Quem, nos dias de hoje, não pronuncia essa palavra ao menos uma vez na semana (para ser bem otimista)? A China, de um país completamente esquecido, que só fazia parte do nosso imaginário, através de conceitos de Feng Shui, da filosofia de Confúcio e de uma equivocada fama de local zen, passou a ser noticia em todos os jornais, revistas, debates e invadiu, literalmente, nossas casas e vidas.
Ninguém mais vive sem possuir um ‘made in China’, por mais que se esforce.
E viajar para a China? Era uma aventura, que só os mais aventureiros se arriscavam. Há trinta anos, itens básicos de higiene e facilidades da nossa vida ocidental não existiam. Só que, para a surpresa de todos, e desespero de alguns, o ‘dragão’ despertou e hoje está aí, escancarado para o mundo e dando lições de como renascer das cinzas, literalmente.
E aqui estou eu, há dez anos acompanhando as mudanças radicais que esse país vem fazendo em sua infraestrutura urbana, comercial e cultural.
Como é viver aqui? Um desafio diário.
Como conviver com mudanças tão radicais de paradigmas? Exercitando a paciência, humildade, tentando reaprender, se reinventar. E, principalmente, desafiando nós mesmos a quebrarmos nossas amarras, nossos pré-conceitos.
Tarefa fácil? Nem tanto. Mas não impossível.
Falar sobre a China é algo que faço diariamente tanto no meu blog, como preparando material para outras páginas que sou colaboradora. Concordo que existem milhões de coisas ainda por descobrir sobre essa cultura milenar, mas aqui pretendo escrever um pouco sobre a vida, valores, experiência pessoal e o que viver fora do Brasil acrescentou na nossa história.
Claro que a China tem um papel fundamental em tudo isso, e será citada diversas vezes. Só que de uma maneira diferente do que venho escrevendo nas outras páginas. Para ser sincera, chegou a hora de dividir com meus leitores, com você, algo que não está escrito em guias de turismo. Que não há manual que te responda como lidar com os altos e baixos de andar pelo mundo e conviver com a diversidade, onde ‘zona de conforto’ é artigo de luxo e buscar forças de onde nem imaginamos que teríamos, vira coisa cotidiana.
E quase pela mesma transformação que esse país vem passando nos últimos anos, as pessoas que decidiram participar dessa história também se transformaram. Costumo dizer que ninguém vem para esse país e saí ‘ileso’. A experiência vivida é tão intensa, invasiva, extenuante muitas vezes, que de alguma forma nos vemos no mesmo processo.
Principalmente, incentivar todos que saem por esse mundo imenso, a se reinventar, tirar o melhor de tudo que vivemos, e no final, mesmo das situações mais complicadas, algo de bom, de inusitado, ficará conosco para sempre.
Os filhos, a família, os amigos que ficam e os que ganhamos pela estrada, os novos lugares, os antigos que teimamos em não esquecer, a língua, uma casa que não é nossa, mas temos que transformá-la em lar. São tantas experiências que fogem dos pontos turísticos e do ‘glamour de viver fora do país’ (que ocupa o imaginário de muitos), que pontuar tudo isso, mesclado com o cenário ímpar da China, é um projeto que tenho há muito tempo.
Convido você, a partir desse mês, para acompanhar nossas aventuras, reflexões, alegrias, algumas frustações (claro) e dividir sua opinião, sugerir, perguntar. Descobrir conosco como é viver e se aventurar pelo desconhecido (que muitas vezes somos nós mesmos, mostrando um lado que estava adormecido).
A China, um dia, deixará de ser meu ‘lar’, mas sempre estará na minha vida. E quem sabe, de alguma forma, na sua também!