extinções não ocorrem sempre a uma taxa constante, certos momentos são marcados pelo desaparecimento de centenas de espécies simultaneamente, enquanto outros veem o aparecimento de novos animais rapidamente. Essas fases costumam acontecer em sequência, com um evento de extinção sendo seguido pelas espécies sobreviventes se diversificando para ocupar os espaços deixados pelas que desapareceram. O ciclo de extinções ocorreu várias vezes na história da terra, algumas delas em menor escala, outras afetando grande parte da vida no planeta. Cientistas costumam identificar 6 grandes extinções na história, além claro das extinções menores entre elas.
Assim como a história humana, os cientistas dividem a história da vida na terra em eras, chamados de períodos geológicos, grande parte desses períodos terminaram com grandes cataclismas que fizeram os animais de sua época desaparecerem.
A primeira das grandes extinções ocorreu a 440 milhões de anos, no final do período Ordoviciano. A Terra daquele momento era muito diferente de hoje, nos oceanos ainda não havia peixes (exceto pelos muito simples e primitivos semelhantes a lampreias), as águas eram dominadas por moluscos gigantescos semelhante aos modernos náutilos. A vida terrestre era ainda mais exótica, plantas já existiam, mas eram pequenas semelhantes a musgos, os maiores seres eram fungos, muito maiores do que os atuais, alguns chegavam ao tamanho de árvores. Esse mundo foi destruído por uma gigantesca idade do gelo.
As formações glaciais que hoje estão restritas aos polos avançaram pelo planeta atingindo até mesmo o equador, cobrindo todo o mundo, 85% de todas as espécies pereceram no evento, não se sabe como os animais sobreviventes se mantiveram, alguns especialistas falam de uma fina camada descongelada bem na linha equatorial, outros que em alguns pontos o gelo seria fino o suficiente para a luz do sol atravessar, seja qual for o caso foi o primeiro cataclisma global. O resfriamento acabou eventualmente pois atividade vulcânica começou a aumentar, aquecendo o planeta e revertendo o processo.
Os moluscos do Ordoviciano nunca se recuperaram do estrago glacial, entretanto outros animais prosperaram entre eles estava peixes primitivos que sem a concorrência conseguiram prosperar. Isso abriu espaço para o período Devoniano, considerada a era dos peixes em que esses animais conseguiram dominar os mares.
Os peixes desse período eram extremamente diferentes dos atuais. Eram animais primitivos com corpos menos elegantes e gigantescas armaduras ósseas cobrindo seus corpos e dentes semelhantes a cacos de vidros, chamados essas criaturas eram chamadas placodermes. O predador mais temido da época era o terrível Dunkleoste do tamanho de um tubarão. Não se sabe o que causou a catástrofe do Devoniano, entretanto foi um desastre lento, tendo durado perto de 3 milhões de anos e exterminou 83% das espécies, quando acabou os placodermes estavam extintos, mas os demais peixes sobreviveram e prosperaram.
A extinção do Devoniano como sua anterior afetou principalmente os mares, pois a vida na terra ainda era pouca, mas com o tempo os animais foram colonizando a terra. Primeiro foram escorpiões e insetos, mas à medida que a terra ficava mais acolhedora aos animais, com clima convidativos e grande diversidade de plantas para sua alimentação, outros animais foram evoluindo. Os chamados tetrápodes, grupo dos anfíbios, repteis e mais tarde, aves e mamíferos, apareceu. A terra pode então ser coberta de criaturas de grande porte do tamanho dos animais modernos. Mas infelizmente esses animais iriam sofrer uma extinção ainda pior do que a dos seus ancestrais.
Ainda que as extinções anteriores tenham sido severas, vitimando milhares de espécies, elas empalidecem comparado a terceira grande, conhecida como extinção do final do Permiano. A destruição causada por ela foi tão grande que ficou popularmente conhecida como “A grande Matança”, se tivesse sido pouco mais severa seria possível ter atingido toda a vida na terra, impedindo a chegada dos homens modernos. No total, 95% dos seres vivos desapareceram. No período Permiano, a terra possuía apenas um único grande continente conhecido como Pangeia, os seres vivos podiam se locomover por toda parte, de um polo a outro. Entretanto, a vida não era fácil para os animais.
O tamanho enorme do continente dificultava a chegada da chuva na maior parte da terra, o que fazia com que enormes desertos cobrissem grande parte do mundo. Os animais que viviam nessa era eram únicos, até mesmo difíceis de descrever, seres chamados sinapsideos, parentes distantes nossos e que tinham características misturadas de repteis e mamíferos. Junto com esses animais exóticos viviam os labirintodontes, anfíbios antigos com o tamanho de crocodilos, e os Pareiasssauros, semelhantes a repteis primitivos enormes com corpo volumoso e pesado, cabeças pequenas e uma pele com couraças semelhante a uma armadura. Ao contrário das anteriores “A grande matança” ocorreu em 3 fases diferentes, possivelmente por várias causas seguidas, o que ajuda a explicar por que foi tão destrutiva.
As criaturas únicas do Permiano morreram com “a grande matança”. Entretanto, o desaparecimento desses animais primitivos abriu espaço para a chegada dos repteis mais conhecidos, entre eles os mais famosos, os dinossauros.
Os Famosos répteis começaram a se desenvolver no período triássico, mas nesse momento ainda não eram as enormes criaturas que ficaram conhecidas, eram pequenos, pois tinham que dividir a terra com outros animais, também repteis, que disputavam com eles o espaço deixado pela destruição que acabara de passar. Para a sorte dos dinossauros, seus rivais logo ficaram em desvantagem, outra extinção, a do final do triássico fez com grande parte desses répteis desaparecesse, deixando o planeta com mais espaço para os dinossauros. De modo geral, os principais sobreviventes desse episódio foram dinossauros, pterossauros (repteis voadores semelhantes a pássaros), crocodilos e os pequenos mamíferos da época. Do total 76% das espécies pereceram.
