Com o desenvolvimento da indústria moderna e com o aparecimento de uma sociedade industrial e de consumo, temos assistido a impactos ambientes que nos conduzem para um mundo não sustentável. As investigações que são constantemente realizadas sobre o meio ambiente colocam em evidência em como as agressões humanas ao ambiente são intensas e que os elementos e processos naturais não influenciados pela actividade humana são cada vez mais escassos. Estes estudos acabam por revelar a importância que têm as propostas arquitectónicas e urbanas e qual o seu impacto no meio ambiente. A capacidade de arquitectos e engenheiros em corresponder com a solução mais adequada é igualmente questionada. Neste sentido, é possível afirmar que a Arquitectura tradicional é um factor que pode ter a necessidade de voltar a ser reconsiderado. Pois é através de métodos tradicionais, que o meio é cuidadosamente preservado e transformado com uma extrema sensibilidade.
Actualmente, o tema com que mais somos confrontados é a crise – seja ela económica, social ou ambiental. Tempos de crise são também tempos de oportunidades para revisões de paradigmas e de novas experiências, nomeadamente nesta questão de desenvolvimento sustentável.
Este, (desenvolvimento sustentável) procura usar de uma maneira equilibrada os aspectos ambientais, sociais e económicos, considerando a manutenção dos recursos naturais e o consumo consciente destes para um meio de vida sustentável e, principalmente, para o equilíbrio entre a sociedade e o meio ambiente.
Esta preocupação para com o ambiente e para com as condições em que este se encontra, tem dado início à formação de movimentos e de partidos verdes, que visam incentivar a conservação dos recursos ao invés de serem explorados até aos seus limites.
Existem recursos naturais que se estão a esgotar e, a indústria da construção, a nível mundial, consome mais matérias-primas que qualquer outra actividade económica.
O aumento da população mundial e as necessidades implícitas em termos de construção de edifícios agravará ainda mais o consumo de matérias-primas não renováveis, bem como a produção de resíduos. A arquitectura deveria ter o dever de tentar inverter este processo e, cabe ao arquitecto assumir a sua responsabilidade para com a sociedade e promover soluções de construção sustentáveis, como é possível observar na seguinte expressão do professor Jacinto Rodrigues:
“(…) desenvolver para toda a comunidade europeia no que diz respeito aos métodos de construção, aos materiais utilizados, às opções energéticas na manutenção climática dos edifícios. (…) Era de todo o interesse o uso de materiais naturais e saudáveis, biodegradáveis, através de novas tecnologias de construção e processos ecológicos de funcionamento energético e de gestão bioclimática.”
As técnicas de construção que o homem tem produzido ao longo dos anos devem procurar auxiliar o equilíbrio do planeta – melhorar de acordo com as necessidades atuais e futuras – e, a sustentabilidade no sector da construção tem factores positivos. Esta promove intervenções sobre o meio ambiente, adaptando-o às necessidades de uso, produção e consumo humano, sem esgotar os recursos naturais e preservando-os para as próximas gerações.
Um recurso significa algo a que se pode recorrer para a obtenção de outras coisas. De uma forma simples e usual, pode-se dizer que os recursos naturais são a matéria-prima e a energia que a natureza coloca à disposição do Homem e que este transforma, para seu uso, numa busca interessante de mais conforto e qualidade de vida. O uso de recursos naturais deve minimizar os danos aos sistemas de sustentação de vida através da redução dos resíduos tóxicos e da poluição, da reciclagem de materiais e energia, da conservação, do uso de tecnologias limpas e de maior eficiência e de regras para uma proteção ambiental adequada. A utilização de “eco-materiais” e de soluções construtivas tradicionais contribuem para a promoção de um bom uso de materiais e de uma economia de recursos.
Estas políticas de desenvolvimento sustentável devem procurar, nas intervenções locais, experiências exemplares para o nosso futuro. É possível que o caminho para uma sociedade mais equilibrada tenha a sua resposta nas escolas de Arquitetura, onde é necessário encontrar um equilíbrio entre a teoria e a prática, entre generalistas e especialistas, orientados por uma postura crítica e reflexiva.
“É assim urgente uma mudança no ensino da arquitectura e na formação profissional dos quadros ligados à construção civil e às indústrias dos materiais de construção assim como uma renovação das estruturas empresariais.”
O professor Jacinto Rodrigues refere-se a uma actualização no ensino da Arquitetura. Investir na formação de jovens arquitetos que estejam dispostos a actuar e que a Arquitetura seja uma das disciplinas a considerar na produção sustentável do espaço das cidades contemporâneas. As crises são cíclicas, vão e voltam naturalmente, mas a resposta a elas não fazem parte desse ciclo natural – dependem de muito esforço e criatividade.
A possível diminuição dos impactos ambientais depende não só de mudanças tecnológicas mas também de mudanças sociais, tornando-se importante repensar a actuação dos diversos sectores pelos quais a sociedade é composta.
Criar edifícios que preservem o meio ambiente e que procure soluções locais para problemas globais.
Bibliografia
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- L. Benevolo. A Cidade e o Arquitecto. Edições 70, Lisboa, Portugal. 2006.
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- Rodrigues, Jacinto. (2006) Sociedade e Território: Desenvolvimento Ecologicamente Sustentado, Porto: Editora Profedições, Lda.
- 1º Congresso Nacional de Arquitectura: Maio/Junho 1948 – Promovido pelo Sindicato Nacional dos Arquitectos com o patrocínio do Governo. Edição Ordem dos Arquitectos e Conselho Directivo Nacional, Lisboa, Portugal, 2008.