E sabei que, segundo o amor tiverdes, tereis o entendimento de meus versos!

(Camões)

Será Portugal, um tapete voador, mágico que nos leva a mundos por explorar? Que nos inicia e incita a novas Descobertas? A Novos Arcanos?

Assim entendeu Camões, quando escreveu Os Lusíadas, há precisamente 450 anos!

Através da Viagem, os portugueses, como observa Camões, foram “compassando o Universo”. E a Ilha dos Amores é, a representação de um centro iniciático, sem dúvida a representação do centro supremo. Portugal e a Ilha constituirão, segundo o Poeta, o Sol e o Foco em torno dos quais se movimenta o Sonho de uma Humanidade renascida.

Luís de Camões compara o chão da Ilha a um tapete persa, mas que o excede em beleza, força e sabedoria. Três Pilares Salomónicos ancestrais que apontam para a evolução espiralada dos valores particulares em valores universais.

A obra camoniana transporta uma aprendizagem do modo de olhar, de observar usos e costumes de povos tão diversos. Aprendizado e experiência do Amor a que o exílio traz novos e coloridos Azuis e Rosas. Experiência da morte e da vida, do sonho e do Devir.

Deste modo, a viagem, mais do que a exploração dos mares, exprime a passagem do desconhecido para o conhecimento, não só a nível físico, mas também a nível espiritual/interior. Como diz Jorge de Sena estamos perante «a recolocação do Amor, do verdadeiro Amor, como centro da Harmonia do Mundo.

Sendo Camões um petrarquista, podemos assumir que esses preceitos estão na base da sua obra, notadamente em Os Lusíadas, e que o episódio da “Ilha dos Amores” deve ser compreendido, portanto, como parte do desenvolvimento da arte do engenho de quem era capaz de compreender a verdade divina.

Neste sentido e na sequência do trabalho artístico- alquímico de A. Sinai, que é transformar os seus quadros em Jóias, cujo tema tem vindo a ser simbolicamente a Portugalidade e celebrar os escritores portugueses, é evidente que Camões tinha que estar representado.

Neste caso, a jóia camoniana nasce da sua interpretação da obra, quer lírica, quer épica, em que o olhar é soberano e o Amor é sublimado. Camões vê a nossa História com o coração e por isso o olho e o coração se fundem na Jóia que o celebra.

Olho / Peixe, signo de um Portugal místico navegante, desejoso de conhecimento, de uma dupla viagem: física e espiritual; alquímica!

Os Lusíadas atravessam mares com o corpo, alma e espírito, com uma visão metafísica que transporta o leitor para um mundo onde deuses e humanos comungam entre si.

Na escrita camoniana, ver claramente visto, é ver com o coração, mais longe, como o Principezinho.

Magicamente, a ilha dos Amores simboliza o Amor em ascensão ao Bem que constrói uma nova Humanidade.

O Coração possui o Olho que, por sua vez, vê com Amor e Sabedoria e assim cartografa um Novo Mundo com um Novo Arcano: o das Descobertas! É importante perceber que o descobrir do caminho marítimo para a India é a descoberta do caminho e é importante para todos nós descobrir o caminho...