Com voos diários a partir de São Paulo, muitos brasileiros com destino a Tóquio, Xangai, Singapura, Pequim, Melbourne ou Beirute conhecem Doha apenas como um aeroporto de conexão. A capital do Qatar, contudo, merece mais que uma corrida às lojas isentas de impostos.
Passar dois a quatro dias no diminuto emirado (reino) é algo a considerar. O turista terá ali uma cápsula de cultura árabe, mas em versão de baixo teor.
Trata-se de uma opção segura e confortável - se o viajante resistir ao calor de até 50°C, no Verão, sem recurso à cerveja.
Arte islâmica
Doha é uma cidade de carros e para carros, em geral jipões com que os qatarianos atacam as dunas do deserto. Na capital rolam por avenidas de pavimento impecável, que se expandem a partir da Corniche, via semicircular que contorna a baía, pontilhada de tamareiras. A paisagem, apesar de convidativa, não inclui pedestres.
Na ponta leste da Corniche, pouco além do porto de "dhows" (veleiro típico das Arábias), está a maior jóia de Doha: o museu de Arte Islâmica. Inaugurado em 2008, o maciço prédio de linhas retas, cercado de águas verdes e vagamente reminiscente de mesquitas, foi projetado pelo arquiteto sino-americano I.M. Pei (o mesmo das pirâmides do Louvre).
Se o visitante já se impressiona com o exterior, sofre um choque ao entrar no museu. O átrio monumental abriga passarelas metálicas entre os dois andares superiores e uma escadaria dupla, em curva, de tirar o fôlego.
O museu de Arte Islâmica, prédio do arquiteto I.M. Pei, abriga um dos acervos mais importantes do gênero. Apesar de imponente, o museu não chega a ser imenso. Pode ser visitado como merece em umas três ou quatro horas. A coleção, das mais importantes do gênero no mundo, reúne peças desde o século VII d.C., quando surgiu a religião do Islã.
No segundo andar, as galerias se organizam por temas: caligrafia, arte figurativa, motivos e ciência na arte muçulmana. No terceiro, a organização é cronológica, das primeiras dinastias árabes à expansão do islamismo para a península Ibérica e os confins dos impérios da Índia e da Turquia.
Há um pouco de tudo, de antigos manuscritos com caligrafia e iluminuras rebuscadas, a jóias e tapetes suntuosos. Não será má pedida quebrar a visita em duas partes, com intervalo para um lanche junto à gigantesca rosácea geométrica de pedra negra que cobre o piso do térreo. A inevitável lojinha tem muita coisa bonita e preços salgados.