Quatro anos após sua última individual no Rio de Janeiro, Luiz Zerbini exibe na Carpintaria sete pinturas inéditas em grande formato, além de três novas monotipias e uma mesa escultórica. Ao longo de mais de três décadas, Zerbini vem desenvolvendo na pintura um complexo vocabulário visual baseado na interseção entre figuração, abstração e geometria. As pinturas da presente exposição tendem ao campo da abstração geométrica, uma vez que o artista utiliza a estrutura do grid para explorar relações entre cor, luz e objeto.
Zerbini encara a tela como um campo ampliado de possibilidades, ora emoldurando o olhar do espectador, ora construindo janelas imersivas que desvelam sutis vestígios figurativos. Gemini (2018) e Vento Voa (2018), por exemplo, revelam uma abordagem maleável do grid, sistema continuamente colocado em questão pelo artista, cuja prática aproxima-se mais da contemplação do que do rigor irrepreensível usualmente associado ao abstracionismo geométrico. Apesar da aparente ausência das imagens recorrentes de seu repertório – as ondas do mar, a vegetação, os ruídos sonoros –, são obras que aludem a estes elementos ao jogar com transparência e opacidade, processando experiências cromáticas que revelam-se elemento chave para a criação de um campo vibracional, como em Espiral (2018).
Em Logo-Love III, a exatidão das formas desmembra-se em curvas sinuosas que evocam a representação da vegetação tropical, tão frequente em sua produção. Em outras obras, como Dito Popular (2017), o artista utiliza uma técnica similar a um processo de impressão sobre a tela, criando texturas a partir da manipulação do rolo de pintura.
Já as monotipias dão continuidade às experiências de impressão iniciadas em 2016, quando o artista concebeu os primeiros exemplares utilizando como matriz espécies de plantas coletadas no Jardim Botânico do Instituto Inhotim, em Minas Gerais. Em sua incursão mais recente ao formato, Zerbini opta por elevar a escala de cor dos experimentos, permitindo que tons de rosa, azul e preto contaminem o papel e as plantas. Na parte da frente do espaço expositivo, Mesa Rio (2017) tridimensionaliza os contornos de Garrafas ao Mar (2018), transformando-os em ondas que, delicadamente, riscam o vidro e ganham o espaço na forma de sombras que repousam sobre a areia na base da obra.
Luiz Zerbini nasceu em 1959, em São Paulo, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1982. Entre suas exposições recentes, destacam-se: a coletiva Southern Geometries, from Mexico to Patagonia (2018), atualmente em cartaz na Fondation Cartier Pour L’Art Contemporain, Paris; Intuitive Ratio na South London Gallery (2018), sua primeira individual em uma instituição britânica; amor lugar comum, exposição de longa duração no Inhotim, inaugurada em 2013; Amor, exposição panorâmica de seu trabalho no MAM Rio de Janeiro (2012). Sua obra está presente em diversas coleções públicas, como: Inhotim, Instituto Itaú Cultural, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, entre outras. Paralelamente, Zerbini integra desde 1995 o coletivo Chelpa Ferro, com Barrão e Sérgio Mekler, que explora as relações entre as artes visuais e a música.