Bhagwan Shree Rajneesh, também conhecido como Osho, foi um guru indiano do final do séc.XX, e também um dos maiores e mais inteligentes charlatões que o mundo já teve a experiência de vivenciar.
Contrário aos princípios do hinduísmo e do budismo, Osho transformou os ensinamentos sagrados em uma mercadoria à venda. Não sei se seria correto afirmar isso, porém é muito possível que ele tenha sido o responsável pelo início de toda essa nova era new age de espiritualidade, onde se tornou comum “gurus”, pastores, místicos e líderes religiosos ganharem fortunas vendendo o caminho da salvação.
Uma das jogadas de Osho era vender ensinamentos que não eram originalmente seus. Como por exemplo, a flor. Foi Buda quem disse que a flor não deve ser colhida e sim apreciada, entretanto, basta uma pesquisa superficial na internet para encontramos esse ensinamento sendo uma obra de Osho.
Depois de acusado de vários crimes na Índia, incluindo incêndios criminosos, crimes contra a imigração, contrabando de ouro, e sonegação de impostos, Bhagwan e seu culto fugiram para o condado de Oregon, nos Estados Unidos, e compraram uma propriedade rural de 80.000 acres, ou 323.748.800 metros quadrados. O objetivo era iniciar um novo projeto social, que seria responsável por escrever seu nome nos livros de história do mundo. Um documentário dividido em seis episódios disponível no Netflix conta mais detalhado como o projeto foi criado, implementado e banido pelo governo dos Estados Unidos.
Ironicamente, o projeto teria tido total sucesso caso os idealizadores tivessem sido um pouco mais políticos e diplomáticos, entretanto, historicamente é possível analisar que a mania de grandeza de todos esses líderes contraditórios que surgiram na história da humanidade, foi exatamente o motivo de sua ruína.
Além disso, creio que também é possível afirmar que outro fator que teria contribuído para o sucesso do projeto de Osho teria sido uma escolha de um local mais apropriado para a criação de sua comunidade, até mesmo um país mais liberal.
Porém, novamente, quando suas decisões são influenciadas pelo capital, é difícil não escolher países que sempre tiveram uma moeda mais forte e mais valiosa.
Enfim, depois de quatro anos muito turbulentos, ao final de 1985, Osho foi deportado dos Estados Unidos depois de responder pelos crimes de fraudes na imigração, envenenamento em massa de mais de 700 pessoas, e drogar involuntariamente seus seguidores. Quando deportado, 21 países negaram sua entrada, e ele não teve outra opção que não fosse retornar a Índia, sua pátria natal.
Morreu em 19 de janeiro de 1990, com 58 anos, após a aplicação de três injeções letais aplicadas por seu médico particular, a pedido do próprio Osho. Seus livros venderam milhões de cópias, e seguem vendendo até os dias de hoje. Assim como suas comunidades também ainda sobrevivem. Afinal, quem não gostaria de se elevar aos céus fazendo uso de drogas, do sexo livre, e com muitos dólares para gastar, sem ter que se preocupar com nenhuma abdicação ou responsabilidade?