O movimento Memphis não está morto, estava apenas adormecido. Na verdade, perpetuamente têm aparecido uma inúmera serie de objetos de design, imagens e espaços de arquitectura que tiveram como influência este movimento. Mas atualmente têm sido mais usuais e visíveis a sua utilização por parte de novos atelier de arquitectura e design.
Uma das grandes surpresas sobre a influência deste movimento é a mais recente exposição, intitulada Galerie Party do estúdio francês GGSV, que faz parte de um projecto para a galerie des enfantes. Estará patente de 20 de Maio de 2017 a 5 de Março de 2018 no Centro Georges Pompidou para as celebrações dos 40 anos.
«(…) É uma ótima ocasião para criar um espaço onde todos possam criar coisas e divertir-se com associações de formas. Gostamos de ver as crianças e os seus parentes a darem sentido a formas simbólicas, abstratas e figurativas, aos padrões e aos materiais. (…) A arte é cultura, mas é também uma herança que as crianças podem transformar e reagir á sua maneira. (…) Ao invés de se explicar o design ou a arte, nós escolhemos dar-lhes a possibilidade de experimentarem com o mesmo prazer que os artistas experienciaram durante seu processo criativo. Existem também vários níveis de interpretação: As várias formas referem-se aos trabalhos de René Magritte, Ettore Sottsass, Sol LeWitt, Salvador Dali e entre outros. Os adultos podem entender isso, mas as crianças não necessitam destas referências para brincar».
(Studio GGSV, Agosto 2017 em damnmagazine.net)
Esta exposição é parte de três atos que tomam lugar num jardim «fantástico», que remete para o design e a arquitectura do movimento Memphis e é representativo do trabalho de vários artistas expostos ao longo de quatro décadas no centro Pompidou.
Neste jardim surreal implantou-se uma casa onde uma estranha nuvem insuflável de fumo azul emerge da sua chaminé e contagia grande parte do cenário. Esta nuvem tem no seu interior uma surpreendente composição gráfica que diverge entre o 2D e o 3D simultaneamente, a partir de uma paisagem surreal composta por nuvens irregulares e figuras pouco usuais absolutamente geométricas. No exterior, os caminhos deste jardim, com pavimentos com padrões figurativos, direcionam-se para uma rotunda que remete para um colossal bolo de aniversário. com a função de expositor de objetos, que os visitantes mais pequenos utilizam para fazer composições aleatórias e percecionar as peças de arte.
Em suma, esta exposição é uma viagem de volta ao design do pós-moderno, que não poderiam estar mais na ordem do dia. São claras as influencias a estes movimentos e aos artistas que os impulsionaram e é também uma forma de fazer uma retrospetiva da arte que passou pelos últimos 40 anos no centro de artes Charles Pompidou. Uma forma suave e experimental para miúdos e graúdos interagirem e entenderam a arte e o prazer dos processos criativos. O movimento Memphis reinventou-se e veio para ficar.