Em São Paulo, o primeiro arranha-céu da cidade ganhou espaço nas notícias esse ano devido a uma concessão cedida pela prefeitura da cidade a um grupo de empresários famosos por serem donos de espaços culturais desde café até baladas para transformar o terraço do edifício em um espaço cultural, que atraia público e ajude o centro da cidade a se recuperar.
A história e localização do edifício em questão tem muita relação com a história da cidade de São Paulo. Com um desejo de deixar um legado na cidade, o imigrante italiano Giuseppe Martinelli que havia chegado ao Brasil em 1889, decidiu construir na cidade o prédio mais alto da América Latina. Giuseppe fez história no país desde sua chegada, construindo um grande patrimônio principalmente na área da navegação, no porto da cidade de Santos, litoral do estado de São Paulo.
O edifício Martinelli tem uma história cheia de altos e baixos desde sua construção até os dias atuais, foi sempre cercado de polêmicas e histórias cheias de misticismos. Porém, para a arquitetura paulista, não há como negar o marco histórico que esse edifício representa. As construções do edifício Martinelli iniciaram em 1924, o projeto foi desenvolvido pelo arquiteto húngaro William Fillinger, formado na Academia de Belas Artes de Viena e os detalhes da fachada foram desenhados pelos irmãos Lacombe.
O projeto inicial foi concebido para ter 12 andares, localizado no endereço emblemático e ponto nobre da época: entre as ruas São Bento, Líbero Badaró e avenida São João. Em 1928 o projeto do edifício já havia chegado a 24 andares, alguns problemas com questões estruturais já tinham aparecido e devido a sua altura a obra foi embargada. Depois de todas a questões burocráticas resolvidas e retomada obra o prédio chegou a 30 andares, onde Giuseppe construiu nos últimos andares sua própria residência. Em 1934 Giuseppe Martinelli já não era mais o dono do edifício, devido ao seu endividamento na construção, teve que cedê-lo ao governo italiano para pagar suas dívidas.
A arquitetura do edifício Martinelli é considerada clássica (possui embasamento, corpo e coroamento). Sua fachada é revestida de granito vermelho e ardósia (embasamento e coroamento) e o corpo é pintado em tons de rosa. Nas escadas foi importado mármore italiano para seu revestimento. No total trabalharam na construção do edifício 600 operários e 90 artesãos para a fachada.
Depois de passar por décadas de deterioração e abandono, no final da década de 1970, iniciou-se um projeto de revitalização do edifício Martinelli e em 1979 escritórios do governo do estado de São Paulo foram abrigados no edifício. Nesse ano de 2023, prefeitura anunciou o vencedor da concessão para o terraço do edifício para a construção do chamado Observatório Martinelli, um ambiente destinado a espaços para exposições, lojas, restaurante e café. Com a intenção de dar atenção aos espaços do centro da cidade, chamar a atenção da população e dos turistas e requalificar a região, a ideia é contribuir para a qualidade de espaços na cidade. Com um investimento previsto em 71 milhões de reais, o grupo que ganhou a concessão dos espaços de alguns andares do edifício para uso voltado para o entretenimento (quatro últimos andares, subsolo e parte do térreo) tem 60 dias para apresentar o projeto e 6 meses para abrir parcialmente. Estão previstos no projeto ambientes como: cinema, espaço de eventos, museu, espaço de gastronomia, artes e observatórios.
Os paulistanos e os turistas podem esperar um novo grande acontecimento nesse ícone da arquitetura da cidade. Segundo imagens apresentadas no dia da assinatura da concessão, o projeto está gerando grande impacto. Esse é um grande passo para uma outras ações previstas pela prefeitura da cidade para melhorar a qualidade de vida no centro da cidade. Torcemos para que essa ação só traga benefícios para todos.