Esta exposição reúne, pela primeira vez, peças desenhadas por Robin Fior em Inglaterra, na década de 1960, e em Portugal, entre 1970 e 1980. Concebida a partir do espólio pessoal do designer britânico, oferece um olhar sobre um dos protagonistas da história do design britânico e português.
Quando Robin Fior (1935-2012) chegou a Lisboa em 1973 estava longe de imaginar que a Revolução de Abril aconteceria em menos de um ano. O plano era trocar o seu ateliê de «vão de escada» e as escolas onde ensinava em Londres por uma formação de seis meses aos sócios da cooperativa PRAXIS. Já trazendo consigo duas décadas de experiência como designer e militância pela esquerda marxista independente em Londres, Fior envolveu-se apaixonadamente na Revolução e nos seus movimentos, embrenhando-se no meio cultural e político português durante quatro décadas.
Esta exposição parte do seu espólio recentemente doado à Fundação Calouste Gulbenkian e reúne pela primeira vez o trabalho gráfico realizado por Robin Fior em Londres e Lisboa. Apresentamos uma seleção de materiais desenhados entre as décadas de 1960 e 1980 para projetos politicamente alinhados à esquerda e socialmente comprometidos, como a campanha de desarmamento nuclear, a propaganda anticolonial e as iniciativas de grupos informais e libertários para a cultura, a saúde e o trabalho. Os objetos são complementados por comentários de «companheiros de estrada» que revelam as suas histórias e o contexto da sua produção.
Este conjunto que mistura trabalho e afeto põe em destaque a sensibilidade gráfica peculiar deste designer autodidata que humaniza o modernismo tipográfico através de experimentação com técnicas tradicionais de impressão e produção. Para Fior, a política do designer está nos pormenores e na poética e o design gráfico é uma prática linguística. O designer é um leitor e criador crítico de conteúdos, responsável por manter um jogo de «Pensamento > Fala > Escrita > Leitura > Ação».