O período entre o fim do triássico e o final cretáceo corresponde a um dos momentos mais estáveis da evolução, houve poucas alterações de grande impacto entre a flora e a fauna. É também um dos períodos mais famosos pelo público devido a ser o apogeu dos dinossauros. Os répteis puderam atingir tamanhos colossais que nenhum outro animal terrestre conseguiu, o ambiente com poucas perturbações pode ter sido uma peça importante desse sucesso.
A extinção dos dinossauros no final do Cretáceo é a mais conhecida das grandes tragédias naturais, muitas teorias foram propostas, a mais popular é a queda de um meteoro no México. O impacto teria causado uma nuvem de poeira que cobriu os céus, a escuridão e os materiais tóxicos teriam causado a morte das plantas e com isso o colapso do meio ambiente, a catástrofe e a escuridão teriam durado 11 mil anos, período que viu o desaparecimento dos maiores animais da época.
Mesmo os dinossauros sendo as vítimas mais famosas, a extinção foi muito maior, vários animais sofreram, junto dos dinossauros desapareceram seus primos, os pterossauros, répteis voadores, o que deixou o céu livre para os pássaros. Nos mares, os répteis marítimos como os mosassauros também encontraram seu fim. A maioria dos animais de grande porte desapareceu, com exceção de crocodilos e tubarões, todos os animais que restaram após o desastre eram menores do que 20 quilos. Cerca de 70% das formas de vida foram atingidas pelo grande desastre.
Com o desaparecimento dos dinossauros, animais menores tiveram sua oportunidade, o começo do período posterior viu o aparecimento de grande diversidade de lagartos, cobras e pássaros gigantes, mas com o tempo os mamíferos acabaram prosperando e alcançando a prevalência. A era dos mamíferos foi afetada por várias mudanças no ecossistema. Porém a última das 6 grandes extinções e que ainda está ocorrendo é extinção antropocênica, está sendo causada pelos seres humanos. O Homo sapiens se espalhou por todo o planeta alterando o ambiente em grandes níveis. o que causou o desaparecimento de grande parte dos animais e plantas que viviam na região.
O processo foi intensificado pela sociedade moderna, mas já ocorria nas culturas primitivas. O povo Maori da Nova Zelandia causou o desaparecimento de cerca de dez espécies de aves gigantes que habitavam as ilhas. Como a Nova Zelandia não possuía mamíferos predadores nativos, as aves estavam despreparadas para a chegada dos humanos. Os maoris matavam vários pássaros por vez e ao invés de aproveitar toda a carne, comiam só as melhores partes e desperdiçavam o resto. Os animais não foram capazes de resistir a tamanha pressão.
A Nova Zelandia não foi um caso isolado. Os Romanos causaram o desaparecimento de leões dentro do seu império, pois os tiravam da natureza para usá-los como feras nas lutas contra gladiadores. O povo da Ilha de Pascoa causou o desaparecimento das árvores nativas, pois as derrubavam para usar seus troncos para transportar estatuas e fincá-las, aparentemente as tribos competiam entre si para fazer as obras de arte mais impressionantes, o que indiretamente destruiu seu lar.
A devastação do meio ambiente pelos humanos pode ser tão antiga quanto a humanidade. No final da pré-história, quando o planeta começou a aquecer, os animais da era do gelo foram desaparecendo. Ainda é controversa a razão por traz dessas extinções, muito foi discutido sobre a mudança climática, entretanto vários cientistas defendem que a causa principal foram os próprios seres humanos. Extinções causadas pelo clima costumam afetar a terra e o mar ao mesmo tempo, enquanto a do final da era glacial impactou apenas os terrestres, fora que os animais não desapareceram todos ao mesmo tempo, a extinção afetou primeiro a Austrália, seguida das Américas e por fim de Madagascar. Em todos esses casos, os animais se extinguiram logo depois da chegada dos primeiros humanos nas regiões.
Seres humanos afetam o meio ambiente numa velocidade muito alta, que a maioria das espécies, principalmente as de grande tamanho, que se reproduzem de modo mais lento não conseguem se adaptar. Durante grande parte desse processo, um dos motivos para tal impacto era porque as pessoas simplesmente não achavam o desaparecimento dos animais algo relevante.
Antes da descoberta da evolução a maior parte da sociedade acreditava que animais não podiam desaparecer, pois Deus ordenava a natureza de modo a mantê-la sempre em equilíbrio. Outro fator era o preconceito com a vida animal. Quando da colonização da Austrália, os europeus levaram raposas, coelhos e gatos para o local ficar mais semelhante a Inglaterra, o que contribuiu para eliminar vários animais únicos da região, mas os ingleses não se importavam, achando os animais australianos eram inferiores aos da Europa.
Hoje em dia a sociedade humana dedica mais atenção a vida animal, entretanto a enorme população atual e as demandas da civilização dificultam que a natureza tenha o cuidado necessário. Em alguns casos a destruição vem por motivos evitáveis. Tigres estão sendo mortos porque as populações da Asia acreditam que consumir partes do corpo teriam funções terapêuticas ou afrodisíacas, apesar de nunca ter sido encontrado evidência pelos cientistas.
Equilibrar o bem-estar da humanidade com a natureza tem sido um dos grandes dilemas políticos das últimas décadas. E grande parte da discussão aconteceu pois muitos ainda recusam a acreditar que haja motivo para preocupação. Atribuir a devida atenção a questão pode ser crucial para determinar a riqueza de vida que a Terra terá durante as futuras gerações.