A temática do amor é recorrente em toda nossa história e construção como sujeitos, seja pelo viés da literatura, filosofia, arte e até mesmo da religião. Platão abordava muito dois temas super interessantes e intrigantes: a completude e a falta, para Jacques – Alain Miller, o amor nos faz encontrar uma melhor compreensão sobre nós mesmos e para Freud é preciso amar para não adoecer (apesar de encontrar no consultório muita gente adoecendo pelo excesso de busca de demanda de amor.)
Existe um mito de Aristófanes que fala que antigamente éramos feitos de 2 cabeças (de gêneros femininos, masculinos, ou feminino + masculino), olhando em direções opostas, 4 mãos e 4 pés. Zeus, no entanto, se incomodava com o poder que ali existia naqueles seres e então precisava fazer algo para enfraquecê-los, foi nesse momento que dividiu os seres em duas matades e então cada metade ficava a deriva em busca de sua outra, a tão hoje falada alma gêmea.
Ouvi atentamente em um encontro online a Psicanalista Ana Suy falar sobre a relação de Amor e ódio pelo viés psicanalítico, ao que chamamos de Amódio, essa relação, por mais intrigante que seja, vale frisar aqui que o Amor e ódio caminham juntos e que onde existe amor, existe também aquele lá, esse mesmo, o ódio, porém em muitos dos casos, ele vem mascarado, encoberto, com aquela ideia de que não se é permitida a presença dele ali, pois ele não é bem-vindo. Vamos pensar: Quando se existe uma ruptura na relação, de imediato esse ódio vem à tona e muitas pessoas interpretam como se o amor nunca tivesse existido ou como se fosse uma forma de transformação naquele ódio, ohhh, leve engano! O ódio estava ali, a espera de um momento para aparecer, por isso é tão necessário e importante encararmos sentimentos, afetos, sejam eles quais forem, até porque aprendi que o ódio é o afeto que nunca nos engana, e ainda digo mais, é o único afeto a nos fazer isso.
Muitas pessoas ao tentarem finalizar um ciclo, engatam novos relacionamentos, o que de fato considero um equívoco, até porque o luto precisa ser vivenciado, experimentado, vivido e sentido, pois caso contrário, se leva as mesmas situações e sentimentos conflitantes para as próximas relações. É importante trabalhar em análise o que de fato aconteceu e o mais importante, acredito eu: Qual o lugar/posição que você estava ocupando naquela relação, pretende continuar ocupando o mesmo lugar nas próximas? Pretendo reelaborar sua posição de sujeito diante da vida?
Lacan afirma que toda demanda é uma demanda de amor, a mulher passa a vida inteira querendo ser amada e não propriamente a amar de fato. Essa busca a vida inteira por ser amada acaba sendo uma busca também pelo significado do que é ser mulher. Existem aquelas que esperam pelo seu príncipe encantado, sabe aqueles contos que em algum momento de nossas vidas a gente já ouviu e já internalizou também? Sim sim, de que iremos, ou melhor, de que precisamos ser salvas para que assim possamos encontrar a verdadeira felicidade, isso caiu de terra hoje, porém, algumas mulheres ainda, mesmo que de forma inconsciente, buscam essa salvação, hoje não só pela via romântica, hoje essa forma de se salvar pode aparecer pelo trabalho, pelo filho, por outros meios, mas em alguns casos, ela estará ali.
Estamos em pleno século XXI e muito se fala e procura saber ainda sobre o amor, sentimento este que nos faz viver, pulsar e também adoecer, sofrer. Vamos conversar mais sobre isso? Até o próximo momento, vejo vocês em breve!