Receber é um ato de servir! Clichê ou não, essa frase faz todo sentido.
Das flores ao prato principal, dos mimos a organização de cada ambiente, estamos em sintonia com nossos convidados. Sejam sempre bem-vindos, aqui te esperamos! A ideia da troca, do riso solto, da conversa fiada e da proximidade com pessoas me acossam os sentidos, faz brilhar o que tenho de melhor.
Cozinhar, arrumar, enfeitar, servir e cuidar fazem parte da minha missão de vida, e quando recebo pessoas em minha casa isso se traduz em ação.
A disponibilidade e capricho que são depositados nos detalhes ditam a energia do encontro. Dizem que Deus mora nos detalhes. Não tenho clareza sobre isso, mas acredito que ele abre um largo sorriso ao perceber que ao escancararmos as portas e deixamos que alguém invada nossa morada, importa mais o amor dedicado que o cansaço instalado. A exaustão do corre-corre dá lugar a satisfação do tilintar dos copos e luzes acessas iluminando a casa e o coração.
Penso que nossa casa é nosso campo de energia mais sagrado e saber apreciar um bom papo, uma companhia, uma presença é estabelecer o divino que habita em mim, em conexão com o divino que habita no outro.
Um bolo quentinho, num prato maravilhoso e uma boa xicara de chá ou café fazem revigorar qualquer alma perdida do purgatório. Um abraço apertado de boas-vindas e um cheiro de canela ou verbena que ascendem de algum canto mostram a essência de onde pisamos. Criam memórias e embalam a alma. Uma roupa de cama com raminhos de melissa e tolhas de banho limpinhas aquecem os sentidos. E ainda não podemos esquecer da trilha sonora, que abrilhantará ainda mais toda a atmosfera.
Uma vez alguém que eu recebia em casa, parou a conversa e espontaneamente disse "o que falar dessa trilha sonora presente ao fundo”, e eu respondi, nos acompanha diariamente. Era certamente um jazz, sonoridade habitual em nossa propriedade.
Lembrei-me agora e não poderia deixar de mencionar, que há aqueles ambientes absurdamente expulsivos, e devem ser retratados, pois são locais que não queremos visitar, por diversos fatores. É quase como uma onda do mar que nos manda de volta para a areia. Como já dizia minha sabia mãe, “receberemos visitas, limpem as vidraças, tirem o pó de cima dos móveis e deixem as panelas brilhando, sem esquecerem do tapetinho no banheiro, pois as visitas merecem todo nosso carinho e respeito”. Olha que lindo! Aprendi com essa ordem, a limpar, organizar e cheirar a casa para mim, e para meus visitantes também.
Receber é escolha, é permitir que o outro alcance o conforto de nossa intimidade. E tem uma citação que diz que anjos não habitam ambientes tumultuados, acumulados e desorganizados, e eu completo... As visitas também não!
Outros aspectos são primordiais ao receber alguém, como a individualização daquele momento, pois cada pessoa ou grupo de pessoas são diferentes e merecem atenção. Eu sempre falo, dê-me um alfinete de presente, mas que seja parecido comigo, pois até os alfinetes podem ser customizados.
Enfim, receber é uma atitude que exige treino, compaixão, dedicação, mimos, delicadeza de sentimento. Talvez eu ficasse aqui narrando sobre as cores dos tecidos ou a disposição dos quadros ou qual serviço eu usaria para minha visita, em cada dia, mas para além dos afazeres, receber é um ato de compartilhar, e sendo assim o prazer do encontro deve vir em primeiro lugar.
Nos vemos já, já!