Nesta exposição, propomos uma nova apresentação de obras essenciais reunidas por Calouste Sarkis Gulbenkian ao longo da sua vida.

Este percurso, que inaugura nos 70.º aniversário da morte do Colecionador, reflete a forma como Gulbenkian colecionava e expunha estas obras em sua casa: de forma orgânica, sem as organizar por geografia ou tempo. A visão e gosto do Colecionador eram transversais, combinando e justapondo épocas e regiões.

Movidos por este espírito eclético e de diálogo, aproveitámos o encerramento do Museu Gulbenkian para remodelações, para experimentar novas perspetivas e soluções museológicas.

Por isso, em vez do habitual início no Antigo Egito, esta exposição começa em pleno século XX, olhando para a história de Calouste Gulbenkian enquanto colecionador, em particular para o seu interesse na Art Déco. Aqui, a coleção Lalique e o biombo Dunand, raramente exposto, assumem um lugar de destaque.

Entretanto, a obra de René Lalique faz a ponte entre a arte europeia e a arte japonesa que, juntamente com a pintura e o livro, remetem para uma temática transversal da exposição: a representação do mundo natural.

As artes europeias e chinesas do século XVIII, por seu turno, que despertaram grande interesse em Calouste Gulbenkian, refletem os intercâmbios culturais e da comercialização global que influenciaram a sua produção. Este tema mantém-se como o fio condutor nas coleções de arte islâmica e de pintura europeia dos séculos XVII e XVI.

Enquanto isso, a época medieval centra-se na circulação de obras de arte no Mediterrâneo e na Rota da Seda, sublinhando as diferenças e as semelhanças nos objetos produzidos nestes dois contextos.

Finalmente, a Antiguidade, que na nossa Coleção representa mais de 5000 anos de história da Humanidade, evidencia o interesse do Colecionador pela influência da iconografia clássica nas artes que fomos encontrando ao longo da exposição, e pela relação entre história e arte.

A exposição encerra com uma instalação em torno do cofre-forte onde Calouste Gulbenkian guardou a sua coleção de joalharia e outras peças. Este cofre funciona como uma cápsula do próprio conceito da exposição, refletindo o ecleticismo que marcou o gosto de Calouste Sarkis Gulbenkian ao longo da sua vida.