Mendes Wood DM tem o prazer de apresentar Ardor e ira, exposição individual do artista Fernando Marques Penteado. Retomando a imagem de um lar, Marques Penteado explora uma ampla gama de símbolos que foram mantidos e valorizados em ambientes domésticos para proteger seus habitantes. Abrangendo diferentes geografias e tradições, desde figuras devocionais peruanas até deuses afro-brasileiros, Ardor e ira traça uma análise poética da busca duradoura da humanidade por objetos evocativos e protetores. Combinando instalações, trabalhos esculturais, desenhos e storyboards, Marques Penteado literalmente borda as histórias não contadas incrustadas nessas representações.

Ardor e ira

Nós oscilamos perpetuamente entre a pacificação e a afronta. O Ardor regenera e faz prosperar. A Ira ceifa, elimina e dispara rancores. Ao lado disso, neste vasto mundo, não há local mais sereno, estimado e procurado do que uma casa. E para que a casa consiga se consagrar como lar, ela precisa proteção. Evocar a proteção de um lar, de uma família, é um gesto ancestral. Figuras emblemáticas lançam seus efeitos, suas vitalidades e aquela casa passará a as ter por guardiãs. Certas paredes da exposição resgatam formas antigas que pedem por fertilidade, outras procuram a saúde e outras a devoção. As paredes laterais, entretanto, são dedicadas à um dos guias deste ano corrente, 2024, o Exu_Bará com suas habilidades de um mensageiro tenaz por entre mundos físicos e os psíquicos, subterrâneos.

Ainda outra larga parede apresenta um continuo de estórias de casas: de quando as já se tem, de quando ainda as se busca, ou de quando por infortúnio as se perde. Ficções, arranjos, ornamentos, esculturas e mapas alargam o nosso globo terrestre. A casa, tal como a vida, também oscila entre sólida e efêmera, bela e arruinada, protegida ou à mercê de intempéries e maldições.

E por último há na exposição três linhas narrativas ficcionais e objetos satélites que acompanham 1. a saga de Lurdes ao recuperar a urna com as cinzas de sua irmã 2. a alegre trajetória de Konrad entre a Bratislava na República Tcheca até Portland nos EUA e 3. uma charada que descreve o homem que é folgado, sujeito infelizmente ainda muito em voga.

É isso. É vir e desfrutar.

(Texto de Fernando Marques Penteado)