A Galeria Millan tem o prazer de apresentar, de 14 de agosto a 15 de setembro de 2021, Olho nu, terceira exposição individual de Ana Prata na galeria. Reunindo cerca de 23 pinturas, entre pequenos e grandes formatos, a mostra expande o suporte bidimensional ao inseri-lo em diálogo direto com o espaço através de um projeto visual idealizado pela artista em conjunto com Carol Tonetti e Vitor Cesar, que assinam o design da exposição. A exposição marca também o lançamento da publicação inédita Defeitos para o mundo dos sérios, uma correalização da artista com a Galeria Millan e a Ubu Editora, que inclui ensaios dos curadores Livia Benedetti e Ivo Mesquita, além de uma entrevista em diálogo com o também curador Tiago Mesquita.
Ana Prata (1980, Sete Lagoas, MG) desenvolve sua pesquisa em um percurso de experimentação dinâmico. A prática de Prata combina o emprego de referências históricas — tal como o uso de um repertório modernista — à presença da interioridade. Em suas composições mais recentes, a artista estabelece um vocabulário guiado por diversas frentes da dimensão simbólica, ainda que com uma ambiguidade latente, decorrente da franqueza de sua pintura.
Em Olho nu, o tema da natureza-morta ocupa a maior parte do corpo de trabalhos, produzidos ao longos dos últimos anos. Este gênero historicamente consolidado permite a construção de infindáveis caminhos possíveis, ponto de partida para o interesse de Prata pelo tema. Segundo Livia Benedetti, “há também de se indagar sobre a própria motivação da artista na opção por esse gênero de pintura que, na produção de Ana, não é absolutamente utilizado como um tema neutro, mas possui uma carga de enfrentamento a um lugar que pode ser incômodo para uma artista mulher, justamente pela associação naturalizada do gênero feminino com a ordem da casa, da cozinha e com o singelo”.
Transitando entre a ótica do humor e do universo íntimo, a prática de Ana Prata mostra-se, ainda e fundamentalmente, como um exercício de seu espírito crítico. "O que vem antes para mim é sempre a matéria, as muitas possibilidades que a pintura oferece, enquanto coisa, é onde existe um enfrentamento. Ultimamente estou gostando de pintar os potes, frutinhas, etc. Parece que estou buscando uma espécie de afetividade ou conforto que se expressa nessas pequenas cenas. Olho pra elas como brinquedos, ou às vezes representações de objetos pertencentes a mundos distantes, quem sabe até pré-históricos. São ficções, o jeito de fazer é o que impregna algum sentido de realidade", comenta a artista.
Por entre o jogo de objetos predominantemente domésticos, irrompem jarros, vasos, cestos, frutas e flores dispostos sobre toalhas, mesas ou tapetes. Por meio destes, entretanto, a representação pictórica experimenta outros sentidos, uma vez que cada pintura os evoca de maneira singular, seja em relação à construção de sua poética ou à sua solução formal. Entre uma pintura e outra, estas esferas de enunciação revelam-se conduzidas por uma prática, como descrita por Ivo Mesquita, irreverente, enérgica, vibrante.
Graduada em Artes Plásticas pela Universidade de São Paulo, Ana Prata participou da 33a Bienal de São Paulo - Afinidades Afetivas, São Paulo, SP (2018), e realizou exposições individuais na Tobias Mueller Modern Art, Zurique, Suíça (2020); Galería Travesía Cuatro, Guadalajara, México e Madrid, Espanha (2020); Galeria Isla Flotante, Buenos Aires, Argentina e auroras, São Paulo, SP (2019); Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo, SP (2018); Galeria Millan, São Paulo, SP (2014 e 2017); Pippy Houldsworth Gallery, Londres, Reino Unido (2016); La Maudite, Paris, França (2015); Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2012); e Centro Cultural São Paulo, SP (2009), entre outras.
Exposições coletivas incluem A burrice dos homens, Galeria Bergamin & Gomide, São Paulo, SP (2019); Ana Prata & Hamish Pearch, Kupfer Gallery, Londres, Reino Unido (2018); Troposphere, Beijing Minsheng Art Museum, Pequim, China; Os Desígnios da Arte Contemporânea no Brasil, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, SP; A Luz que Vela o Corpo É a Mesma que Revela a Tela, Caixa Cultural, Rio de Janeiro, RJ (2017); O Espírito de Cada Época, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP (2015); Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil, São Paulo, SP (2011 e 2013); Os Primeiros Dez Anos, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2011); e Lugar Nenhum, Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro, RJ (2013). Em 2011, participou da residência artística Red Bull House of Art, em São Paulo, SP, e, em 2016, da Residency Unlimited, em Nova York, EUA. Foi uma das indicadas ao Prêmio PIPA em 2017, 2018, 2019 e 2020. Seus trabalhos integram importantes coleções, como Pinault Collection, Paris, França; Jorge M. Pérez Collection, Miami, EUA; Instituto Itaú Cultural; Pinacoteca do Estado, em São Paulo, SP, entre outras.