Muitos de nós vivemos à mercê.
Tal como barquinho ao léu, oscilamos de acordo com a impetuosidade dos ventos e das marés e estamos sujeitos às influências do clima e das tempestades da vida. De acordo com esse funcionamento, as coisas simplesmente acontecem e muito pouco ou nada podemos fazer para nos proteger das intempéries ou evitá-las. Trata-se de uma condição passiva ou reativa de ser, onde esperamos cair do Céu a famosa “chuva de bênçãos”, isto sem que tenhamos colocado à prova nosso poder de ação. É claro que os “presentes” do Pai são sempre bem-vindos, no entanto, a postura de “esperar sentado” não ajuda ninguém a atingir suas metas.
O ser Ativo, ou mais especificamente Proativo, é aquele que sai em busca de, que se arrisca indo à luta ou dando a cara a tapa na tentativa de se antecipar aos acontecimentos.
Determinação, ousadia, persistência, força, autoconfiança, disciplina, resiliência nas adversidades são alguns dos atributos exigidos para quem deseja correr atrás dos seus sonhos e testar os limites do seu poder de ação.
É certo que nesta vida não temos o controle de tudo. Por outro lado, nos acovardamos e nos deixamos dominar pelo medo do desconhecido quando não testamos nossa capacidade de ir mais além.
Até onde você quer ir? Você tem um plano de vida?
Em Psicodrama, temos o protagonista que é aquele indivíduo que na dramatização interpreta seu próprio drama e que, ao ser escolhido, congrega o drama de todas as pessoas em si mesmo. Enquanto dramatiza sua história, ele se apropria dela, podendo assim reescrevê-la, dar-lhe um novo final, e nesse seu movimento, todos os demais participantes serão trabalhados/libertados de seus sofrimentos.
Correr riscos, se expor, arregaçar as mangas não é para qualquer um.
Quem topa o desafio se apropria da própria vida e pode chegar à condição absurda de mudar radicalmente sua realidade. Mas não é isto que queremos? Mudar a nossa vida para melhor? Ter uma condição de abundância no amplo sentido do termo? Alcançar o desenvolvimento pleno?
Talvez um dos maiores paradoxos da alma humana seja o de não suportar o sucesso e a felicidade que tanto almejamos e pelos quais lutamos. Viver ao rés do chão é uma condição conhecida e que não exige grandes esforços de adaptação. “Será que eu mereço tudo isso?” Certamente esta é uma pergunta que paira em nosso inconsciente, principalmente quando nossos antepassados não usufruíram de uma condição de plenitude e abundância. Aprisionados pela culpa ou pelo medo, o fato é que acabamos nos boicotando e nos deixando paralisar por algemas invisíveis que não nos permitem sair do lugar em que estamos.
“Ocupe seu lugar na vida!” Esta é uma máxima de extrema importância, mas quantos sabem qual é seu lugar? Para os que sabem ou que o supõem, apresenta-se o desafio de conseguir chegar lá, ou porque não são capazes de empreender os esforços necessários para tanto ou porque não se sentem confortáveis nesse lugar. Por incrível que pareça, o topo não é um lugar de conforto para a grande maioria das pessoas (embora atualmente a palavra top esteja literalmente na boca de todos), pois corremos o sério risco de cair de lá de cima a qualquer momento e nos estatelar no chão. Enfrentar uma situação diferente do que estamos habituados nos deixa tensos, pois há sempre o risco de falhar ou o medo de não conseguir lidar com a situação. A resposta adequada para diferentes situações desconhecidas não a encontramos descrita em nenhum manual. Ressalte-se o fato de inconscientemente não nos sentirmos merecedores e prontos para usufruir das coisas boas da vida, principalmente se nunca as tivemos antes.
A sensação da quebra de um paradigma é por demais avassaladora! Podemos ser punidos com algo terrível a nos acontecer ou aos outros se ousarmos ir além do ponto de virada. Assim, nos consolamos a nós mesmos dizendo que as uvas ainda não estão no ponto de serem colhidas ou que “é muita areia para o meu caminhão!” De alguma maneira construímos uma imagem pequena de nós mesmos, e desconstruir um conceito que está cristalizado torna-se muito difícil. Vale salientar que quem determina o tamanho do caminhão somos nós. Isto está contido no nosso autoconceito e na medida internalizada que possuímos a respeito de nosso próprio desempenho, isto é, o quão capazes julgamos que somos frente a um novo desafio. Muitas vezes, preferimos nos agarrar ao pouco que possuímos ao invés de construir nossa “prontidão” ao longo do caminho.
Viver entre paradoxos e contradições talvez seja a condição que mais caracteriza a natureza humana: “Eu quero aquilo, mas também não quero; luto por algo que considero valioso, mas ao mesmo tempo boicoto meus esforços”.
Imersos nesse campo de forças, acabamos nos identificando com uma destas valências (aquela que é mais coerente e consistente com os desejos de nossa mente racional consciente) e reprimimos a outra por ser egodistônica, mantendo-a em estado de latência na vastidão do inconsciente.
Um fato de extrema importância: nossa disposição interna para a mudança precisa ser continuamente trabalhada, visto que a tendência é nos entregarmos à lei da inércia que preconiza o menor esforço possível ou o retorno ao estado de repouso.
Se aceitamos a mudança, podemos nos adentrar nas profundezas de nosso inconsciente e nos confrontar com as partes obscuras de nossa personalidade para então empreendermos a síntese dos opostos.