São 150 anos a celebrar um legado apaixonante. Bastaria relembrar a Moonlight Sonata e o Hino à Alegria para nos rendermos ao músico que possui também o talento da escrita e por isso o seu Testamento (objecto de tema de um filme inesperado : Paixão Imortal) é considerado uma peça de valor literário.
Um Testamento que atesta, dado o destinatário da sua herança, uma paixão louca, desenfreada e imortal, mas sobretudo, proibída!
A paixão imortal de Beethoven pela sua cunhada é partilhada post mortem, constituindo um segredo secreto de prazer, volúpia e transgressão que inspiram as suas obras.
A História da Humanidade, dos seus heróis e das suas celebridades está recheada de amores e paixões proibidas, de Pecados que mordem, mesmo sem dentes! Todavia, estas paixões imortais, fazem-nos pensar nas razões que a Razão desconhece e que são as razões do coração. E o nosso coração não conhece nem obedece a convenções, preconceitos, nem tão pouco ao medo do que a Sociedade pensa...e quando ama, o coração sente a melhor sensação do mundo que é a Liberdade!
Liberdade de ser; liberdade de acontecer; de sentir e de não ter medo de nada, nem da própria Morte! Como dizia o Poeta Maior:
Morrer é ser iniciado!
E tal, fazer morrer em nós os medos, é essencial nos dias de hoje; em que a Sociedade se encontra cada vez mais presa das suas armadilhas; das suas próprias hipocrisias, da sua própria moral...um selo, que infelizmente, está colado e bem colado no envelope da nossa História e nos envelopes das histórias da nossa vida privada, sejam de alcova ou da conta bancária...
Beethoven é uma lufada de ar fresco, um bater o pé, um guardador de segredos, que, depois de revelados, e partilhados com o Mundo, servem para despertar a nossa consciência, para revisitar os nossos conceitos de bens e de felicidade e de comunhão...
Bem haja, Beethoven, por nos devolver a alegria de viver plenamente, sem medos! Bem haja por nos relembrar que pecados antigos deixam marcas duradoiras! Bem haja por nos fazer sonhar...
Tudo é ao mesmo tempo, o mar, a lua, o sol e o vento; tudo é ao mesmo tempo no corpo do pianista que é o quinto elemento! Ele que deitou a cabeça no colo do piano para se ouvir melhor, a caixinha de música do seu coração, ora bonança, ora tempestade, sempre afinado com o sentir da sua verdade! Ah, Beethoven, o Luar, sem a tua sonata, não seria a mesma coisa...